⁰⁷ Tudo bem

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Os meninos com toda certeza são muito enérgicos. Eles fizeram uma bagunça no hospital e ficaram o tempo todo comigo.

Sem contar, que toda hora que a "enfermeira da ruga no nariz" aparecia e eles não se seguravam e riam. A mulher ficava confusa e eu dizia para ela não ligar para eles.

Conversamos bastante e descobrimos -por uma fofoca de Taehyung- que Jungkook era o mais novo e então o obrigamos a nós tratar com respeito e nos chamar de hyung's. Mas ele se recusou, dizendo que era questão de apenas meses.

Taehyung se sentia culpado e isso era óbvio, já que toda hora ele pedia desculpas e insistia em fazer algum favor para mim. Não sei por que ele se sente assim, a culpa não foi dele.

Jungkook brigou com Taehyung o tempo todo e disse que iria me proteger dele a qualquer custo. Ele literalmente pegou o lençol que me cobria e amarrou as pontas ao pescoço, fez uma pose e disse que era meu super-herói. Todos riram, inclusive ele.

Yoongi ficou ao meu lado e conversou bastante comigo e com os meninos, dizendo que eu tinha que tomar cuidado e os meninos me apoiarem nisso. Ele me deu conselhos quando falei um pouco sobre minha solidão.

Nos conhecíamos a menos de dois dias, mas era como se, os conhecessem a anos.

Eu havia recebido alta no final da tarde e não sei se estava feliz ou triste por isso. Foi uma das melhores tardes de muito tempo.

Já na porta do hospital nos despediamos, planejando cada um ir para sua casa.

- Hyung, não quer que eu te leve pra casa?- Jungkook perguntou segurando sua mochila.

- Não, obrigado. - dei um sorriso e gostei do jeito de ele me chamar, mas ele sequer percebeu.

Ficamos um tempo em silêncio enquanto nos olhavamos, acho que ninguém queria ir embora.

- Bom...- Suspirei meio triste. - Muito obrigado por hoje. Vocês ficaram o tempo todo comigo me ajudando a passar o tempo.

- Nós é que agradecemos. - Taehyung disse bagunçando os fios do meu cabelo, enquanto sorria.

- Sim, nós que te agradeçemos. - Yoongi disse confirmando a fala de Taehyung.

Um carro parou ao outro lado do passeio e Jungkook deu um pulo.

- Minha mãe chegou. - ele disse olhando para nós e se dirigindo até o carro. - Tchau hyung's, até amanhã na escola. - Ele gritou, levantando os braços e acenando com as mãos. Devolvemos o aceno e ele se foi.

- Ele nem percebeu do que nos chamou, não é mesmo? - Taehyung disse nos fazendo rir. - Bom, agora sou eu quem vai embora. - ele olhou para o relógio em seu punho.- Vou pegar o ônibus antes que seja tarde.- ele disse já andando e virando a esquina.

- Jimin, não se esqueça. - Yoongi apontou para mim. - Amanhã nos encontramos na praça, para irmos a escola juntos. - acenti e dei um sorriso que foi retribuído por ele. - Até mais. - Yoongi disse e seguiu seu caminho oposto ao meu.

Suspirei fundo e também rumei para meu caminho.



Chegando a porta de casa me preparei, mentalmente para abrir a porta e entrar.

Assim que abri a porta, percebi o silêncio estranho.

Chegando a sala de estar, me deparei com latas de cerveja por todo os cantos e cheiro de bebida alcoólica. E notei um corpo praticamente jogado no sofá.

Era meu querido -so que não- padastro.

- Jimin, aonde você estava?- minha mãe apareceu, fumando um de seus cigarros.

- Eu estava no hospital.- falei achando que ela soubesse. - Não... Não te ligaram?

- Ah - ela mudou um pouco a expressão, parecendo lembrar. - Tinha esquecido. - ela bocejou. - Não importa, preciso que você vá até ao mercado e compre mais bebidas para seu pai.

"Ele não é meu pai." era o que eu queria gritar.

- Mas...- tentei argumentar mas ela me cortou.

- Troque de roupa e se apresse. - ela disse saindo da sala e não me dando mais atenção.

Eu havia voltando do hospital a pouco tempo e é assim que ela me trata. O que mais eu poderia fazer, além de servir de cobaia e empregado particular, não é mesmo?

Esse é o custo se ser filho único.

Encarei um pouco a parede e então resolvi ir até meu quarto.

Depois de arrumar o quarto e tomar um banho, vesti as primeiras roupas que encontrei para ir até ao mercado.

Quando abri a porta, me deparei com Dae-ho, meu padastro encostado na parede. Ele me encarou por alguns segundos, antes de me jogar no chão.

- Aonde você estava?- ele gritou.

- Eu estava no hospital.- respondi ainda no chão.

- Mentiroso!- ele respondeu me dando um chute na lombar. - Não minta! - mais um chute nas costas.

Não era como se não doesse, mas eu já estava acostumado. Era tão normal, beber, beber e quebrar a cara do primeiro que encontrar, no caso eu. Ele se certificava de não deixar marcas o que eu agradeço mentalmente.

Com toda certeza, ele ia acabar de descontar sua raiva e me mandar buscar mais bebidas, encher a cara e acordar botando a culpa em Deus e o mundo por estar com dor de cabeça.

Mas tudo bem, era só parte da minha rotina.

Forever Alone | PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora