Eu Tu Ele [AtsuKageHina]

Capítulo 3: "Você precisa fazer mais vezes"

Atsumu chegou em casa desesperado, praticamente saltando para fora do táxi. Devia se arrastar no chão de joelhos e pedir perdão? Será que Tobio ia querer socar ele? Devia socar a própria cara? Pois sabia que mereceria qualquer coisa. Parou na porta instantes antes de abri-la, a realidade batendo de frente.

Tobio não sabia absolutamente nada do que tinha acontecido. E o que tinha acontecido exatamente? Um happy hour, sim. Mas no fim ele tinha permitido, tinha ficado, tinha gostado da companhia de Hinata. E quando se beijaram, bem... tinha sido incrível.

Ele era um idiota, não era? Conseguiria mentir? Conseguiria esconder?

Ele ia entrar por aquela porta, Tobio ia perguntar como tinha sido o happy hour e ele ia confessar tudo, não ia? A culpa o corroeria e ele despejaria tudo em cima do seu marido desavisado. Iam brigar e o casamento perfeito deles seria arruinado por causa da sua estupidez, por causa de uma besteira, por estar reclamando de barriga cheia.

Não podia pôr todos aqueles anos em risco. Ele amava Tobio demais, e aquele happy hour, encontro, beijo, seja lá o que tivesse sido, não tinha significado nada. Olhou para sua mão esquerda onde sua aliança de casamento reluzia e buscou nela as forças que precisava. Ele podia ser melhor do que aquilo, podia ser um marido melhor para Tobio.

Abriu a porta cheio de determinação, decidido a ser forte e salvar o próprio casamento. Nada daquela ideia estúpida que ele tinha tido era real. Seu corpo, mente e alma pertenciam a uma única pessoa que ele amava mais do que tudo nesse mundo, e não ia suportar ser a causa da dor dele, o amaria até que a morte os separasse.

Kageyama estava na cozinha lavando uma maçã quando ouviu a porta abrir. Escutou Atsumu dizer que chegou e o cumprimentou de volta, sem parar o que estava fazendo. Pensou que provavelmente ele já teria comido algo no bar e iria direto para o segundo andar tomar banho e se trocar.

Para a surpresa dele, ouviu os passos virem até a cozinha e antes que pudesse se virar, sentiu-se abraçado com firmeza por trás. Beijos um tanto desesperados caíram em seu pescoço e nuca, o surpreendendo e o fazendo rir, e finalmente o obrigando a largar a fruta.

- Ei, espera, minhas mãos estão molhadas e...

Atsumu não parecia se importar com as mãos molhadas pois o girou e pressionou seu corpo contra a pia, segurando seu rosto e o beijando. Suas bocas se encaixavam perfeitamente acostumadas, treinadas às dinâmicas uma da outra.

O movimento firme e profundo, a maneira que Atsumu segurava seu rosto como se não quisesse permitir que ele se afastasse, como ele pressionava seu corpo junto ao dele. Tudo em Atsumu naquele momento exclamava paixão. Um desejo desesperado que ele não presenciava desde... desde quando mesmo? Tobio já não se lembrava mais.

- Atsumu, você está bêbado? - ele conseguiu interromper para perguntar enquanto o marido continuou beijando seu pescoço como se não pudesse perder um segundo.

- Bêbado não, um pouco, talvez, não importa. - ele disse entre beijos, não parando um instante. - Eu te amo tanto, Tobio. Cada pedacinho, cada momento, eu não sei o que eu faria da minha vida sem você. Eu não sei o que a gente andou fazendo esses tempos, mas eu quero tudo de volta, eu quero te sentir, eu quero...

- Ah, cala a boca e continua me beijando. - Tobio interrompeu.

É, provavelmente Atsumu estava mais bêbado do que queria admitir, mas quem se importava? Ele não lembrava a última vez que o marido tinha demonstrado tanto desejo, tanta paixão por ele. E agora era como se aquele fogo tivesse queimado toda e qualquer apatia remanescente em Tobio, um inesperado fluxo de energia tomando conta de seu corpo e mente e o colocando exatamente no mesmo estado de embriaguez e êxtase que Atsumu estava.