20. visita desagradável

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DE TODAS AS SURPRESAS indesejáveis que Nathaniel poderia ter em seu dia, Cecília era a pior. Certo, talvez não a pior, mas seu posto estaria sujeito a tal título. Isso porque, nas vagas lembranças que teve com a mulher, seu egoísmo gritante e a possessão que teve num suposto relacionamento com o Jones na faculdade eram as cenas que mais se destacavam. Ele não teria dito que aquilo foi um relacionamento naquela época, e muito menos reavaliaria isso agora. Definitivamente, ela era cruel.

Cruel e presente, aparentemente, pois deu um jeito de voltar para sua pequena cidade de origem e encontrar a localização atual do loiro. Mas, apesar de todas as crenças que ele tinha sobre sua personalidade e pessoa, ela parecia mudada. Mais alegre e menos doida, especificamente.

─ Eu acreditava que você fosse ter alguma profissional um tanto agressiva, mas ver que se tornou um policial ainda é uma surpresa. ─ Ela sorri, lado a lado do homem enquanto passavam por um dos corredores cinzentos da delegacia.

─ Eu poderia dizer o mesmo de você. Apesar de achar que você seria alguém bem reconhecida, não imaginava que seria como apresentadora. ─ Ele curva minimamente os lábios, tentando mostrar simpatia e cumprimentando brevemente os colegas que passavam pelos dois.

Eles pareciam admirados com a presença da mulher, que se mostrava adorável com o sorriso branco e cabelos castanhos esvoaçantes.

─ Deve ter sido bom ostentar por aí que você namorou uma celebridade nacional.

Nesse momento, ele verdadeiramente sorri, pensando em Belle por alguns segundos. Não ligava que Cecília interpretasse de modo errado o seu gesto, pois pelo menos estaria acariciando o ego dela, de alguma forma.

─ Jones! ─ Uma voz masculina chama, quando ambos estão prestes a sair do estabelecimento. Era Eric. ─ Belle está te esperando lá fora.

─ Valeu Eric. ─ Nathaniel sorri, ajustando a jaqueta ao corpo conforme uma rajada de vento frio lhe abraçou o peito.

─ Belle, hein? ─ Ela espreita os olhos, curiosa. ─ Alguma mulher realmente conseguiu roubar esse seu coraçãozinho, Jones?

─ Você continua enxerida.

─ É o meu trabalho! ─ A morena procura se defender, entre sorrisos.

Quando finalmente entram no estacionamento, Cecília para, chamando a atenção do loiro. Ela parecia surpresa enquanto olhava mais a frente, para uma única mulher no local bem iluminado artificialmente, com os cabelos longos e escuros e os olhos âmbar encarando a tela do celular.

─ Você não cansa de me surpreender, não é mesmo?

Olhando de Belle para Cecília, Nathaniel se vê mais confuso do que nunca. Elas se conheciam, afinal? A julgar pelo modo como Belle a encarou, os olhos claros arregalados enquanto ajeitava rapidamente a postura, ele poderia dizer que sim.

─ Então você é o loiro que meio mundo está querendo saber a identidade? ─ Ceci encara o homem com um sorriso no rosto, o qual ele instintivamente acreditou não ser bom. Ele deveria imaginar que as duas se cruzaram em algum momento de sua vida, mas agora rezava para que fosse de uma forma boa.

─ Jones! ─ A Monroe chama, guardando o celular no bolso. De uma forma inesperada, sua voz estava fria, como se mal se conhecessem. Ela se aproximou com o capacete do homem na mão, séria, e jogou-o para o mesmo. ─ Ambre disse para nos encontrarmos aqui; ela disse que você me daria uma carona até o apartamento dela.

Ele piscou. Definitivamente, se conheciam de uma forma ruim.

─ Sério? ─ Ele levanta uma sobrancelha duvidosa, e ela cruza os braços, assentindo. Ele suspira. ─ Que seja. Cecília, esta é...

─ Belle Monroe. ─ Ela sorri. ─ Já nos conhecemos.

