Não quero magoá-lo.

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Pov's Draco

A regra número um no futebol é nunca deixar seu oponente saber qual é seu plano de jogo.

Acabei de revelar o meu.

Só porque não consigo parar de pensar nesse ômega, não significa que sou o alfa que vai acertar tudo na vida dele.

— Não quero magoá-lo.

— Todo mundo de que gosto me magoa — ele diz — Já estou acostumado…

— Mas não pretendo me juntar à sua lista.

— Por que você não quer se importar com ninguém que tenha de fato sentimentos reais por você? — ele, vulnerável, dá um pequeno sorriso.

— Olhe, aconteceram umas merdas aí no meu passado que não consigo deixar de lado... não ainda, pelo menos.

— Também passei por boas merdas, Draco. A maior parte da minha vida foi gasta tentando superar isso — ele levanta a mão em sinal de frustração — Estou lutando o tempo todo por tudo e não vejo você lutando por nada. É como se você quisesse se punir por algum motivo desconhecido.

— Você está certo — Este é um ômega independente, que joga futebol e tem uma couraça mais grossa do que a maioria dos alfas que eu conheço, que faz com que eu queria dividir coisas com ele que nunca dividi com mais ninguém.

Respiro fundo e solto o que estou segurando por tanto tempo.

— No dia que minha mãe morreu, recebi uma ligação na escola de uma das enfermeiras do hospital. Ela disse que minha mãe perguntou por mim o dia todo — Jogo a cabeça para trás e torço a cara, a lembrança ainda dói pra caralho. Eu faria tudo para voltar no tempo e acertar isso — Fui treinar antes, Harry. Coloquei o futebol na frente da minha mãe... eu colocava na frente de tudo. Quando finalmente fui ao hospital, ela já tinha ido. Dois dias depois eu fiquei lá vendo abaixarem o caixão da minha mãe. Eu falhei com ela. A morte dela era tão permanente, tão final. Eu nunca tive uma chance de recompensá-la. Jurei que nunca iria jogar de novo, depois que ela morreu.

— Não foi por sua culpa que ela morreu, Draco — Harry põe a mão no meu braço. Seus dedos são quentes e reconfortantes.

Eu queria que ele estivesse ao meu lado no túmulo, então não me sentiria tão sozinho naquele dia. Em vez disso, imaginei que se parasse de me importar com tudo e todos, eu pararia de sentir qualquer coisa.

Funcionou.

Até eu conhecer Harry Potter.

— Vai ficar tudo bem — ele diz — Um dia — Ele desliza mais para baixo das cobertas, e deita a cabeça nos enormes travesseiros, me encarando. Ele se estica e pega minha mão.

— Você está cansado. Quer que eu vá embora?

— Não — Ele ainda segura minha mão. Enquanto seus olhos se fecham e ele não solta minha mão — Só para você saber — ele murmura caindo no sono — Eu fui uma bela porcaria no acampamento esta semana. Cedric convenceu os alfas a me sabotarem, mas suas palavras ficaram na minha cabeça.

— Que palavras?

Você consegue.

(…)

Estou sentado na arquibancada vendo Harry treinar no campo e jogar durante o amistoso de sexta. Ele não tem ideia de que estou aqui e estou tentando ficar invisível para que nenhum dos alfas me reconheça, estou com óculos escuros e um boné de beisebol, e me sento atrás de um bando de pais e olheiros.

Ele está se alongando na lateral, totalmente concentrado. No primeiro quarto do jogo, Harry perdeu dois gols. Reparei bem em quem segurava a bola. Eles mexeram a bola quando ele se aproximou, para que ele chutasse num ângulo ruim. Um bom número de pais na arquibancada riu dele, e outros reclamaram que é por isso que um ômega não serve para jogar futebol americano.

Amor em jogo - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora