Capítulo 23

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Marina respirou fundo e deitou-se na cama. 13 de março, um domingo de manhã agradável. Ela se espreguiçou entre os lençóis. Por alguma razão, resolveu acordar cedo, talvez pela ansiedade de hoje ser seu aniversário. O quarto da Mighty tinha um tom salmão, com uma escrivaninha cheia de apostilas da faculdade frente a cama, as prateleiras brancas cheias de livros.

O telefone em cima da mesinha ao lado da cama ecoou. Marina se esticou para pegar o aparelho e abriu um sorriso ao ver quem era.

ㅡ Mamãe! ㅡ Exclamou ao atender a ligação. ㅡ Ah, que saudades de você.

ㅡ Eu também sinto sua falta, meu anjo. ㅡ Murmurou a Sra. Mitchell com um enorme sorriso. ㅡ Feliz aniversário, bebezinho da mamãe!

Marina não evitou ficar ruborizada. Ah, mamãe! Mesmo completando vinte e quatro anos, sendo dona de sua própria casa e quase terminando a faculdade, sua mãe insistia naqueles apelidinhos de bebê. Confessava que parte de si gostava de tal tratamento.

ㅡ Papai não está em casa? ㅡ Perguntou por estranhar o silêncio dele.

ㅡ Ele precisou resolver uns assuntos no banco. ㅡ resmungou. Marina conseguiu sentir o rolar dos olhos maternos. Acho que alguém está encrencado. ㅡ É o que dá quando se deixa para fazer tudo em cima da hora.

ㅡ Entendi. ㅡ não vou me meter. ㅡ Depois peça para ele me ligar, por favor. Enfim, como a senhora está, mamãe?

•••

Depois de uns minutos conversando com a mãe, tiveram que desligar. Combinaram de fazer uma chamada de vídeo antes de encerrar a ligação. O que de fato queria, era o colo da mãe e o abraço apertado do pai. A cidade de Albany, lugar onde seus pais moravam, ficava cerca a de três horas de Manhattan. Marina havia se mudado para estudar e para treinar seus poderes no Protection Mighty. Foram anos turbulentos e agradáveis, exceto...

ㅡ Meu aniversário, uma data que me traz muita felicidade. ㅡ O cabelo ondulado preencheu o espaço branco do travesseiro. Passou a mão pequena pela testa e a deixou ali, tentando reorganizar os pensamentos. ㅡ Que resolveu cair em um momento muito delicado.

O choque, e uma parte da angústia por saber o grande segredo de Matthew Evans havia suavizado, não da forma que queria. Ela suspirou. A quem queria enganar? Ainda gostava dele. Tinha em mente que Matthew estava manchado pelas atitudes do passado, e todas as suas impurezas passariam para si caso voltasse a ter contato com ele.

Por algum motivo, Marina se achou no direito de guardar aquele segredo apenas para si, tendo noção que seus amigos não aprovariam tal decisão.

Passara noites sem dormir pensando no ex-namorado.

Evans sabia de um ou dois portais que davam ao Refúgio. Era esse o verdadeiro conflito interno de Mitchell.

Quando Matthew foi flagrado por Maxwell traindo o Protection Mighty, sem pestanejar, os responsáveis pelo Refúgio iniciaram uma mudança drástica para esconder os portais móveis espalhados pela cidade e fortificaram a segurança dos portais que não podiam, de jeito nenhum, ser removido do lugar nascente. Mesmo que Matthew tivesse aberto a boca, a Ilha Flutuante estava segura. Era o que mais importava, certo?

Toc, toc, toc.

Olhou assustada para a porta marrom do quarto. Rapidamente sentou-se no colchão, tratando de ajeitar os fios bagunçados, pondo as mechas rebeldes atrás das orelhas. Com a insistência nas batidas da porta, Marina exclamou um "já vai!" antes de se levantar da cama e atravessar o quarto e o corredor que ligava a sala de estar com o banheiro. Abriu a entrada da casa, se deparando com duas grandes surpresas.

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