Do Morro Ao Asfalto

26°

Luíza

Faz um tempo que eu e Jeferson decidimos tentar ficar só um com o outro pra assim ver se a gente finalmente consegue ter um relacionamento de verdade, eu que antes não queria namorar, hoje tô esperando aquele palhaço me pedir em namoro, mas tô achando difícil já que como ele diz já vivemos como um casal, mas sei lá, eu sempre vou sentir falta do pedido, aquela coisa bonitinha e tudo mais, caralho quando foi que eu passei a gostar de coisas clichês assim?!

Eu não tenho mais dúvidas que amo o Jeferson, por muito tempo eu quis negar isso e sempre desconversava quando ele falava de namoro, de um tempo pra cá eu decidi não lutar mais contra esse sentimento e hoje eu vivo essa loucura que nunca imaginei viver, esperando esse tal pedido só pra "oficializar" o nosso namoro, essa coisa de ficar doida quando passamos um dia sem se ver ou sem se falar, a preocupação de saber sempre como ele tá, querer sempre ta do lado dele, e por último mas não menos importante essa coisa insuportável que na verdade foi o primeiro sinal que eu tive desde quando comecei a gostar, que é o ciúmes, eu me esforço pra caralho pra não imaginar que ele me trai, que ele parou de ficar com aquelas piranhas que sempre solta piadinha pra mim quando tô no morro, mas as vezes é difícil, ou ele não mente ou ele sabe enganar muito bem, eu acho que prefiro ficar com a primeira opção.

Minha mãe vivia reclamando que tava ficando sozinha, que eu não parava em casa tadinha, e era fato, eu vivia na tia Vera, mas graças a Deus minha mãe arrumou um bofinho aí e tá toda apaixonada e eu tô feliz de mais por ver ela toda radiante, espero do fundo do meu coração que esse cara preste.

Meses se passavam e Rian continuava engando minha melhor amiga e tia Vera, aquilo me doía por dentro e alimentava uma raiva dele dentro de mim que sempre que eu cruzava com ele nessa casa minha vontade era de explodir e contar tudo, além de mentir tanto e ser tão sínico ele ainda se faz de inocente, como se eu implicasse com ele por nada, por capricho meu, eu não suportava mais aquela situação, e me sentia a pessoa mais traidora do mundo em ver minha amiga se apaixonando e se entregando cada vez mais, brigando com meus tios por causa dele, eu sei que eles são um porre, mas dessa vez eles estão certos, eu queria contar, pra tia Vera, pra Danda, tirar esse peso das minhas costas, mas eu realmente não sei do que ele é capaz, mas mesmo que não seja diretamente por mim, eu vou fazer de tudo pra que a Dandara descubra, e quanto a tia Vera, eu acho que não vai demorar tanto.

Jeferson tinha chegado do trabalho a alguns minutos e estava no banho, sentei na cama e me veio na mente que fazia um tempo que descobri o filho da puta que o Rian é e eu ainda não tinha falado sobre isso ainda com ele nem com ninguém, eu precisava pôr isso pra fora, eu não aguentava mais, porém tava dando um tempo pra que Jeferson não desconfiasse que o "assalto" foi na verdade o psicopata do melhor amigo dele.

Jeff: Que foi princesona, que cara é essa? - Falou saindo do banheiro com a toalha na cintura e sentou do meu lado na cama

Luíza: Sai, você tá todo molhado - Ele me abraçou e me apertou
- Droga Jeferson sai - Ele me soltou e riu

Jeff: Sei que tu tá querendo falar alguma parada, fala logo pô - Perco minha postura real vendo que ele me conhece tão bem

Luíza: Eu sempre disse pra você que o Rian não me descia, sempre falei que ele mentia e você, a Débora, o Ricardo sempre mudavam de assunto, sempre defendiam ele e você vivia me dizendo que era só uma implicância boba, mas eu sabia que não, eu sabia, o Rian é traficante né? Eu vi Jeferson, eu vi ele apontando uma arma pro ca...  - Ele me interrompeu

Jeff: Fala baixo mano - Ele levantou rapidamente e fechou a porta, eu olhei incrédula pra ele, eu desconfiava que eles soubessem, mas na minha cabeça não tinha como eles saberem e esconderem de tia Vera