12. Perdões e Suas Complexidades

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Na quarta-feira, o Marlon estava bem triste na hora do intervalo.
— O que aconteceu, Marlon? — perguntei.
— Vendo vocês dois tentando fazer algo para ficarem juntos, me mostrou o quão fui inútil e fraco com a Lory. Sabe, sinto muita falta dela, pensei que não sentiria.
— Por que não tenta falar com ela? Se for sincero com suas palavras, ela vai te entender — Carol falou.
— Eu já tentei, mas ela não me atende e nem responde minhas mensagens. No colégio ela nem olha para mim. Acredito que a pedir de vez.
— Vou falar com ela — comentei.
— Também vou. — Carol resolveu me ajudar.
— Obrigado pelo apoio, gente, mas não sei se isso vai mudar alguma coisa — Marlon comentou.
Ele parecia ter entendido que sua vida de aventuras, não fazia mais nenhum sentido. Já que ela não estaria com ele.
— Não saberemos até tentar. Eu vou procurá-la agora. Vem comigo, Carol?
— Vamos. Acho que sei onde ela pode estar…
Saímos à procura da Lory. A encontramos no pátio do colégio, onde a Carol falou que estaria.
— Oi, Lory. — A cumprimentamos.
— Oi, pessoal. Posso imaginar o porquê estão aqui, o Marlon pediu para vocês verem falar comigo, né?
— Não. Viemos por conta própria. Não queremos que você o perdoe nem nada do tipo, só peço que você fale com ele e o escute.
— Ele está arrependido, vi isso no olhar dele — Carol falou.
— Quando o vi pela primeira vez, gostei dele logo de cara, ele não parecia atirado com a maioria dos outros garotos, parecia não se importar muito com nada. Para vocês terem noção, tive que tomar a iniciativa. Eu sabia que antes de o conhecer ele ficava com várias pessoas, mas não era pelo fato dele ser mulherengo ou algo do tipo, ele falava que nunca se sentiu completo, por isso vivia tão intensamente. Quando começamos a namorar, comentou que se sentia completo comigo, isso me deixava muito feliz, mas com o passar do tempo acho que começou a se sentir incompleto de novo. Parte disso é minha culpa, sempre fui do tipo que pessoa que conseguia tudo o que eu queria, mas ele era diferente e acabei me sentindo frustrada, isso gerou brigas na qual sempre escondíamos de vocês, queríamos parecer o casal perfeito. Sinto falta dele, mas não sei se estou pronta para mudar, e nem sei se ele realmente vai mudar.
— Desde quando conheci o Marlon, os melhores sorrisos dele, eram quando estava ou falava com você. Pela primeira vez o vi feliz. Sei que somos jovens e cometemos muitos erros, mas o pior não é cometer os erros e sim não os assumir. Não temos que pensar que não podemos cometer erros, e sim pensar como vamos encará-los, pois frequentemente estamos errando. Saber perdoar não é sinal de fraqueza e sim uma forma de aceitar o lado sombrio da outra pessoa.
Lory pareceu refletir.
— Sabe, foi bom falar com vocês, mas preciso de mais tempo para pensar sobre tudo. Espero que entendam.
— Nós entendemos sim.
— Fico feliz de ver vocês bem de novo.
— Você falou para ela, Carol?
— Sim. Durante o tempo que estávamos sem nos falarmos, eu ficava com a Lory aqui no pátio durante os intervalos, por isso sabia onde ela poderia estar.
Voltamos até o Marlon, acho que ele já sabia da resposta pelas nossas expressões.
— Ela disse que não, né? — falou deitando sua cabeça na mesa.
— Sim, ela precisa de mais tempo. Já é um começo, não acha? — perguntei.
— Ah, sei não… — ele disse com a voz bem baixa olhando para os lados.

Cabelos CacheadosOnde histórias criam vida. Descubra agora