14. pegar ou largar

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❛ BELLE MONROE ❜

PASSEI MÍSEROS DOIS dias sem falar com o Nathaniel. Eu até tentei, mas sua voz parecia distante ao telefone e ele sempre se dizia ocupado. Eu não sabia se aquilo realmente era uma verdade, mas acabava me incentivando a escolher a primeira alternativa de Josh: me afastar.

Talvez Nath estivesse frustrado com toda essa merda de celebridade e quisesse um pouco de sossego, e eu não julgaria ele por isso. Ele tinha sido muito legal quando aconteceu da primeira vez, me trazendo conforto e sendo gentil, mas acredito que todos tenham seu limite.

Eu só não queria que ele já tivesse alcançado o dele.

Mas eu balancei a cabeça, tentando parar com os pensamentos negativos e bobos. Talvez ele realmente estivesse ocupado e cheio de outros problemas para se importar com isso, e eu não podia simplesmente parar a minha vida para ficar me lamentando com outras possibilidades.

Respirei fundo e finalmente prendi meus cabelos num rabo de cavalo apertado, deixando a franja e algumas pequenas madeixas soltas, como o de costume.

Já vestida, eu apenas coloquei os óculos e saí de casa com pressa, indo até a academia da Kim.

Há quanto tempo eu não treinava? Era um hábito viciante frequentar a academia diariamente devido a todos os meus antigos papéis que exigiam um pouco mais do que a boa forma, e eu jurava que não pararia de me exercitar desde meu último filme, mas agora eu me sentia cada vez mais preguiçosa e precisava parar com isso antes de me acostumar.

E, admito de forma descarada que quase voltei para casa assim que passei pela porta, mas Kim me puxou pelo braço e eu senti a necessidade de permanecer depois de ver o movimento. Eu realmente tinha encontrado o horário ideal para treinar sem absolutamente ninguém me olhando, já que o estabelecimento estava vazio.

Eu estava tão concentrada em minhas músicas, correndo na esteira que foi preciso que alguém sacudisse a mão em frente ao meu rosto por um bom tempo para eu perceber que uma pessoa estava me chamando.

Ah, qual é! Aquele lugar estava vazio, não é possível que não tivesse outra esteira disponível...

Rapidamente coloquei meus pés nos apoios laterais, evitando qualquer provável machucado devido a velocidade na qual a máquina estava programada, e desliguei a mesma antes de olhar para quem quer que tivesse me interrompido.

─ O que você faz aqui? ─ Assim que reconheço seu rosto, sinto minha voz rouca e rude, mas acho que o tempo que passei na esteira justificaria isso. Eu posso sentir meus batimentos acelerarem por um momento antes de voltarem a se estabilizar lentamente, e não consigo olhar diretamente para ele enquanto aguardo sua resposta.

─ O mesmo que você. ─ Nathaniel responde, e a voz parece tão distante quanto pelo celular. Mas ele não parece tão sério ou irritado quanto eu imaginava. ─ Você sabe que sou policial, não sabe?

─ É, mas... Vocês não tem uma academia dentro da delegacia ou coisa do tipo? ─ Vou até minha bolsa, procurando pela garrafinha de água.

─ Somos policiais, não uma espécie de nephilim de "Cidade dos Ossos". Não temos uma academia.

─ Você lê Cassandra Clare?

─ Essa foi a parte que você escutou? ─ Ele me questiona com uma sobrancelha erguida, e eu podia jurar ver um minucioso sorriso em seus lábios por alguns poucos segundos.

─ Eu tenho o direito de ficar chocada. ─ Dou de ombros, e acompanho com o olhar ele andando até uma parte da academia destinada ao boxe, onde o Jones segura o único saco de areia presente ali antes de me encarar.

─ Faz tempo que não nos falamos.

─ Uma semana. ─ Detalho, me aproximando com cautela enquanto ele passa a socar o saco com as mãos enfaixadas. ─ Me desculpe, eu só não sabia como falar com você sobre isso.

─ Você me fez entender que queria pôr um fim em tudo. Eu não quero ser chato ─ De repente ele para com os movimentos, segurando o saco. ─ Mas não quero ter a minha vida invadida dessa forma. Isso não é pra mim, Belle.

─ Eu entendo. ─ Prendo a respiração por um momento, parando de andar. ─ Mas eu não posso fazer muito a respeito disso. Não queria que você fosse metido nisso tudo, mas eu realmente não tenho como mudar essa situação. Não agora.

Ele não responde, apenas volta a socar o saco com fervor, e eu abraço meus braços com um pouco de receio.

Quer dizer, o que aquilo realmente era? Ou o que poderia ser? Eu não consigo me isolar mais do que agora, e não quero ter que condenar os dois a uma oficialização incerta ou um afastamento repentino. Ou é tudo, ou nada, e isso é ridículo.

─ Você definitivamente não iria querer participar disso. ─ Sussurro, encarando o chão. E então levanto a cabeça, incerta se ele tinha me escutado ou não. ─ Não acho certo te meter nisso. Você já deve imaginar o que meu empresário sugeriu.

─ Assumir um namoro? Nós... ─ Ele para, a voz ofegante enquanto ele passa a mão pelos fios loiros e úmidos pelo suor. ─ Belle, eu realmente gosto de você. Mas eu não posso fazer isso.

─ E eu não quero que você se sinta desconfortável com tudo isso. Não quero que tenha incertezas.

Ele vira o rosto, mas eu posso ouvir o curto suspiro que o Jones lança. Eu não o julgaria por isso. Eu também não queria isso. Nós dois havíamos mudado, e independente do passado que tivemos, era uma situação completamente diferente. Ainda estávamos descobrindo quem havíamos nos tornado.

─ Então eu acho que as coisas estão claras agora, não é? ─ Ele não me encara, e aquilo estava me matando, por mais que eu sentisse que não conseguiria olhar em seus olhos.

Mesmo assim, mantenho a postura.

─ Acho que sim. ─ Desvio o olhar para o ambiente, que ainda estava vazio. Por uma fração de segundo, me perguntei onde Kim poderia estar. ─ Josh disse que seria melhor nos afastarmos, caso a outra opção não fosse... viável.

Merda! Minha voz parecia tão fria e estupidamente rouca, e eu me sentia como uma idiota insensível, tratando tudo como se fossem reputação e dinheiro.

─ Vai ser bom para afastar as câmeras de você. ─ Concluo, dando as costas ao homem e indo até minha bolsa, organizando os objetos dentro dela e arrastando a alça até meu ombro.

Respiro fundo, sem coragem alguma de me virar, mas mesmo assim o faço. Ele ainda não me encara quando encontro meus óculos em um bolso qualquer, mas ainda estava imóvel em seu canto, como se estivesse pensando em algo.

─ Tchau Nath. ─ Tento sorrir, mesmo que ele não veja, e enquanto saio da academia, posso escutar ele voltar a bater no maldito saco vermelho.

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