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Dandara

Luíza tava internada a dois dias e eu tava doida pra ver ela e não me deixavam entrar simplesmente por eu ser menor de idade, eu quase fiz um barraco naquela merda de hospital ontem. Ela ia receber alta hoje e eu tava na casa do Rian esperando ela avisar que chegou pra eu ir pra lá, falando em Rian tinha uns dois dias que eu não via ele e ele mal falava comigo também, quando respondia uma mensagem era depois de séculos, ligação nem se fala, nunca atendia, vamos tentar acreditar que é por causa do trabalho né.
Recebi uma mensagem da minha tia falando que Luíza já tinha chegado, pedi um Uber e parti pra casa dela.

Dandara: Oi tia - Cumprimentei tia Mari quando cheguei

Tia Mari: Oi meu bem - Ela me deu um beijo no rosto

Dandara: Como ela tá?

Tia Mari: Ah Danda... Um pouco triste - Falou cabisbaixa, dava pra ver que ela tava super mal também, Luiza tinha me falado que ela tava super empolgada
- Vai lá minha querida, conversa com ela, pra ver se ela se anima um pouco - Assenti e subi as escadas, a porta do quarto dela tava aberta então já fui entrando e fechei a mesma

Dandara: Ooi vida - Sorri e ela me deu um sorriso fraco, sentei do lado dela na cama e peguei sua mão

Luíza: Até que em fim, queria tanto te ver

Dandara: Juro que tentei de tudo, mas não me deixaram entrar, lu o que aconteceu, como foi isso, num dia eu fico sabendo que você tá grávida, você super pirada falando que não queria, que precisava fazer alguma coisa, no outro você da um susto desses em todo mundo, Luíza você não fez o que você disse que tava pensando né? - Luíza me contou assim que descobriu e ela tava super desesperada e cogitou a ideia de tirar, mas logo ela disse que tinha mudado de ideia e que a criança não pediu pra está ali, e realmente que culpa o bebê tinha?

Luíza: Claro que não, eu pensei, em um momento de desespero, mas não ia fazer isso, eu não queria mas tenho senso de que a culpa era minha de ter deixado acontecer, e do idiota lá também, por que eu faria algo com essa criança que era a inocente da história? - Falou começando a chorar e eu abracei ela

Dandara: Calma amiga, não fica assim por favor

Luíza: Eu não queria sabe, mas eu tava me acostumando, eu sabia que ia me acostumar depois, que ia ficar tudo bem, mas no fundo eu também sabia que não tava tudo bem, eu sentia sabe - Falou enquanto chorava

Dandara: Me explica o que aconteceu

Luíza: Eu não tava me sentindo bem, desde quando Jeferson foi me buscar em casa, e quando eu acordei na sexta eu já acordei sentindo dor, eram dores fracas mas um pouco estranhas, tipo cólica, mas tudo bem eu achei normal, só que fiquei o dia todo sentindo isso, depois que eu comecei a brigar com o Jeferson por causa da piranha que te falei, eu comecei a sentir a dor mais forte, daí eu saí de lá e pedi que minha mãe me buscasse na entrada do morro, a dor aumentou no caminho e eu sentei naquela pracinha lá perto da barreira, Rian apareceu e sei lá, eu não sei o que seria de mim se não fosse o Rian aparecer ali

Dandara: Então o Jeferson meio que tem uma parcela de culpa nisso né?

Luíza: Eu não posso culpar ele, o médico disse que minha gravidez era de risco e eu precisa de cuidados redobrados, e naquele dia eu devia ter ido ao obstetra logo quando as dores começaram, mas eu não sabia, eu já não tava bem, a minha briga com o Jeferson foi só "um empurrãozinho" - Fez aspas com os dedos
- Sei lá, tudo acontece com um propósito né, talvez não era mesmo pra ser agora - Chorou de novo e eu abracei ela forte, não sabia bem o que dizer

Do Morro Ao AsfaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora