Capítulo 35

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ㅡ Sério que sonhou com aquele projeto de molusco? ㅡ Clair questionou, caminhando junto com Jenifer pelo corredor claro do subsolo da Ilha Flutuante. A expressão da mulher de fios tingidos de roxo era surpresa.

Observou a melhor amiga assentir, estranhamente silenciosa. Carey estava conseguindo a deixar nervosa. Deve ter sido horrível!

ㅡ E como foi o sonho?

Louco, foi a palavra que veio espontaneamente na mente da Física de madeixas loiras. E assustador.

Era a primeira vez que sonhava com a Mighty metade polvo que abrigou as Guardiãs em Detroit. Estremeceu, travando o maxilar. Eu a matei. Geralmente, o trauma de tirar a vida de outro ser vivo poderia vir. Mas não tinha o sentido após cravar as pontas da arma na mulher, na realidade, nem estava sentindo agora. Teve que fazer por questão de prioridade, de pura sobrevivência. Ou eu a matava, ou meus amigos e eu morreriamos.

Depois de alguns segundos em um contínuo silêncio, e um olhar azul perdido, resolveu tomar fôlego e contar:

ㅡ Por algum motivo, eu estava em um oceano. ㅡ começou, as imagens da água inquieta lhe surgindo na memória, uma tempestade agressiva que derrubaria um navio em menos de um minuto. ㅡ Meu corpo foi afundado por uma onda gigante, e embora meu desespero por não conseguir me transformar em algum peixe, me vi respirando debaixo d'água. ㅡ piscou, um tanto atordoada.

Não faz nenhum sentido. Bufou, afastando a frustação de si. Não adiantava buscar lógica em sonhos, era inexistente.

ㅡ De qualquer forma, meu corpo pesava como uma rocha. E quando menos notei, vi uma mandíbula aberta, pronta para me engolir viva. Aqueles olhos mortais indicando vingança me encararam, opacos e cruéis. De repente, comecei a me afogar... ㅡ fez uma pausa, lembrando da sensação agonizante de ter os pulmões preenchidos por água ao invés do ar oxigênio. ㅡ Aquela endemoniada riu de mim, Clair! Ela estava ilesa, e fez questão de mostrar ao abrir mais a boca.

Entraram no pequeno vestuário, onde largaram suas bolsas e retornaram a seguir em direção ao espaço disposto para os treinos.

ㅡ E aí? ㅡ Clair estava curiosa.

ㅡ E aí? ㅡ não era óbvio? ㅡ Bom, ela me engoliu. E aí eu acordei.

ㅡ Amiga, ㅡ segurou a vontade de rir. É engraçado. ㅡ Acho um pouco improvável ela querer te assombrar depois de tantas semanas.

ㅡ Não sei. ㅡ ouviu-se alguns murmúrios distantes. Já havia começado a reunião. ㅡ Concordo que não faz nenhum sentido. Quer saber? Talvez seja coisa da minha cabeça mesmo. ㅡ amarrou os fios loiros em um rabo de cavalo. ㅡ O documentário sobre polvos também não ajudou muito. ㅡ pressionou os lábios por um breve segundo, confusa. ㅡ Ou não, né? Acha que pode ser algum tipo de sinal?

ㅡ Olha, se está tão confusa, por que não pergunta a Jessy? ㅡ é a Mighty mais adequada para falar sobre supostos sonhos proféticos. ㅡ Ela pode te dar uma luz.

ㅡ Acha que eu devo?

ㅡ Acho que não custa tentar.

Jenifer assentiu devagar, logo, virou o rosto recém hidratado para a porta de alumínio.

ㅡ É agora ou nunca. ㅡ murmurou Clair.

Adentraram a sala de reuniões da Organização, podendo ver todos dos Lights sentados em cada cadeira, incluindo Anny e Robert.

Karl deixou sob a mesa comprida algumas pastas plásticas contendo determinados documentos. As paredes tinham um tom metálico, em uma delas havia imagens distorcidas, de flagras sugestivos, e as figuras dos Irmãos Lovetz.

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