Capítulo 18

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Bloody Underworld abria todas às quartas e finais de semana para a competição de luta. O estabelecimento era dentro de uma loja de frutas em um bairro humilde, mas perigoso. Não existia fiscalização das lutas, muito menos regras ou arbitragem. O ganhador era identificado como a única criatura em pé, já o perdedor, geralmente empapado de sangue e suor, desmaiado no chão, algumas vezes morto.

Estava com bastante movimento. As apostas tinham começado desde o início da semana com o anúncio explosivo de duas feras que iriam se enfrentar naquela quarta-feira: um brasileiro de cento e vinte quilos, e um holandês de cento e trinta.

Os telespectadores, em sua grande maioria, homens, rondavam o ringue manchado de fluidos secos, aguardando o início da diversão repleta de socos e sangue. A melhor parte eram as apostas.

Existia um pequeno camarote em cima, onde os mais afortunados em dinheiro se deleitavam das cenas vendo daquele ângulo. Nenhum detalhe capaz de escapar dos olhos atentos dos homens.

ㅡ É com grande honra e imenso prazer que apresento a vocês hoje ㅡ A voz microfonada do apresentador fez os telespectadores rugir em êxtase. O dono da voz escondido em uma cabine do outro lado do camarote, por segurança. O homem barrigudo de três fios cinzas por cima da careca aproximou os lábios carnudos do microfone: ㅡ O Demolidor Brasileiro!

Um homem com quase dois metros de altura recebeu gritos de incentivos ao passar pelo corredor estreito, seus companheiros e "fãs" dando tapinhas nos ombros largos do rapaz. O mesmo passou por baixo das cordas que delimitam os seus respectivos lados do ringue e pulou algumas vezes no espaço para despertar ainda mais a adrenalina.

O brasileiro estendeu as mãos ao céu, os punhos apertados enquanto era estimulado pela loucura de seus "seguidores".

ㅡ Este veio de mais longe, ㅡ Continuou o apresentador entusiasmo pela animação da multidão. ㅡ É o Holandês Destruidor!

Outros berros vieram à tona. Um nível igual de insanidade dos homens que queriam ganhar a aposta para gastar o dinheiro com bebidas e alguma festinha com direito a muita picanha e vodka.

Os adversários saltaram pelo ringue, se provocando com encaradas rapidamente. Ambos com praticamente a mesma altura, os músculos com toxinas de anabolizantes em grandes volumes, destacados com uma tatuagem e uma trilha superficial de suor.

ㅡ Que comece o espetáculo! ㅡ Anunciou o apresentador.

Fora do ambiente tenso da competição, um jovem rapaz de estatura alta e corpo esguio atravessou a rua e entrou no sujo estabelecimento repleto de caixotes com diversas frutas, algumas com moscas insistentes zumbindo por cima. O jovem escondia as mãos nos bolsos do casaco preto, o capuz ocultando o cabelo castanho. O garoto olhou para a senhora de cabelo branco espetado e abafado contra o tecido verde. A vendedora de frutas estava sentada em um banquinho, os olhos escuros focados na telenovela que passava na televisão.

ㅡ Psiu! ㅡ Tentou chamar sua atenção.

ㅡ O que você quer? ㅡ A mais velha lançou uma expressão rabugenta para o garoto. Os olhos com rugas se estreitaram para enxergar melhor o rosto do desconhecido. ㅡ Anda, moleque, não tenho a noite toda!

ㅡ Uou ㅡ Acabou sorrindo com o estresse da senhora. ㅡ Calma, eu vim ver... ㅡ olhou para os lados, certificando que ninguém prestava atenção em si, embora o lugar estivesse deserto. Se inclinou contra o balcão melado de suco de fruta e cochichou: ㅡ Vim ver a Grande Noite.

Ah! A Grande Noite!

A senhora encolheu os lábios finos e arroxeados. A senhora remexeu a dentadura com a língua, a encaixando na gengiva.

O Sangue Das Elites Distintas Onde histórias criam vida. Descubra agora