─ Há quanto tempo, Cecília. ─ Com um sorriso nitidamente falso, Belle a cumprimenta, sem muito entusiasmo.

─ Realmente, Belle. Eu até te chamei para ir ao meu programa, esclarecer os tweets sedentos sobre um possível namorado... Mas você recusou. ─ Ela diz a última parte com desgosto, o sorriso se desmanchando momentaneamente.

─ Não se sinta muito especial; eu fiz isso com todos os talk-shows possíveis.

─ É uma pena. Apesar de a poeira ter baixado, as pessoas ainda estão loucas para descobrir quem é seu namorado. Seria uma honra ser a primeira a dar as boas novas.

De repente, qualquer energia boa que Nathaniel sentia quanto a Cecília se foi. Ela permanecia ali, com a intromissão desrespeitosa e o sorriso convencido nos lábios finos. E, de alguma forma, a Belle que ele via naquele momento também era irreconhecível, e talvez tão indesejável quanto a apresentadora.

─ Vai ter que procurar do outro lado da cidade, Ceci; ele não mora aqui.

─ Talvez ele esteja mais perto do que eu imagine. ─ Ela sorri de maneira provocadora, lançando um curto olhar para Nathaniel, que revira os olhos.

─ Vem Monroe, eu te dou uma carona. Ceci, foi um prazer te reencontrar. Talvez nos vejamos por aí.

─ Definitivamente vamos. ─ Ela afirma, risonha, e Belle e Nathaniel a encaram com os cenhos franzidos. ─ Vim entrevistar a Ravena e seu novo álbum que nunca sai. Apareci antes apenas para ter a chance de rever alguns antigos amigos. Talvez eu encontre um bônus.

A Monroe nem tenta disfarçar enquanto roda os olhos, pegando com raiva o capacete que Nathaniel lhe entrega. Cecília apenas acena para os dois, saindo do estacionamento de forma exagerada e dramática como ela sempre faz ─ segundo o ponto de vista pessoal de Belle.

Quando puderam ver a mulher saindo com seu carro do local, o Jones se virou para ela.

─ Desculpa! ─ Ela exclama, a voz um pouco baixa, mas com a tonalidade simpática de sempre.

─ O que foi aquilo? ─ Ele pergunta, encostando com naturalidade em sua moto.

─ Aquela mulher... argh! Ela tem uma fissura em expor algo inédito meu. E de preferência ruim. ─ Ela passa a rodar por um canto do local cinzento, gesticulando exageradamente com as mãos enquanto Nathaniel a seguia com os olhos amarelos.

─ E tem um motivo para isso?

─ Ela é perversa! ─ A morena responde, as bochechas avermelhadas com algo que não parecia ser blush, mas sim sua própria raiva. ─ Ela adora expor pessoas muito certinhas.

─ Você é muito certinha? ─ Ele pergunta, e de alguma forma, parece estar se divertindo com aquela cena.

─ Bom, eu nunca mostrei qualquer rivalidade com outra celebridade, e não sou tão boca suja quanto a minha prima. Por que você está sorrindo? ─ Ela para, encarando o loiro. Mesmo que estivesse furiosa, o semblante dele conseguiu acalmá-la, mesmo que por um momento, e o sorriso contagiante fez com que ela involuntariamente fizesse o mesmo.

─ É raro te ver assim. Estou prendendo a risada por respeito.

─ Vai se foder Nathaniel! ─ Ela tenta tapear seu braço, mas ele desvia.

─ Vem, vamos pro meu apartamento. A gente vai estar mais confortável longe de qualquer mira da Ceci.

─ Okay. ─ Ela dá de ombros, segurando o capacete nas mãos pequenas. ─ E aí você pode me contar de onde conhece aquela maluca. ─ Sugere, finalmente, se dando conta de que ambos haviam chegado juntos no local e que, provavelmente, se conheciam.

─ É uma história longa e chata. ─ Ele dá de ombros, subindo na moto e estendendo a mão para ela, que subiu no veículo em seguida.

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