Atsumu se sentia horrível e não podia culpar ninguém além de si mesmo. Talvez pudesse culpar um pouco Osamu pela ideia ridícula, mas se fizesse isso, não teria onde dormir.
- Amanhã eu saio antes do sol nascer e é melhor você vazar também, minha casa não é hotel. - Osamu dizia enquanto jogava roupa de cama e um travesseiro no sofá da sala.
Ele estava bem irritado pois realmente acordava muito cedo e Atsumu aparecendo na casa dele perto da meia-noite com certeza o tinha tirado da cama.
- Não seja tão ruim com seu irmão. - Suna disse sem grandes emoções no seu tom de voz. - Se ele limpar a casa, pode ficar mais um dia.
Mais um dia? Quanto tempo ficariam separados? Atsumu tinha arruinado a própria vida mesmo? Tobio o odiava agora, iam se divorciar e ele ia morrer velho e sozinho no sofá da sala do irmão.
- Agora você fez ele chorar de novo, Rin. Parabéns.
Osamu suspirou alto indo até o banheiro onde pegou um remédio e depois um copo de água e alcançou para o irmão.
- Toma isso que vai te fazer dormir. Está tarde e não tem nada que você possa fazer agora. Vocês dois precisam esfriar a cabeça e conversar. Amanhã é sexta, tenho certeza que no final de semana já vão ter resolvido tudo.
Amanhã já era sexta? Aquilo fez um alarme soar forte na cabeça de Atsumu. Enxugando as lágrimas e recusando o remédio, ele se levantou e começou a procurar algo pela sala.
- Samu, a revista! Vocês têm a revista, né? Onde está?
- Quê?
- Aqui. - Suna entendeu prontamente e lhe alcançou a revista ainda dentro da embalagem em que era entregue. - Chegou hoje de manhã, nem abri ainda.
Atsumu pegou o pacote e rasgou apressado, sem explicar o motivo de tamanho desespero. Sentiu as pernas amolecerem quando finalmente viu a capa: "Nova lei antiterrorismo: segurança ou xenofobia?" e mais abaixo em letras menores "Reportagem Especial por Kageyama Tobio".
A reportagem que Tobio estava trabalhando nas últimas semanas tinha saído e estava na capa e ele não tinha lido, nem visto, nem comentado, nem sequer lembrado. Era para estarem celebrando, mas tudo que Atsumu conseguiu fazer foi destruir o casamento deles.
Ele merecia apodrecer sozinho, merecia sofrer todas as consequências de seus atos. Não merecia alguém tão perfeito quanto Tobio. Agarrado na revista e chorando, Atsumu tomou o remédio e se deitou no sofá.
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Kageyama ficou furioso. E ninguém tiraria a razão dele, nem diria que ele exagerou ao gritar e expulsar Atsumu de casa tarde da noite depois que ele contou tudo que tinha acontecido no tal Happy Hour. Mas talvez alguém pudesse ter um pouco de razão ao lhe dizer que não foi nada sensato exigir que Atsumu desse pra ele o contato do tal "acompanhante", e até ele mesmo percebia agora que não tinha sido a sua ideia mais brilhante marcar um encontro com o garoto.
Sem conseguir pensar em nada minimamente racional para resolver a situação, Tobio só conseguia pensar em ver quem era esse tal de Hinata Shouyou que com um beijo tinha conseguido despertar tamanho desejo em seu marido. Atsumu tinha jurado que tinha sido só um beijo, que ele tinha se arrependido e que o acompanhante não tinha nada a ver com o sexo maravilhoso que eles tinham feito.
Mas naquele momento, nada daquilo importava para Tobio, pensaria no que fazer com Atsumu depois. Depois que expurgasse aquela raiva toda que estava sentindo, o ciúme, o desprezo, e tudo mais embrulhado numa bola de rancor jogada diretamente em cima do garoto de vinte e poucos anos que tinha beijado seu marido e nada tinha a ver com a história deles.
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Eu Tu Ele [AtsuKageHina]
FanfictionMesmo com um casamento feliz, empregos estáveis, família e amigos queridos, Atsumu e Kageyama perceberam suas vidas estagnadas, sem o brilho de antigamente. Acordar, trabalhar, relaxar, repetir. Será que a vida era opaca assim mesmo? Ou será que tal...