Eu conseguia ver o pânico nos olhos de Michael enquanto, descontroladamente, ele tentava guiar o carro. As suas pálpebras estavam inchadas assim como o resto do seu rosto que se encontrava também encarnado. Pequenas gotas de suor caiam pela sua testa revelando o stress em que se encontrava.
E eu? Bom eu estava a fazer o que faço melhor: Nada. Com a minha mão na sua perna, tentava freneticamente acalmá-lo e fazê-lo sentir-se melhor, mas sem resultado. Lágrimas caiam pelas minhas bochechas e por vezes leves soluços abandonavam os meus lábios inchados. Eu poderia tentar ser forte e mostrar-me adulta neste momento mas a verdade é que eu choro melhor que ninguém e até eu me encontrava assustada.
“Porque não chamamos a policia, Michael?” Perguntei de forma preocupada e assustada, não compreendo para onde ele nos levava. Mas, já nos encontrávamos bastante longe do festival.
“Porque a policia não pode estar envolvida nisto.” Respondeu. “Isto é tudo culpa minha, eu é que brinquei com eles e agora terei que lidar com as consequências.”
A minha cabeça estava à roda, mil e uma vezes ecoavam e faziam-me querer vomitar. Por um lado, eu queria saber mais sobre esta história e o porquê de Michael estar tão preocupado mas por outro, eu queria manter-me no meu canto e apenas fingir que nada estava a acontecer.
“Isto tem algo a ver com os homens que mataram a tua mãe, Michael?” Perguntei. Sei que o assunto o magoava imensamente, mas eu precisava de saber toda a verdade. Eu sempre soube que a história não ficaria por aí, era tudo demasiado estranho, mas agora com isto que aconteceu, eu necessitava de saber o que se estava a passar.
“Michael eu preciso que me respondas, eu quero saber a verdade!” Gritei e Michael deu um pequeno salto, perdendo completamente o controlo do carro. Ambos gritámos com o susto mas Michael conseguiu fazer o carro parar mesmo antes de bater contra uma árvore. Foi então que ele começou a chorar mais descontroladamente. “Michael?”
“Cala-te!” Gritou. Encolhi-me no banco quando ele levantou a mão e fechei os olhos com força. Ele estava mais irritado que nunca, o meu coração acelerado, os seus músculos estavam completamente tensos e por momentos um soluço seguido de um grunhido abandonou os meus lábios. Ele não me tocou. Quando abri os olhos, os seus estavam postos nos meus. Ele estava agora com um ar completamente perdido e interrogativo, talvez não entendendo o porquê da sua acção anterior.
“Não estou zangada.” Eu disse, vendo a sua mão agora no seu colo a tremer. Ele fechou os olhos. “Michael eu não estou zangada. Se não me queres dizer o que se passa, tudo bem, dir-me-ás mais tarde. Mas eu não estou zangada contigo.” Ele permanecia de olhos fechados, ignorando todas as palavras que abandonavam a minha boca. “Michael eu amo-te.”
Então ele abriu os olhos, os seus longos cílios piscando várias vezes tentando provavelmente focar a sua visão novamente, embaçeada pelas lágrimas. “Tu amas mesmo Mariana?” Perguntou.
A minha cabeça abanou freneticamente de forma positiva, querendo mostrar que sim, que eu o amo mesmo. “Eu amo-te mesmo Michael.”
“Então se me amas… Prometes que nunca me vais odiar mesmo quando descobrires toda a verdade?” Pediu. Ele estava tão assustado, eu conseguia ver todo o terror e medo nos seus olhos. Os seus lábios entreabertos estavam completamente encarnados e inchados e por vezes, por entre eles, saiam pequenos soluços que partiam o meu coração em mil bocados.
Eu não lhe poderia prometer algo assim. Claramente Michael tinha algo a ver com os homens que me tentaram matar e que agora raptaram a sua irmã. Eles eram claramente perigosos e Michael se calhar até já tinha sido um deles. Talvez isto fosse por causa de drogas. Ou de jóias. A verdade é que estes assuntos de Michael, mal resolvidos, trouxeram-me aonde estou agora: No seu carro, depois de um quase acidente, ao lado do rapaz que amo que ao mesmo tempo é um desconhecido para mim.
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Tomorrow Never Dies || Michael Clifford
Подростковая литератураQuando Mariana conhece Michael Clifford, a rapariga descobre que afinal nunca foi tão livre como pensara. Esta é a história de dois adolescentes que fogem juntos... mas de que está Michael a fugir verdadeiramente?