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Dandara

A casa tava cheia e tava com aquela movimentação boa de quando a gente vai fazer algo em família, hoje a noite seria a nossa ceia de natal e minha família tava quase toda reunida, sentia saudade de alguns, outros nem tanto, quem não tem seus parentes falsos né?!

Minha vó, eu tava morrendo de saudades dela, tadinha quase teve um infarto quando soube que eu tava grávida, minhas tias, as falsas começaram com os cochichos, todo mundo vinha me perguntar quem era o pai e eu já tava pra mandar todo mundo ir a puta que pariu, sério, tava babado suportar esse povo, o que me salvava era Luíza que tinha deixado de passar o natal com o Jeff pra passar aqui com a nossa família, e o Guto também.

Eu já tava com três meses e daqui três semanas já iria completar quatro e eu tava morrendo de ansiedade pra saber se tinha um menininho ou uma menininha aqui. Quem olhava pra mim não dizia de forma alguma que eu tava grávida, mas quando eu tava sem blusa já era possível notar um pequeno voluminho, meus seios tinham crescido e meu quadril tava ficando mais largo, ok até aí, eu tava me amando, tava ficando gostosa pra caralho.

Hoje eu acho que podia dizer que amo o Rian um pouco menos, talvez, as mentiras dele me fizeram criar meio que um bloqueio, eu amava ele mas aquilo tudo me magoou tanto que eu me sentia muito idiota por sentir saudade dele, então eu peguei o pouco de dignidade que me restou e tomei vergonha na cara, decidi que ia tirar ele da cabeça, ia esquecer o que aconteceu, só queria lembrar da única coisa boa que esse relacionamento que só existia na minha cabeça me trouxe, que era o meu filho ou filha.

Meu pai tava começando a se acostumar com essa ideia de ser avô, mas ameaçou ir atrás do Rian várias vezes, eu não deixei, não deixei porque independente do que o Rian tenha feito comigo eu não queria o mal dele e se eu deixasse o meu pai ir atrás dele colocaria tudo a perder, já que eu não queria que o Rian soubesse do bebê, por fim convenci ele e aos poucos ele tá aceitando, mas não suporta saber que o pai é "aquele vagabundo" como ele diz, minha mãe pensa igual, porém ela tá me apoiando de uma forma que nunca imaginei que ela me apoiaria, me acompanha em todas as consultas, se preocupa comigo, compra coisinhas pro bebê, fica babando na minha barriga, realmente eu não esperava isso da minha mãe, mas eu tô em paz com tudo isso, tô em paz tendo a minha mãe do meu lado de volta e tô em paz com esse amor que venho recebendo das pessoas que realmente me amam de verdade.

A gente ia se mudar pra São Paulo semana que vem, porém voltaríamos pra passar a virada do ano aqui, Luíza e Guto estavam super tristes com isso, e eu também por saber que ia ficar longe deles, mas prometeram ir sempre me visitar e eu tô ansiosa pra saber o que me espera.

Guto tava sendo super companheiro, tava sempre comigo, cuidando de mim, ultimamente a gente tava vivendo grudado, o único problema é que eu via ele como um grande amigo, e ele não me via só como amiga, sabia que Guto gostava de mim de verdade, mas eu não me sinto preparada pra está em um novo relacionamento, pelo menos não por enquanto e eu realmente amava o Guto como amigo, mas as vezes não era tão simples pra ele entender isso.

Jeferson

Ricardo tinha ido pra Resende passar o Natal com a Débora e a Lara, parece que os dois tinham se acertado, Luíza disse que ia passar com a família dela lá e chamou eu e a tia Vera pra ir também mas não quis ir e tia Vera foi pra casa de uma amiga dela daqui, tava sozinho então decidi ir lá pra casa do Rian, a última vez que eu tinha visto ele foi no sábado, no aniversário dele.

Era 10:38 da noite, a rua tava com pouco movimento, todo mundo na ceia com suas famílias, cheguei na frente da casa do Rian, abri o portão, entrei e bati na porta, nada.

Do Morro Ao AsfaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora