𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 12

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Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.

Carlos Drummond de Andrade

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A sala de reuniões estava vazia, exceto por Dante, que ainda ocupava o assento presidencial, sua mente não possuía nada de atrativo, o vazio o deixava nervoso e inquieto; situações no qual não se resolveria apenas na conversa e sim com força bruta. Seu olhar estava desfocado, divagando, procurando soluções, também havia seu pai, mesmo fora da posição possuía aliados aos milhares, não que os subordinados não o respeitem, por outro lado, a fidelidade é distinta, mas algo estava faltando, havia algo que não se encaixava e Dante sente isso em seus ossos. Mesmo de costas o tatuado ouviu a porta sendo aberta e sendo fechada em seguida, em sua destra jazia um copo vazio, o corpo todo relaxado, a vista era boa, o ajudava a pensar ou até mesmo se distrair diante ao caos que precisava lidar.

—Senhor? —chamou a voz tão familiar.

Um sorriso exausto se formou nos lábios finos e vermelhos do moreno, girou a cadeira ficando de frente para encarar o dono da voz que ele tanto apreciava. 

—Não precisa de tanta formalidade se estamos sozinho bebê. —falou se levantando para se servir de café, precisava manter-se desperto para o restante do dia, pois não havia dormido e nem cochilado durante a noite, as preocupações o mantiveram disperso quase a um passo de enlouquecê-lo. 

—O carro já está à sua espera tem quase vinte e cinco minutos.Está tudo bem? —interpelou Pietro, estava preocupado com seu parceiro, e não poder demonstrar isso publicamente sempre o deixou indignado e frustrado, apesar disso nunca reclamou, por tantos anos, se manteve em silêncio a respeito de seus sentimentos que lhe são tão desconfortáveis. 

—Não dormi bem só isso. —respondeu simplista. —Está estranho. O que foi? —questionou após perceber Pietro agindo de maneira evasiva. 

—Esquece isso Dan. Temos que ir. 

Dante deixou a xícara ao lado da cafeteira e se aproximou de seu consigliere, não havia janelas que pudessem os expor, o moreno aproveitou para acariciar o rosto de Pietro e o puxar para um beijo singelo.

— Se algo o incomoda, me fale. Por favor. —pediu se inclinando para depositar um selar unido e quente no pescoço de seu parceiro. 

—Tome cuidado Dan. Só isso que peço. E não estou me referindo sobre sua noiva de mentirinha e sim dos aliados de seu pai. —frisou após ver Dante franzir o cenho confuso, o loiro ajeitou a gravata de seu chefe em um gesto sutil antes de prosseguir. —Ouvi um deles conversando, a respeito da Yakuza. Sabe que eles são nossos inimigos, podem muito bem usar isso para ferrar conosco. Joseph tem aliados porém não são confiáveis, nenhum deles.

—Concordo. Bom, vamos fazer uma visita inesperada para Carlo. 

Conversar com o velho e rabugento não trouxe conforto a Dante, a visita foi breve, o tatuado não insistiu apenas se despediu e adentrou o carro para enfim voltar para casa e se enfiar no escritório para relatar tudo a seu pai; a situação toda parece desproporcional, o moreno sentia que só tinha o título mas não a posição e o respeito que era exigido, pelo que pode entender dos avisos ocultos de seu pai, Dante só teria o respeito devido após o casamento, gostando ou não, devia continuar com o plano e acatando os desejos de Joseph, mesmo não os aprovando. 

De volta a propriedade, Dante se apressou para ver Millenna, foi em direção ao quarto mas o encontrou vazio, sentiu o coração martelar no peito, nisso voltou correndo para procurá-la pela mansão imensa. Já sem fôlego notou uma silhueta no jardim, procurou acalmar a respiração e caminhou para ver com mais clareza se era ela, o jardim atrás da mansão era lindo, uma verdadeira obra de arte, parecia ter saído de um livro antigo, de um romance de época, flores coloridas de diversos tipos, o tom vivido de verde do gramado, folhas e árvores, próximo de uma fonte de pedra estava a morena, e não estava só, Joseph estava consigo. 

AMOR ENTRE CORRENTES Onde histórias criam vida. Descubra agora