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Eu tinha pegado no sono na cama do Guto, ele tava do meu lado, acordei e vi que eram 18:36, chamei ele que tava dormindo também e ele me encarou.

Guto: Tá na hora? - Mostrei o celular pra ele

Dandara: Melhor a gente ir, é o tempo em que a gente chega em Ipanema - Ele assentiu e levantou da cama, meu celular começou a tocar e eu vi o nome do Rian, senti de novo meu coração apertar, não atendi, quando o celular parou de tocar vi chegando algumas mensagens dele perguntando onde eu tava, lembrei que ele disse que voltava pra ficar comigo a noite, por isso ele tava me procurando.
Saímos do quarto e damos de cara com a mãe do Guto.

Marta: Dandara, não sabia que estava aqui, como vai querida? - Me deu um beijo no rosto e eu retribuí

Dandara: Bem, e você? - Sorri gentilmente

Marta: Ótima, vai ficar pro jantar?

Guto: Não mãe, a gente vai sair, mas relaxa, só avisa ao meu pai que vou precisar do carro dele de novo

Marta: Está bem então, juízo - Sorriu e nós saímos da casa dele

Guto: Ele te mandou mais alguma mensagem? - Falou enquanto dirigia

Dandara: Acho que não - Chegamos na praia e eu encarei tudo procurando o João, abri a porta pra sair do carro mas Guto segurou meu braço

Guto: Só saia do carro quando você ver ele - Assenti, eu estava muito nervosa, soando frio e tremendo
- Calma Danda

Dandara: Não consigo, meu coração parece que vai sair pela boca Guto, eu tô com muito medo de descobrir algo ruim - Falei sentindo uma vontade de chorar imensa, vi um carro parar no estacionamento de um dos quiosques que tinha na beira da praia e o João saiu sozinho do mesmo
- É ele - Mostrei pro Guto

Guto: Não desgruda do celular, qualquer coisa só me manda um sinal, eu vou tá aqui - Assenti e sai do carro respirando fundo tentando conter a agonia que eu tava sentindo e as lágrimas que queriam cair, ele sentou em um banco, no calçadão e eu caminhei até ele

João: Olha só, confesso que achei que tu ia dar pra trás novinha - Sorriu e eu encarei ele seria

Dandara: Vai direto ao ponto, não tô aqui pra ouvir suas conversinhas - Ele me encarou de cara feia

João: Segura tua onda, tu devia me agradecer pelo que eu tô fazendo - Revirei os olhos

Dandara: Então, tô esperando - Olhei pra ele tentando encontrar algum sinal de que aquilo tudo era uma palhaçada com a minha cara

João: Tá bom, vamos começar aos pouquinhos - Pegou o celular
- Eu sabia que você ia vir, com certeza você deve ter algumas desconfianças, não é possível tu tá com aquele filho da puta por tanto tempo e não desconfiar de nada, como eu imaginei que você viria me encontrar eu consegui umas coisinhas aqui pra você, sei que tu não vai acreditar só em minhas palavras - Falou enquanto mechia no celular
- Aqui, da uma olhada nisso e me diz o que você acha - Me estendeu o celular e eu peguei sentindo meu coração acelerar, era o Rian na primeira foto que vi, estava de costa mas eu reconheci, ele estava num lugar estranho, horrível, com outros homens, tinha uma mesa, com... Com armas e alguns pacotes que pareciam... Drogas, eu comecei a chorar logo quando vi sem ainda saber ao certo o que era aquilo, eu passei as fotos e vi algumas de Rian com outros homens com armas pesadas como fuzil, metralhadoras, vi fotos dele com homens que pelo que eu saiba são chefes do tráfico da Rocinha e vi fotos dele com uma dessas armas na mão, eu entreguei o celular pro João, não queria mais ver aquelas coisas.

Dandara: O que... O que é isso? - Falei chorando buscando ar, tentando me acalmar, sentia que me ver chorando tava sendo prazeroso pra ele

João: Isso aqui é o que teu namoradinho faz quando não tá com você, tu não sabia de nada disso Dandara, é sério? - Deu um sorriso, o sorriso mais sínico que já vi na vida
- O Rian é traficante Dandara, e olha, vou te falar, é um dos melhores do chefe, por isso ele deve viver sumindo ai, tá sempre em missão - Olhei pra ele incrédula, eu procurava o ar pra respirar e não encontrava, minha cabeça doía e eu só conseguia chorar

Do Morro Ao AsfaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora