Dois dias se passaram. Eu tentava a todo o custo parar o carro de Michael para irmos comer algo ou fazer as nossas necessidades, até para apanhar ar. Ele lutava comigo a maioria das vezes, dizendo que não poderíamos perder tempo. Claramente, eu já tinha noção disso. Mas preferia que estivéssemos fortes no momento em que fossemos atacar os homens.
Michael guiava por becos e caminhos diferentes, mas que fossem dar a Los Angeles mais rápido. Eu estava cansada. Todo o meu corpo estava dorido, o meu rosto inchado de todas as lágrimas que deitei nos últimos dois dias, o meu cabelo completamente despenteado e seco por eu não cuidar dele. Mas, estava sobretudo, cansada psicologicamente. Estava cansada de ter os pensamentos todos trocados, de estar a lutar por algo que eu nem sabia o que era. Isto já não era a adrenalina que eu havia pedido há tempos atrás. Isto era maior, mais grave e perigoso.
Eu estava prestes a enfrentar uns homens, que já antes me tinham tentado matar. E não é só isso: Eles agora, por alguma razão, também me queriam. Michael recusava-se a todo o custo contar-me o que ele havia feito para isto estar a acontecer e eu fora obrigada a aceitar essa sua decisão. Mais tarde ou mais cedo eu acabaria por saber, mesmo que isso implicasse algo muito mau acontecer.
“Podemos parar?” Pedi de forma cautelosa, não querendo enervá-lo mais. Tinhamos feito muitos progressos nos últimos dias. Consegui fazer com que Michael dormisse pelo menos duas horas por noite e acreditem, isso é muito, sobretudo para o estado em que ele se encontrava.
“Para que queres parar?” O que mais me doía era mesmo a sua voz. Ela estava rouca e falhava sempre que ele proferia alguma palavra. Só mostrava toda a dor que estava a sentir. E eu, não podia fazer nada.
“Eu quero parar para me deixares ser eu a conduzir.” Pedi. Ele continuou com os olhos postos na estrada, ignorando-me completamente. “Michael!”
“Mariana, deixa-me fazer isto está bem? Já estamos perto de LA, e tu não sabes a morada.” Respondeu tentando não ser bruto. Ele falhou completamente.
“Michael tu estás cansado, dá-me a morada e eu conduzo até lá enquanto dormes um pouco.” Insisti. “Faz isso por mim. Assim terás mais forças para me defender caso algo dê para o torto.”
E com um suspiro, Michael acabou por desistir e passou para o meu lugar.
~~
“Estaciona aqui.” Michael disse quando já nos encontrávamos em LA, numa zona repleta de armazéns. Eu não disse nada. Apenas estacionei o carro cautelosamente e depois de o fazer, virei-me para Michael. Estaria a mentir se dissesse que o meu coração não estava a bater mais forte do que o costume. Eu estava a suar por todos os lados, as minhas mãos, costas, braços, testa completamente encharcados. O ar do carro parecia tornar-se cada vez mais quente, como se estivesse a arder.
Michael parecia igual mas ao mesmo tempo parecia muito mais calmo. “Veste algo preto, sem fazer barulho.” Mandou e eu assenti. Saí do carro e rapidamente passei para a parte de trás do mesmo. Com alguma dificuldade coloquei umas calças pretas, uma camisola da mesma cor, botas e um casaco de cabedal por cima. Os meus braços eram demasiado brancos para que eu os pudesse mostrar. Michael já estava completamente vestido de preto antes então não precisou de mudar de roupa. A única coisa que ele fez, e que me deixou com o coração nas mãos, foi ir ao porta bagagens e de lá retirou duas armas e balas.
E foi aí que o nervosismo todo começou. O carro aqueceu imenso, a minha visão ficou turva, o meu coração parecia que ia saltar pela boca, a respiração estava presa na garganta. As minhas mãos e pernas estavam a tremer e eu conseguia ouvir Michael falar comigo mas era difícil de compreender o que ele me dizia.
«Faz isto Mariana, tu és forte, tu consegues, salva a Lucy.» Eu tentava dizer a mim mesma à medida que saía do carro e pegava numa das armas que Michael me entregou. Ele já não estava a chorar. A sua expressão estava séria e determinada, ele parecia uma pessoa completamente diferente.
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Tomorrow Never Dies || Michael Clifford
Fiksi RemajaQuando Mariana conhece Michael Clifford, a rapariga descobre que afinal nunca foi tão livre como pensara. Esta é a história de dois adolescentes que fogem juntos... mas de que está Michael a fugir verdadeiramente?