15. pessoa a se evitar

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EM SEU VESTIDO curto e rodado, Belle pegava sua segunda taça de champanhe, mantendo a boa postura enquanto um profissional com câmera passava por ela e Josh

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EM SEU VESTIDO curto e rodado, Belle pegava sua segunda taça de champanhe, mantendo a boa postura enquanto um profissional com câmera passava por ela e Josh.

─ Até que está divertido. Claire deve ter arrancado os próprios cabelos organizando isso ─ Ele toma um gole de sua bebida, e ela não deixa de perceber um sorriso maldoso no rosto do homem.

Que horror! Que briguinha horrorosa é essa que vocês têm? ─ A morena, com os fios de cabelos soltos escorrendo pelos ombros, balança a cabeça com indignação.

─ Ela é muito metida. Me surpreende que se dê bem com a Ravena.

─ Isso é maldoso. ─ A Monroe afirma com reprovação, mas o ruivo não parece escutar. Apenas sorri para uma câmera que de repente mira nos dois, e Belle consegue acompanhar o gesto do mais velho antes que uma péssima foto pudesse ser capturada.

─ Então, você e o tal do Nathaniel realmente romperam? ─ Ele balança o líquido um tanto dourado em sua taça, e encara a mais nova.

─ Não é como se estivéssemos em alguma condição de "romper" algo. ─ Ela faz aspas com os dedos, tendo o cuidado de não derrubar seu champanhe no tecido sedoso e vermelho de seu vestido. ─ E podemos não falar sobre isso por hoje? Já basta eu ter que evitá-lo a noite toda.

─ Isso vai calar algumas bocas. ─ Ele sorri para ela, como se aquilo pudesse trazer algum conforto para a Monroe, mas ela não responde ao gesto.

─ Vou cumprimentar a Ravy. ─ Avisa e sai, uma das novas músicas da prima tocando alto o suficiente para que ninguém escutasse os finos saltos de seu calçado colidindo no chão com certa pressa e fúria enquanto passava por Nathaniel e Castiel, ambos conversando sobre algo que ela não fez questão de saber.

Apesar de privado e com números contados de convidados, aquele lugar parecia lotado. Talvez fosse a iluminação baixa e arroxeada que deixava tudo mais misterioso ─ como, por exemplo, a localização da própria prima, a qual Belle não cruzou desde que chegara.

Era a segunda vez que ela passava pelos mesmos cantos em busca da loira, até que encontrasse a mesma próxima ao palco, conversando com naturalidade com Ambre e Rosalya, as três radiantes em seus respectivos vestidos.

─ Belle! Que bom que veio. Eu não tinha te visto. ─ Com um gesto da mão, Ravena convida a prima para se aproximar, enquanto ela se retira da pequena roda, acenando para as outras em despedida. ─ Gostou?

Neste momento, Ravena dá uma voltinha em seu vestido dourado, estonteante com o quadril marcado apesar do vestido não prender totalmente ao corpo. Ela tinha um acessório preso nos cabelos que permitia uma melhor visualização do seu rosto, assim como da maquiagem impecável.

─ Você está maravilhosa! ─ Belle sorri para a mais velha, abrindo os braços para um curto abraço com a prima.

─ Espero que isso dê certo. Vai durar por pouco tempo e se eu conseguir evitar Castiel até lá, então será perfeito.

─ O que aconteceu?

─ Está ouvindo essa música? ─ Com o indicador ela aponta para o teto, onde uma das muitas caixas de som estava embutida, e Belle se permite perceber a doce melodia acompanhada de uma letra fofa cantada pela loira.

─ Você lançou ontem. Eu adorei ela!

─ Eu fiz pra ele. ─ Ela justifica, e o semblante é tomado por preocupação quando a morena arregala os olhos. ─ Eu sei que eu não deveria me preocupar com isso, mas eu esqueci completamente de hoje quando minha equipe concordou em publicar. Eu não faço ideia do que ele achou, mas não quero falar sobre isso hoje. Eu acho. Ele parece zangado?

Quando Belle percebe o olhar da prima além dela, olha para trás, onde ele ainda conversava com o Jones.

─ Ele sempre parece zangado, Ravy. É quase uma marca registrada. ─ Ela revira os olhos e sorri, achando fofo o comportamento da Monroe. ─ Talvez você devesse falar com ele.

─ Não banque uma de terapeuta pra cima de mim, não brilha tanto em você quanto em mim. ─ Ela faz uma careta e a outra ri. ─ Eu tenho que beber alguma coisa, Claire estava me irritando para fazer o discurso logo, e eu preciso parecer melhor.

Ela manda um beijo no ar para Belle, saindo em seguida. Sozinha próxima ao palco, ela volta a andar por entre as pessoas, acenando para alguns rostos conhecidos enquanto procurava por Josh que, aparentemente, seria sua grande companhia naquela noite.

Quando viu o amigo conversando com uma mulher, ela resolveu deixá-lo um pouco só, mesmo que o ar entre os dois não parecesse nada romântico.

Sentia-se frequentemente sem ar, e tinha absoluta certeza de que não se tratava do vestido apertado ao corpo, mas sim de cada câmera que ousava mirar nela. Já havia dado sorrisos falsos demais numa só noite, e tudo o que a Monroe queria era que a prima desse logo o seu discurso, para que a outra fosse embora em seguida.

─ Foda-se ─ Sussurra depois de uma câmera mirar nela, obrigando-a a entregar outro charmoso e falso sorriso. Quando o jornalista se foi, ela depositou a taça com champanhe num balcão e saiu, segurando a barra do vestido com delicadeza nas mãos enquanto finalmente se permitia respirar um ar fresco do lado de fora do estabelecimento.

Já era noite, e Belle podia ver a lua crescente com perfeição quando alguns aplausos puderam ser ouvidos do lado de dentro ─ o que ela automaticamente associou ao discurso de Ravena. Mesmo assim, não se atreveu a voltar. Ela sabia que a loira a entenderia.

Respirou fundo, soltando o ar pesado com vigor enquanto sentia uma brisa lhe atingir a face maquiada, e passou a encarar a rua deserta e pouco iluminada enquanto, no interior do Snake Room, todos focavam a atenção na Monroe mais velha.

E então viu Nathaniel, os olhos tão surpreendentemente vidrados nos dela quanto os dela nos dele. Estava com o corpo encostado na parede escura, o terno azul ainda nítido apesar da pouca iluminação, e os cabelos e olhos brilhantes com a luz da lua.

Aquela cena era quase poética.

Talvez por isso as bochechas de Belle tomaram uma tonalidade absurdamente vermelha e ela sentiu a necessidade de esconder o rosto, virando-o bruscamente na direção oposta a do homem.

Era só o que me faltava, ela pensou, receosa com a possibilidade de alguma câmera aparecer ali de repente.

Não fez questão de dirigir qualquer palavra ao homem, mas se sentiu um pouco chateada quando percebeu que ele não faria o mesmo.

No fundo, ela podia sentir um aperto no peito, as batidas de seu coração audíveis apenas para si enquanto ela virava cautelosamente o rosto para ele, flagrando-o distraído com o céu. Borboletas no estômago surgiram logo depois, e ela levou a mão até a barriga, furiosa por se sentir assim só de olhar para ele.

Não. ─ Falou apenas para si, balançando a cabeça e respirando fundo. Não importava se aquela maldita emoção continuasse ali, ela teria que ignorá-la pelo seu próprio bem.

Então se afastou, apesar de querer fazer o oposto, e andou alguns poucos passos na direção contrária a do Jones até que um único táxi surgisse na rua, felizmente vazio.

Ela entrou sem demora, apesar de hesitar em dar o endereço da própria casa ao motorista, mas foi embora.

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