⁰⁸ São apenas sonhos

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Eu me assistia...

Enquanto andava sobre a areia eu literalmente me via, um garotinho gorducho e pequenininho, sentando contando suas sete conchas. Essas que eu mesmo havia procurado e guardado com todo cuidado.

Eu estava na praia e já era noite, as ondas iam e viam. O céu estava estrelado, e o brilho da lua ao fundo deixava o clima perfeio.

Os olhos do pequeno Jimin brilharam, tanto quanto aquelas belas e inúmeras estrelas.

Ventava nesse dia, mas não era algo que chegasse ao frio extremo, que precisasse de blusas com mangas longas.

A paz reinava naquele lugar, diferente da minha vida em situação atual.

— Jimin! — uma voz chamou, me fazendo olhar para atrás. Mas o homem seguiu para o pequeno Jimin -eu quando criança- e passou por mim, sem ao menos me notar -na verdade, o Jimin atual.

— Papai!— Minha voz fina gritou e ergueu os braços pequenos, recebendo um abraço acolhedor do homem. — Papai, olha essas conchas. — mostrei para ele com todo o orgulho do mundo.

Era meu pai, ele estava ali. Bem em minha frente.

— Que lindas! — meu pai sorriu. — Gostei muito delas.

— Eu queria dar uma delas para a mamãe, mas ela não está aqui. — o pequeno Jimin suspirou, me fazendo suspirar também.— Ela nunca está aqui.

— Não fique triste filhote.— ele disse abrindo um sorriso. — Sua mamãe está ocupada. Ela logo voltará e seremos muito felizes.

— É verdade papai?— perguntei olhando pra ele. Ah não, aqueles olhos estavam brilhando de novo. — Nós três seremos muito felizes?

— Sim. — ele acentiu. — Seremos muito felizes Jimin. Eu, você e a mamãe.

Promete papai?

— Prometo!

Assistindo aquilo, eu tive a certeza de que era mais um sonho, mas também tive total certeza de que ele, meu verdadeiro pai não conseguiu cumprir a promessa.

Seríamos felizes, mas isso é bem diferente de agora.

— Acorda Jimin!— uma voz gritou me fazendo pular da cama. — Esse despertador tocou várias vezes e você ainda não levantou.— era minha mãe gritando.— Seu pai pode acordar e ficar irritado com o barulho. — ele não é meu pai! — Você é uma vergonha! Mal consegue acordar no horário! O que quer fazer da vida? Você é uma vergonha.

Não aguentando mais, me levantei e fechei a porta, abafando os gritos e desligando o despertador -que nem tocou tantas vezes assim.

Mais um dia na vida de Jimin.

Depois de um banho eu vestia a roupa de uniforme e me questionava entre comer ou não.

Quando ergui minhas mãos para pegar um dos pães minha gritou.

— Não pegue esses!— ela os puxou para um lado.— São do seu pai. Tem outros no armário.

E quando eu me dirigi até o armário e abri as portas me deparei com pães dormidos, já estavam ali a muito tempo.

Então minha opção foi não comer hoje, como em toda semana.

Água também não era meu forte, então era melhor só seguir a rotina.

Depois de sair de casa, e andar alguns metros meu celular começa a tocar.

— Bom dia Jimin!— a voz de Yoongi gritou do outro lado da linha.

— Bom dia, Yoon — dei um sorriso. — Como conseguiu meu número?

— Hum... Digamos que Taehyung me contou que Hana tem uma quedinha por Jungkook e já se declarou várias vezes. Menina tonta... — ele deu uma risada nasal.— E então eu subornei Jungkook para pedir a ela o seu número.

— Uau...— dei uma gargalhada.

Mas enfim, estou te esperando em frete a praça. Por favor não demore.— Yoongi disse.

— Já já estou chegando. — Falei dando um sorriso que ele não podia ver.— Me espere. — desliguei a chamada.

E meu dia tinha ganhado cor novamente, sempre que Yoongi aparece as cores também se fazem presentes.

Antes que eu pudesse guardar o celular ele tocou novamente.

— Alô? — perguntei confuso, ja que Yoongi tinha me ligado tempos antes.

— Oi Park. — Uma voz grossa, diferente de Yoongi se pronunciou.

— Taehyung?— perguntei novamente.

Ele mesmo. Você está bem?— ele perguntou, parecendo um pouco preocupado.

— Sim, já estou indo para a escola.— respondi.

Yoongi já deve ter contado a história de como conseguiu seu número, não é? — ele disse rindo.

— Sim.— ri também. — Mas por que você está ligando?

É que...— Ele pigarreou. — Queria saber se você pode sair, 'pra conversarmos mais tarde. Depois da escola.

— Hum...— pensei um pouco.— Acho que sim.

Ótimo! — ele quase gritou. — Combinamos o resto na escola.

— Okay...— respondi confuso, mas achando um pouco de graça.

Nos despedimos e ele desligou...

Isso foi estranho, mas agora estou curioso.

Taehyung é cheio de surpresas.

— Finalmente! — Yoongi disse se levantando do banco. — Vamos para a aula.

— Vamos! — dei um sorriso.

— Uau...— ele parou do nada e ficou me olhando de cima abaixo. — Está mais bonito hoje.

— Deixa de ser mentiroso. — Comecei a rir.

— Não é mentira. — ele disse sério. — Você está mesmo bonito.

— Se for assim aquela enfermeira tem a ruga mais linda de todas. — falei já começando a rir.

— Eca! — Yoongi fez cara de nojo. — Me fez lembrar dela logo pela manhã. Não se compare a ela.

E assim seguimos nosso caminho, com conversas aleatórias e coisas engraçadas. Yoongi e eu.

Forever Alone | PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora