Do Morro Ao Asfalto

67°

Abri os olhos com dificuldade por causa da claridade e percebi que eu tava... Num hospital sei lá. Senti minha cabeça doer e quando fui levantar a mão pra passar na cabeça a almega me impediu, só aí percebi que uma das minhas mãos tava algemada no caralho daquela cama.

Dr. Alberto: Até que em fim acordou, já começa a me explicar o que aconteceu

Rian: O que você acha? Foi o tenente desgraçado

Dr. Alberto: Você não ficou de provocaçãozinha de novo não né

Rian: Não, isso aqui já era meio óbvio que ia acontecer - Respirei fundo
- Ele disse que vai fazer da minha vida um inferno durante esses 5 anos, e quando eu sair vai me matar

Dr. Alberto: Que porra - Passou a mão no rosto nervoso
- O pior é que isso vai se repetir mais vezes, eu sei que ninguém vai intervir, o delegado finge se importar com o que os policiais fazem com os presos mas eles não estão nem aí

Rian: Não vou sobreviver 6 meses nesse caralho

Dr. Alberto: Sobreviver você vai, ele não pode te matar assim, não lá dentro

Rian: Mas me torturar ele pode, tu acha que eu vou suportar tortura por 5 anos?

Dr. Alberto: Eu preciso pensar, é muito complico, se ao menos quem tivesse cuidando do seu caso ainda fosse o delegado Almeida talvez fosse mais simples, ele é bem melhor do que esse outro ai

Rian: Tudo a mesma porra, que delegado vai defender bandido?

Dr. Alberto: Você também né Rian, tinha que se envolver com mulher de policial, tanta mulher no mundo

Rian: Ja te falei que foi tudo um esquema

Dr. Alberto: Mas primeiro de tudo você aceitou pela putaria mesmo, não preciso nem conhecer você o suficiente pra saber - Revirei os olhos
- Quer que eu avise a algum dos seus amigos o que aconteceu?

Rian: Não pô, eles vão pirar lá sem saber o que fazer, melhor não saber de nada por enquanto, só Ricardo sabe dessa história, depois eu troco uma ideia com ele, não quero preocupar ninguém

Dr. Alberto: Nunes vai ficar maluco quando souber, a única coisa que ele me pediu foi pra te tirar daqui e não deixar ninguém tocar a mão em você, e eu não tô conseguindo fazer nenhuma das duas coisas

Rian: Namoral mesmo, assim... Eu já achei estranho de mais Nunes botar advogado pra me defender aqui em menos de 24h que eu tinha sido preso, agora por que ele te pediria isso?

Dr. Alberto: Eu não faço a mínima idéia, parece que você é importante lá, em fim, não sei, só tô tentando fazer o meu trabalho - Assenti meio desconfiado
- Será que ele...

Rian: Que ele é viado? Já pensei nisso também mas acho que não - Ele riu e negou com a cabeça

Dr. Alberto: Você já vai receber alta daqui a pouco, eu vou esperar pra te acompanhar e ver se consigo conversar com o delegado

Rian: Receber alta? Como eu vou receber alta hoje? Eu tô todo quebrado, mal vou conseguir ficar de pé como eu vou voltar pra aquele inferno hoje

Dr. Alberto: Agora você entende o que tô falando? É justamente isso, eu vou tentar conversar com o delegado mas issa alta hoje mesmo foi ordem dele

Rian: Vou matar de um por um quando eu sair daqui

Dr. Alberto: Não foi você quem disse que queria sair daqui 5 anos e recomeçar a sua vida longe do crime? Quer matar gente da polícia e morrer de velho aqui dentro? - Revirei os olhos

[...]
Eles me levaram pra cela e eu só conseguia reclamar de dor o tempo todo, meu corpo tava todo fudido, tava machucado de mais pra voltar pra cá hoje.