Capítulo 4

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ㅡ Briam ㅡ Nayelly chamou o rapaz que apenas assistia a situação calado e atento. Choramingou: ㅡ Eu não consigo!

Estavam na sala de treino, sozinhos, rodeadas pelas paredes de blocos cor de chumbo, boa parte da Organização seguia a mesma combinação de textura e cor.

O asiático ergueu uma sobrancelha, observando como a garota se apoiava na parede. O cabelo levemente bagunçado, o rosto avermelhado com o tamanho esforço que fez alguns segundos atrás. A Física parecia ter sido banhada por uma onda gigante de suor, com alguns fios molhados colados ao lado do rosto.

O telhado metálico reluzia o piso escuro, e refletia a imagem exausta de Niemann.

ㅡ Mas é claro que você consegue! ㅡ incentivou com paciência. ㅡ Confia no seu potencial, Nayelly. Vamos, tente mais uma vez!

Respirou bem fundo como se o ar fizesse falta no ambiente.

Desde que foi notificada sobre a ampliação dos poderes, Nayelly andava passando por uma sequência de exames e testes. Fazia tudo conforme orientado, mas era estranho, aquela quantidade de energia nova deslizando por si era cansativa. Não estava acostumada a carregar tanto poder. Teria que se acostumar.

Como citado poucos dias atrás, além de se transparecer, a garota podia fazer outra coisa ficar invisível. O poder limite ainda seria testado com calma. Estava apenas começando e tudo devia ser iniciado lentamente para não ocorrer nenhum desastre.

Briam anotou. Nos primeiros dias de teste, a Física fez um garfo descartável transparecer, logo depois, um de alumínio, apenas para certificar que o tipo de material não interfere em muita coisa. Como suspeitava; quanto mais pesado e grande o objeto fosse, mais difícil seria de invisibilizar e mantê-lo invisível.

O primeiro teste obteve sucesso. Com os dias posteriores, os testes foram aumentando de dificuldade. Nayelly conseguiu manter objetos médios transparentes por exatos dois minutos. Então, esse era seu limite temporário.

No momento, Briam testaria algo relativamente maior.

Diante da Física havia um bloco de concreto de quatorze centímetros, pesava cerca de três quilos. O alvo mais pesado e maior dentre os corpos usados nos testes anteriores.

Briam não deixava de admirar a Física. E embora namorasse a melhor amiga desta, se via em uma tentação que iniciou há meses. Argh. Desviou o olhar. Suspeitava da suposta "amizade" entre Nathália e Nayelly, achava a última muito distante, desapegada, falsa com a cacheada. E se talvez não for um achismo meu? Nunca havia tentado entender a relação das duas. Uma vontade intensa de tirar aquilo a limpo surgiu no asiático. E se eu...

Nayelly respirou bem fundo, apertando os olhos. Tirou o suor do rosto usando a manga do uniforme cinza. Seus olhos estavam ardendo e o cansaço nos músculos quase derretia os ossos. Como é desgastante! Precisava tentar mais uma vez, só mais uma vez. Queria tanto conseguir deixar o tijolo maldito invisível.

ㅡ Quando quiser, Nayelly ㅡ a olhou mais uma vez, não querendo apressar, pelo contrário. Tinha tirado um tempinho para ajudá-la com o treino. Hector deixou claro que o laboratório podia esperar.

"Quando quiser, Nayelly.", "Quando quiser, Nayelly." Mimimi. Estava ficando estressada com toda a situação, irritada por não conseguir aplicar o poder na pedra depois de quase cem tentativas.

Lambeu os lábios, se aproximando do tijolo sobre a mesa de metal em cima do tatame preto. Fechou os olhos mais uma vez para se concentrar. Tudo ficou silencioso, dando apoio para a Física mover as mãos pelo bloco, pressionando as pontas dos dedos compridos e finos na textura sólida. Era fácil ativar os poderes em si, era Espontâneo Constante, agora fazê-lo locomover para outro lugar...

O Sangue Das Elites Distintas Onde histórias criam vida. Descubra agora