³² desistir

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"Você tem que acordar!" Minha própria voz gritava em minha mente. Eu estava em um pesadelo que não parecia ter fim.

Até eu mesmo no sonho me jogar de um penhasco, querendo dar um fim nisso. Mesmo que fosse apenas um sonho, eu queria que fosse real.

E foi assim, que sem que eu notasse estava acordado com os olhos arregalados e o coração com batimentos acelerados. Meu corpo doía por inteiro, por quanto tempo estive aqui? Parece que fazia tempos que não me exercitava.

Mas... Por que eu estava acordado? Aquelas coisas que senti a tempos atrás antes de não me lembrar demais nada, fizeram isso?

Por quê? Por quê eu estava acordado de novo? Eu me sinto tão vazio, foi como se os problemas tivessem voltado.

Não que fosse ruim acordar de um coma, onde eu me sentia preso. Mas o problema era que eu estava mal, eu não queria estar aqui, não queria estar vivo.

Eu me levantaria daqui e fingiria que minha vida nunca foi difícil? Eu me levantaria todos os dias e me encararia no espelho vendo o rosto de alguém que não era eu? Eu não poderia fingir que nada nunca aconteceu, não poderia fingir uma vida feliz sendo que esse, não era meu destino.

Por mais que Taehyung, Yoongi ou Jungkook estivessem ao meu lado, eu não suportaria. Não suportaria o peso de viver tudo que vivi.

Mas como sempre, as pessoas não se importam. Mesmo quando eu sentia a vontade louca de chorar ou era o "isolado" da sala, ninguém estava nem aí.

A pergunta era só uma; por que eu estava vivo?

Ninguém se importa mesmo, por mais que as coisas mudem, eu sempre estive sozinho. Nada vai mudar isso.

Eu queria que isso passasse, mas não vai, nada vai mudar.

Eu não tenho pais, não tenho rumo, não tenho mais para aonde ir...

Parece que tudo e todos me contrariam fazendo com que eu fique vivo. Mas já que eu não morro por causas naturais, por que eu mesmo não posso fazer esse favor a mim?

Se matar não estava nos planos que o Jimin de nove anos tinha para o futuro, mas as coisas mudaram. Tudo ficou mais difícil.

Era um problema eu não querer mais viver? Acho que sim. Com certeza era.

Eu então, ergui o corpo me levantando enquanto via uma caneta e uma prancheta ao lado da cama. Eu podeira fazer como nos filmes ou até mesmo na vida real, deixar uma carta de despedida.

Não seria muito conveniente e seria um clássico final triste, mas eu tinha que fazer isso. Me comunicar com eles por uma última vez e dizer algumas coisas.

Deixando a caneta lá, eu me levantei e arranquei os fios presos a mim. Eu queria sair dali o mais rápido possível. Quando encarei o relógio me deparei com o horário de quatro e dez da manhã. Eu tinha que ser rápido.

Não sabia se o rio Han era tão longe, mas teria que ir até lá. Era a única forma de fazer essa dor acabar. Vesti uma roupa que estava em cima de um dos móveis e pelo o tamanho percebi que, aquelas coisas roupas eram de Taehyung. Não importa, não importa.

Sai dali e rumei para as escadas sentido uma enorme dor no peito, o que estava acontecendo? Só por que eu tentava me matar, queriam me matar primeiro?

Percebi que a avenida em que o hospital era localizado era a mesma que dava acesso ao rio. Isso era o destino me incentivando a continuar?

Corri o mais rápido que podia, indo até o rio Han, tinha que dar um fim aquilo logo.

Cheguei até a ponte que estava pouco movimentada, eu tinha que ser rápido antes que eu alguém passasse e usa-se o telefone especial que havia ali, para casos de pessoas tentando suicidar.

Fui até a beirada e subi nas grades escalados elas, chegando ao topo do "encosto" grande que havia ali.

Seria agora, eu morreria e esse seria meu único fim. Morrer.... Ao fim eu iria morrer.

