Nineteen.

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À medida que eu ia acordando, muito lentamente, uma dor na minha cabeça aumentava cada vez mais. Eu estava completamente cansada. Os meus batimentos cardíacos encontravam-se no seu estado mais calmo e normal, como se eu tivesse sido drogada. As minhas mãos estavam a doer. Os meus pulsos pareciam ser arranhados por algo à medida que eu tentava mexer-me e acabei por entender que estava amarrada.

Memórias do que tinha acontecido preenchiam a minha mente: A viajem com Michael, a procura no armazém, o pano branco, tudo ficou preto. Eu estava confusa e sobretudo preocupada. O que aconteceu com Michael depois do rapto? Será que ele ficou bem?

“Michael.” Murmurei. Por alguma razão, eu não tinha coragem de abrir os olhos. Provavelmente era o medo de encontrar alguém morto à minha frente, um dos raptores, encontrar Michael num estado critico. Mas eu precisava de falar algo e esse algo tinha que ser o nome dele.

“Ele não está aqui, Mariana.” Ouvi. Era uma voz calma e acolhedora, de rapariga, não mostrava querer-me mal. Eu conhecia esta voz de algum lado, talvez da escola ou assim. Então, fiz força e abri os olhos. É complicado acordar sem conseguir esfregar os olhos. O espaço era escuro, tudo cheio de pó. Eu estava amarrada nas mãos e nas pernas. Procurei de onde vinha a voz e o meu coração parou. Rachel. A melhor amiga de Michael, que ficou comigo a arrumar as coisas na minha festa de anos. Ela encontrava-se da mesma maneira que eu, mas tinha sangue no lábio e vários arranhões no rosto.

Ao seu lado encontrava-se a pequena e inocente Lucy. Ela estava também amarrada mas dormia profundamente. O meu coração doeu quando vi todos os hematomas nos seus braços e pernas despidos.

“Porque estou tão calma?” Perguntei. Tudo estava uma confusão.

“Ainda tens o corpo bastante adormecido Mariana, mas isso agora é bom. Tu não te podes enervar. Estes homens são perigosos.” O mais assustador era que havia um pingo de terror na sua voz. Ela estava aterrorizada.

“Quem são eles e porque nos querem?”

“Mariana eles querem-nos porque somos importantes para o Michael. E eles provavelmente vão manter-nos aqui até ao Michael pagar a sua divida.” Respondeu. Divida? Isto é tudo por causa de droga?

“Se o Michael tem uma divida ele podia pedir-me dinheiro. Eu pagava.” Suspirei. “Eu só quero ir para casa.”

“Dinheiro?” Rachel perguntou com uma expressão confusa. “Oh. Tu não sabes mesmo o que se passa pois não?” E aí, a sua expressão tornou-se triste e de pena. De mim. Por que raio ela estava com pena de mim?

Neguei com a cabeça. E quando vi essa sua expressão até eu tinha medo de saber o que se estava a passar. Rachel engoliu em seco e fez uma expressão de dor quando se tentou tirar das cordas que a prendiam, sem sucesso. Olhei os seus pulsos e estes tinham sangue seco. Fechei os olhos.

“Eu não estou muito dentro do assunto porque quase implorei ao Michael que não me metesse nisto. Tudo o que te posso dizer é que a divida não é do Michael mas sim do pai dele. E não é uma divida que se pague com dinheiro ou bens materiais.” Ela mordiscou o seu lábio e eu assenti. “Eu acho que isto tem que ser uma conversa que só tu podes ter com o Michael, apenas ele te pode explicar o que está a acontecer. Mas para isso vamos ter que esperar e rezar que corra tudo bem. Eles deram-lhe uma missão agora e ele vai trocá-la por nós e pode ser que no fim tudo acabe. O pior que pode acontecer é eles irem todos presos incluindo o Michael. Ou ele ser morto. Mas isso não lhes convinha muito.”

A minha cabeça estava uma confusão. Eu não conseguia perceber nada do que ela me estava a dizer, as suas palavras pareciam até ser faladas noutra língua, essa mesma que eu não conhecia. O que é que o pai dele tem a ver com isto?

Tomorrow Never Dies || Michael CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora