¹⁰ confie em mim

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Antes de eu sair da escola chuviscava, mas agora que eu estava a poucos metros da cafeteria, a chuva havia se intensificado e trovões caiam do céu composto por nuvens escuras.

— Esse é o tempo ótimo para um dia de desgraças!— um mendigo disse a outro enquanto eu passava por um beco.

Isso me fez ficar ainda mais temeroso. Tudo que eu menos precisava era de uma influência para que as borboletas em meu estômago aumentasse.

Tudo que eu menos precisava era de desgraças.

O que Taehyung queria dizer para mim?

Será que ele só queria pedir desculpas?

Ou ele só queria me atormentar mais?

O que será?

Suspirei fundo antes de subir as escadas e entrar na cafeteria. Quando abri a porta o sino fez um barulho extremamente alto, fazendo todos ali me olharem.

Eu fiquei sem graça mais não liguei para as outras pessoas.

Avistei Taehyung sentando em uma das mesas ao fundo, ele parecia pensativo o que me deixou mais apreensivo.

Ele não havia me visto ainda e quando me sentei em frente a ele, ele se assustou.

— Jimin! — ele sorriu, com um de seus sorrisos quadrados.— É bom ver você.

— Ah... Oi.— falei sem jeito e me xingando mentalmente por isso.

— Quer algo para beber?— ele perguntou me encarando.— Ou para comer?

— Não, obrigado.— não conseguia comer, comi todo o Kimchi que Jungkook me deu e tudo que eu menos queria era engordar.

— Tem certeza?— ele perguntou e acenti.— Jimin...— ele me repreendeu com o olhar e logo depois, chamou um atendente. — Dois cafés expressos por favor.

— Mas- — tentei negar mais fui cortado.

— Nada de "mas".— ele disse balançando a cabeça.— Me desculpa, por te fazer vir na chuva.— ele disse assim que o atendente foi embora.

— Tudo bem, você não sabia que iria chover.— respondi olhando para a enorme janela ao lado.

— An, Jimin.— ele pigarreou me fazendo o encarar. Mas sua expressão estava neutra.— Nós temos que conversar...

— Sim, claro.— acenti mesmo que um pouco nervoso.— É por isso que estamos aqui.

— Eu acabei descobrindo uma coisa sobre você. — Ele disse direcionado os olhos aos meus, fazendo nossas pupilas se encontrarem.

Meu mundo congelou.

Minha mente se encontrou em colapso e o olhar se Taehyung junto ao meu, não estava ajudando.

Será que hoje é mesmo um otimo dia para desgraças?

— Descobriu o quê?— perguntei depois de segundos.

— Por favor, vamos com calma.— ele ergueu as mãos e eu acenti. — Você pode ir comigo até o banheiro?

— O QUÊ?— eu praticamente gritei e todos ao redor me olharam, me fazendo encolher um pouco o corpo. — Por que você quer ir comigo até o banheiro?

Isso é ir com calma?

— Por favor, vamos.— ele implorou. — Por favor Jimin.

Estou ficando com medo.

— Mas, eu estou com medo.— falei sendo sincero e encarando o chão.

— Eu prometo não fazer nada demais com você.— Ele disse levantando os braços.— Não vou te machucar ou algo do tipo. Confie cem por cento em mim.

Taehyung com toda certeza do mundo é louco.

Mas eu também sou, então okay.

— Tudo bem.— Falei e ele sorriu minimamente.— Vamos.

Ele se levantou da cadeira e eu o segui até o banheiro, deixando minha mochila perto da mesa.

O banheiro era bem grande e estávamos sozinhos, mas isso era o de menos agora.

— Pronto, estamos aqui.— Falei o obvio o encarando.— E agora?

Ele me puxou até uma das "cabines" do banheiro.

— Jimin, — ele disse antes que eu pudesse argumentar algo.— Tire a blusa.

Quê?— perguntei arregalando os olhos e perplexo.— Taehyung você usou alguma bebida alcoólica antes de vir 'pra cá?

Isso definitivamente, não e ir com calma.

— Não, não bebi nada.— Ele disse ainda me olhando.

— Usou drogas então?— perguntei e ele suspirou.— Entorpecentes?

— Jimin! — ele me repreendeu.— Só... Confia em mim, tá? Eu não vou te machucar.

Eu não podia tirar a blusa.

Na noite anterior meu "pai" deixou marcas enormes por toda a parte, ele não tomou cuidado como em algumas outras vezes.

Eu tentei de tudo, mas elas não saíram, a única saída foi colocar um remédio qualquer. Para amenizar a dor e o quanto ardia.

— Taehyung, eu confio em você.— Falei encarando o chão.— Mesmo nesses poucos dias em que te conheço, posso dizer que confio.— derrepente eu me senti triste.— Mas, eu não posso tirar a blusa.

— Jimin.— ele levantou meu rosto. — Eu disse para confiar cem por cento em mim. — ele soltou meu rosto, mas ainda continuou me olhando.— Se estou pedindo para você tirar a blusa mesmo que sem contexto algum, é por que sei o que estou fazendo. — ele disse me fazendo ficar intrigado.

Eu encarei por mais segundos com os olhos arregalados e confusos, eu não sabia o que fazer ou onde enfiar a cara.

— Tudo bem...— cedi outra vez.— Mas eu não garanto nada. Nada mesmo.

— Não quero que garanta.— ele afirmou.

E então, fechei meus olhos e me preparei para começar a puxar a barra da blusa.

Não queria ver a reação de Taehyung durante esse processo, então fechei os olhos e senti um pouco de dor por levantar os braços.

Quando tirei a blusa por completo, recuperei o fôlego e ainda me mantive de olhos fechados.

— Jimin...— foi a única coisa que Taehyung sussurou próximo a mim.

Quando abri meus olhos tive a visão de um Taehyung paralisado.

Isso me aterrorizou ainda mais.

Tentei me proteger com a blusa, mas Taehyung a puxou de minha mão.

— Jimin, quem fez isso com você?— ele perguntou, tocando devagar por uma parte da pele que não estava roxa ou ferida.

— Taehyung.— meu olhos lacrimejavam.— O que você quer com isso? Me mandando fazer coisas absurdas. Quer zoar com a minha cara?— perguntei rindo sem humor, mesmo com as lágrimas nós olhos.— Olha, eu passei minha vida sendo enganado e abandonado pelas pessoas.— falei enquanto Taehyung intercalava o olhar entre meus dois olhos. — Se você viu minhas marcas, vai querer ir embora também. Então pare de falar e fazer essas coisas absurdas, okay? Nem todo mundo é tão bonito e durão quanto você.

Peguei minha blusa da mão dele com raiva e a vesti já saindo daquele lugar e do banheiro.

Mas antes que saísse da porta do banheiro, Taehyung me puxou pelo braço.

— Foi ele, não foi?— ele perguntou com os olhos cheio de desespero.— Ele fez isso com você?

— O quê?— expressei minha dúvida.

Dae-ho, ele machucou muito você?— ele perguntou segurando meu rosto.

— Como você conhece meu padrasto?

Forever Alone | PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora