Capítulo 56

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Poucos minutos antes.

Tempo era algo não funcional se tratando da situação entre Rael com as habilidades do irmão.

Rafael, tão abrupto como uma colisão, havia conseguido desprender as algemas do cinto de Rael, para sua surpresa. Antes de tudo piorar, tinha visto o mais velho girar o objeto de aço entre o indicador, sorrindo em uma essência debochada.

Mancou ao recuar.

O rosto de Rael tinha locais arroxeados, como a lateral da face, a testa, uma parte do maxilar, além dos outros hematomas espalhados por baixo do uniforme branco. O sangue escorria pelas narinas, pela ferida aberta na testa, e, agora, sentia o líquido vermelho, seguido de pontadas desconfortáveis, manchar os fios castanhos da nuca. O fluído quente escorria, se misturando com o suor na região do pescoço.

Como tinha conseguido se manter vivo durante os minutos dentro daquela gaiola? Não fazia a menor ideia. Agradeceu a adrenalina, pois a tensão que ela provocava em seu sistema fazia os machucados doerem menos do que deveriam. Os batimentos cardíacos podiam ser sentidos como tambores.

Rafael não estava ileso. O lábio superior rachado já se encontrava inchado, fazendo contraste com o olho esquerdo, que ganhava um tom suave de roxo. A testa por igual sangrava, e o líquido carmim deslizava pela lateral do rosto.

Quando conseguiu prender as mãos de Rael na frente do corpo, e dar um preciso golpe com o cotovelo no centro do tórax dele, viu o menor se ajoelhar no chão após cambalear para trás, perturbado. Os olhos avelãs saltados em desespero, a dor na caixa torácica espremia cada tentativa inútil de se recompor. O ar havia fugido totalmente, os pulmões pareciam se enlaçar em um nó firme.

A dor o fez lacrimejar.

De repente, um forte impacto no queixo obrigou Rael a jogar a cabeça para trás.

Os lábios semiabertos despejaram uma quantidade assustadora de sangue. Teve uma sensação parecida com a de ânsia de vômito. A visão escureceu por segundos, o tempo de sentir as costas e a cabeça atingirem o chão.

Tentou tossir, mas outra lufada de sangue o fez engasgar. Cada tosse ou engasgo provocavam um sufoco martelante, que lhe deixava em desespero. As lágrimas eram contidas com o aperto nos olhos. O ruído do corpo reagindo à surra escapava em formas de grunhidos.

Virou o rosto para o lado, em uma tentativa de encontrar a melhor posição para tossir. A língua empapada de sangue, as gotículas vermelhas sujava o chão misturadas com a saliva.

Vou morrer.

O gosto do próprio sangue descendo pela garganta fez o adolescente sentir vontade de arrevessar, outra vez. A barriga revirava. E, aos poucos, o efeito da adrenalina era revertida por uma onda estranha de anestesia. As dores musculares, na cabeça, nas regiões onde foi golpeado começaram a ganhar intensidade. Voltou a grunhir. Nunca imaginou que passaria por uma situação parecida, principalmente realizada pelo irmão mais velho.

Não! Se repreendeu mentalmente, conseguindo ter forças para bloquear qualquer pensamento parecido. Não é culpa dele!

ㅡ Droga! ㅡ conseguiu dizer entre dentes.

Não tinha mais o que fazer dentro do ringue a não ser usar o que estava guardando para último caso. Ainda de olhos fechados, tentou buscar forças e ânimo para o último truque.

O que fosse acontecer ali, doeria mais em Rael do que no próprio Rafael.

Não posso deixar que façam isso com você...

Os olhos de tons avelãs voltaram a abrir, a imagem turva do irmão diante de si o fez ficar arrepiado. Rafael conferia se conseguia cumprir com o objetivo. Ao ver que não, tratou de se posicionar para finalizar a luta. Seria rápido.

O Sangue Das Elites Distintas Onde histórias criam vida. Descubra agora