— Ei menino!— uma voz rouca gritou me assustando um pouco.— O que está fazendo aí?— quando olhei para atrás vi um idoso que parecia bêbado.— Mas que pergunta a minha, não?— ele gargalhou.— Você quer se matar! — ele disse como se fosse óbvio.— Não se mate.— ele disse dando um gole na própria bebida.

— Eu tenho que fazer isso.— falei a ele que me encarou franzindo o cenho.— Minha vida é muito ruim, seria melhor perde-lá.— disse encarando a correnteza do rio.— É meu destino...


— Não faça isso garoto.— ele disse caindo para os lados.— Você não precisa fazer isso, não desperdisse a vida.— ele continou.— Eu perdi tudo e agora estou aqui, acha que eu não queria morrer?— ele perguntou desacreditado.— Enfrente isso como homem! Seja forte o suficiente, você já chegou até aqui.

— Mas senhor...— argumentei.— Não há o que fazer, eu sempre sofro não importa como.

E aqui estava eu, desabafando para um bêbado. A vida sempre me surpreende.

— Você acha isso mesmo?— ele perguntou.— Você só está focando ao lado ruim da história, já pensou nas coisas boas que te aconteceram? Você só estava criando caráter! — ele se aproximou e sorriu para mim.— Esse não é seu destino, seu destino não é morrer dessa maneira.— ele afirmou levantando as próprias mãos e fechando os punhos.— Seu destino é morrer bem velhinho e feliz lembrando e ainda desfrutando das coisas boas da vida. Você ainda será muito feliz.

Eu pensei realmente no que ele disse, mas eu ainda precisava demais incentivos para mudar de ideia.

Olhando para a frente, eu li alguma das mensagens que outras pessoas deixaram para pessoas que como eu, queriam morrer por conta própria.

"Você tenta tapar um buraco, mas acaba criando um em outras pessoas que te amavam."

"A vida é curta demais para não ser vivida intensamente."

"A morte não é a solução para você, você é sua própria solução."

Antes que eu percebe-se já estava chorando, por quê tudo tinha que ser tão difícil? Eu tinha que chegar ao ponto de me matar para que isso acabasse? E se isso só piorasse apartir da decisão morrer?

— Não chore...— o homem disse com pena.— Desça daí!— ele disse praticamente me puxando pelos pés. Ele mesmo poderia me derrubar mas, não estava ciente disso. Então assim, desci dali de cima caindo no chão em seguida.— Não precisa ficar assim, eu sei como a vida é difícil. Olha 'pra mim.— ele apontou para si mesmo.— Eu desisti dela e agora vivo assim, sem saber para aonde ir e pedindo esmolas por aí. Mas pelo menos, eu tomo banho! — ele disse pegando em meu ombro erguendo um pouco o corpo para isso.— Se você desistir, as coisas não serão nada boas, a tendência é só piorar! — Ele gargalhou.— Eai, ainda quer morrer?

Eu queria morrer? Acho que eu poderia recomeçar do jeito certo. Queria saber se aindam restavam chances para Park Jimin.

— Não eu não quero...— fui sincero a ele e a mim mesmo.— Eu quero tentar de novo, quero tentar ser feliz mesmo sendo difícil.

— É disso que estou falando!,— Ele exclamou quase gritando em comemoração, dando um pulo.— Agora que tal irmos a uma lanchonete e comprar Soju?— ele deu a proposta com os olhos brilhando.— Podemos recomeçar bem assim.

Esse homem é louco e engraçado, gostei.

— Desculpa senhor, mas eu ainda sou menor de idade.— argumentei me levantando e limpando as lágrimas.

— E quem disse que você vai beber?— ele perguntou arregalando os olhos.— Eu bebo cerveja e você bebe refrigerante.— ele disse já me puxando pelo braço.— E ainda vamos nos aquecer, vamos! Vai ser bem divertido.— ele incentivou e acabei aceitando a ideia.

Afinal, a vida tinha começado novamente para mim. Eu só tinha me esquecido da carta e que não dei notícias a ninguém...

Forever Alone | PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora