O Sangue Das Elites Distintas

Capítulo 8

O clima de Nova York causando reviravolta. Aquela tarde sendo mais quente que o previsto.

A movimentação do Bar e Restaurante dos Brown's não muito alvoroçada. O estabelecimento arrumado, cheiroso, repleto de cortesia. Quem entrava, primeiramente se deparava com o bar, as paredes com um tom escuro parecido com café expresso, um balcão bonito de mármore comprido, brilhoso. Algumas pessoas sentadas nos banquinhos de madeira escura aguardavam a mesa ficar pronta ou apenas deliciando-se com os drinks.

ㅡ Puxa, Rafael. ㅡ Camilla segurou o copo de vidro com a bebida adocicada, bebericou do conteúdo suave. A marca do batom alaranjado fica no recipiente. ㅡ Nasceu mesmo no Canadá?

Rafael Chalk assentiu devagar, também trazendo o copo com a bebida aos lábios. O clima adequado, bom. Os olhares castanhos - um mais claro que o outro - vidrados.

ㅡ Sim, nasci em Toronto. ㅡ Especificou com um sorriso aberto. ㅡ E a senhorita?

ㅡ Cuba. ㅡ Também sorriu. ㅡ Ficarei seis meses em Nova York, ganhei uma bolsa de estudos irrecusável.

A conversa entre os dois fluía naturalmente, com uma facilidade agradável. Faltando cerca de cinco minutos para a mesa estar pronta, em fim um almoço interessante com uma companhia mais ainda.

ㅡ Safado. ㅡ Maxwell Lawrence olhava o amigo pelo vidro da porta do Bar e Restaurante. Teve uma ideia divertida. Respirou fundo e arrumou a postura e concentrou-se no personagem. O caminhar pomposo não chamou atenção de Rafael ao entrar no lugar, exatamente como queria. ㅡ Ora, ora, ora. ㅡ A voz rouca do Mighty saiu um pouco afinada e prolongada. Os ombros encolhidos e um pequeno - até mesmo discreto - biquinho nos lábios. ㅡ Rafaelsito, Rafaelsito. ㅡ O mencionado virou devagar para o rapaz alto. Surpreso, chocado. Assustado. ㅡ Não acredito que te peguei no flagra, seu traidorzinho de meia tigela.

ㅡ Quem é ele? ㅡ Camilla ergueu uma sobrancelha, olhando Lawrence de cima a baixo.

ㅡ Ninguém! ㅡ Um Rafael nervoso respondeu.

Mas Maxwell não ficou satisfeito com o nível da brincadeira, queria atuar um pouquinho mais. Testar a paciência do melhor amigo só por mais um tempo. Era divertido ver seus lábios movimentando sem emitir nenhum ruído coisas como: "Sai!", "Não!", "O que você tá fazendo?", "Vou te dar um soco!"

ㅡ Ninguém? Ninguém?! ㅡ Colocou a mão no peito, se fingindo debilitado, inconformado. ㅡ Então aquela noite no Hotel Love Sweet Love, quando terminamos de tomar aquele vinho depois de uma longa noite de amor ㅡ Choramingou baixinho, para o horror de Chalk. ㅡ Quer dizer que sua declaração de amor foi falsa, Rafaelsito?! E-eu estou... Ah, eu estou tão injuriado. Como pôde fazer isso comigo?!

Camilla puxou a alça da bolsinha devagar para cima do ombro. Já havia visto demais aquele cenário constrangedor. Já entendi tudo. Pessoalmente, só queria deixar o "casal" se resolver antes que sobrasse para si.

ㅡ Acho melhor eu ir embora. ㅡ Balbuciou a mulher constrangida.

ㅡ Não! ㅡ Rafael se virou para ela. ㅡ Calma, deixe-me explicar. Não é nada disso que você tá pensando! Ele é meu amigo, só está brincando.

Uma brincadeira sem graça!

ㅡ Não somos apenas amigos! ㅡ o outro esperneou dramaticamente. ㅡ Você acha que estou brincando? ㅡ Os dois pares de olhos voltaram para Maxwell lentamente. ㅡ Então naquele dia em meu Iate enquanto estávamos jantando à luz da lua e você dizia incansavelmente que me amava era mentira também? O que aconteceu, Rafaelsito? Se empolgou com nossos brinquedinhos? ㅡ Os dois amigos seguiram com o olhar Camilla sair pela porta o mais rápido que seus saltos permitiam. Max gargalhou alto, voltando com a voz e postura normal.