Nine.

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Lágrimas escorregavam pelas minhas bochechas, tornando a minha visão mais desfocada, enquanto estava agarrada à minha almofada, na cama. Toda a minha vida soube que os meus pais eram materialistas, que na verdade tudo com que se preocupavam era dinheiro. No entanto, nunca antes esperei que algo assim fosse acontecer, no meu aniversário.

Eu tive esperança. Tive esperança que o meu pai me deixasse explicar o que aconteceu, se bem que eu não tinha uma explicação lógica para o que Michael e eu estávamos prestes a fazer. Para ser honesta, tudo nesse momento se apagou. O mundo parou de girar, eramos apenas eu e ele. Não me arrependo. Nunca.

Michael e eu conhecemo-nos há pouco tempo, sei pouco sobre a sua vida, mas ele já mudou a minha forma de ver o mundo. Ele não precisa de ter a melhor aparência, as roupas mais caras, o melhor carro. Michael deu-me o carinho que nunca antes recebi, proporcionou-me novas experiencias e jamais conseguirei agradecer-lhe por isso.

Quando o meu pai me ofereceu dinheiro para eu deixar Michael, o meu mundo caiu. Foi como sentir todas as lâminas cortarem a minha pele, aos poucos. Todas as facas do mundo espetarem-se no meu peito, lentamente, fazendo com que eu sentisse cada pedaço de dor.

Eles não deram uma chance a Michael. Não o tentaram sequer conhecer. Eles olharam para ele e tiraram todas aquelas conclusões. Não sei se Michael vem de boas famílias, se tem dinheiro. Nunca foi algo que me preocupasse e não é algo que preocupa agora. No entanto, enerva-me que os meus pais tirem todas essas ideias sobre Michael sem sequer o conhecerem.

Cliquei na tecla verde, indicando que queria ligar para Michael. Estava desesperada. Esta casa não era mais… Um lar. Era agora uma prisão, a cada segundo que passava, sentia as paredes fecharem-se mais, o ar ficar mais pesado.

- Mariana. - A voz de Michael soou do outro lado da linha, o meu corpo ganhando uma força gigante nesse momento. Ele faz-me isto. Não sei porquê, não sei como, mas apenas ouvir a sua voz dá-me uma força gigante para encarar os problemas. Ele é como um anjo. O meu anjo.

- P-por favor Michael. - Apercebi-me da gravidade do meu choro apenas quando senti uma forte dor na cabeça e um soluço abandonar os meus lábios.

- Calma, por favor. Não chores. – Ele pediu, um desespero na sua voz.

- Eu quero sair daqui, eu não aguento mais ficar nesta casa, vamos embora. – Pedi, não tentando disfarçar a minha frustração. – Eu não quero estar mais presa, eu quero ser livre, livre contigo, Michael tira-me daqui, leva-me para tua casa, um hotel, Michael… Por favor. – Pedi, as minhas mãos tremiam.

- Eu vou buscar-te Mariana, eu faço as malas, eu vou buscar-te e vamos arranjar algo, por favor acalma-te. Liga a alguém. Ao Harry? Ao Wesley! Os teus amigos vão ajudar-te mas liga a alguém, não me deixes neste aperto.

- Por favor vem rápido. – Pedi, agora sussurrando, perdendo a força para falar.

- Mariana, faz o que te vou pedir. Mariana? – Michael chamou-me e eu apenas respirei fundo. – Estás a ouvir-me, Mariana?

- Sim. – Sussurrei.

- Pronto, pega numa, duas ou até três malas. Mete todas as tuas roupas dentro delas, os teus produtos, todas as tuas coisas. Todos os teus pertences Mariana, eu arranjo algo para nós. – Michael disse e eu assenti, mesmo sabendo que ele não me estava a ver. – Eu tiro-te daí e eu dou-te a liberdade que tu precisas, mas tens que ser forte agora e contribuir está bem? Pega também no teu dinheiro.

- No dinheiro da Universidade também? – Perguntei, enquanto me levantava e abria a porta do armário.

- Tudo o que é teu. Estou aí em uma hora… Eu gosto muito de ti, está bem? – Michael sussurrou também e eu assenti novamente. – Por favor diz-me algo.

Tomorrow Never Dies || Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora