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Sabadão, tava sossegado em casa tomando minha cerveja vendo um filme aleatório que passava na tv, tava rolando um pagode na rua lá perto onde eu morava, em comemoração ao aniversário do Nunes, inclusive ele até me chamou pra colar mas eu tava cansado abeça, preferi ficar em casa.

Ricardo: Tá fazendo o que aí? Tá rolando mó festa lá em baixo pro Nunes, bora descer - Entrou em casa e quando abriu a porta percebi que tava escurecendo

Rian: Tô suave, tô afim de farra hoje não - Dei um gole na minha cerveja

Ricardo: Bora porra Levanta aí - Pegou mais duas latinhas na geladeira, me entregou uma, revirei os olhos quando ele desligou a tv e eu sai com ele.

Rian: Débora?

Ricardo: Tá lá com o Jeferson, vim só te chamar, tu parece que enfia o celular no cu quando a gente tenta ligar

Rian: A gente vai descer essa porra toda andando? Tá de sacanagem

Ricardo: Ah pronto, a bonita achou que eu ia vim buscar de carro, quer que eu te pegue no colo? - Dei dedo pra ele e a gente continuou descendo, quase meia hora depois a gente chegou

Rian: Tá loco já deu vontade de voltar pra casa, tô mais cansado que quando sai

Ricardo: Segura aí que eu vou procurar a Débora e o Jeferson pra vim pra cá, aqui tá mais tranquilo - Assenti e me encostei na mureta de uma casa que tinha ali.

Nunes: Achei que tu não fosse chegar aí - Falou se aproximando de mim, fiz toque com ele

Rian: Não ia não, tô cansadão, mas Ricardo me arrastou, iai, o velho tá ficando mais velho?

Nunes: 45 ainda porra, me respeita tô novim ainda - Sorri negando com a cabeça, percebi que já tinha passado algum tempo e Ricardo não tinha voltado e o lugar tava ficando cada vez mais cheio

Rian: Viu Ricardo aí não? Ou a mulher dele e o Jeferson

Nunes: Ricardo passou por mim ali agorinha

Rian: Vou dar um giro ali pra ver se acho - Ele assentiu e se juntou a galera de uma mesa, tinha vários traficantes e algumas mulheres que provavelmente eram mulher deles.

Sai dali, rodei no meio da galera e nada deles, vi Ramon bebendo com a Camila e mais algumas pessoas mas não quis chegar, resolvi aproveitar que me perdi deles e usar isso como desculpa pra vazar, tinha nada que me agradasse aqui hoje.

Sai do meio da multidão e comecei a andar devagar bebendo minha cerveja que já tava no fim, escutei vozes um pouco abafadas num dos becos que passei na frente, não liguei, achei que era alguém se comendo por lá, mas ouvi um "socorro" bem agudo então parei e fiquei parado por mais algum tempo até ouvir novamente uma voz feminina pedindo socorro com a voz mais abafada dessa vez, voltei e entrei no beco e vi um cara com o dobro do tamanho da menina segurando ela com força enquanto ela se debatia num choro abafado e ele tentava tirar a roupa dela, quando percebi o que ele tava querendo fazer eu fui pra cima, ele me empurrou com a mão enquanto ainda segurava no braço da menina com força.

Xxx: Tá maluco porra vaza daqui

Rian: Ta maluco tu caralho, solta a menina porra tu não tá vendo que ela não quer - Ele soltou a menina que deu um grito desesperado
- Corre porra vai - Gritei sem olhar pra ela e ela saiu correndo e por segundos de distração o desgraçado me acertou um soco

Xxx: Vai atrás de mulher pra tu e deixa os esquemas dos outros filho da puta - Tentou me acertar outro soco mais eu desviei

Rian: Tu não sabe como é o proceder na favela não porra? Sabe o que é que acontece com estuprador não caralho? - Falei alto e ele só me encarou e deu um sorriso debochado

Do Morro Ao AsfaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora