¹⁷ O que não dizer

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Acordei com cutucões em meus braços, eu havia conseguido dormir tão bem. Não queria acordar agora.

— Jimin.— Taehyung chamou sussurando.— Vamos nos arrumar para ir 'pra escola.— Ele disse me fazendo abrir os olhos.— Bom dia.— ele sorriu, parando em frente a cama.

Percebi que Taehyung estava com os cabelos molhados e estava de roupão, além do cheiro doce de sabonete pairando no ar.

— Bom dia.— Falei me espreguiçando e esticando o corpo na cama vazia.— Você já tomou banho?— o encarei — Por que não me acordou?

— Ah, eu não fui capaz.— ele deu uma risada nasal.— Você 'tava dormindo tão gostosinho, não podia te acordar.— ele fez uma carinha fofa, me fazendo rir.

— Você poderia me acordar sim.— Me sentei cruzando os braços.— Não importa, não posso te atrasar por causa do meu sono.

— Você dormiu um pouco mais e eu tomei banho.— ele veio até mim, bagunçado meus cabelos que já estavam espiados.— Você não está me atrasando em nada. Está bem cedo afinal.

— Tudo bem, acho que agora é minha vez de tomar banho.— me levantei em um pulo.— Você pode me emprestar uma toalha?

— Tem algumas lá embaixo, quando eu terminar de me vestir eu pego e trago 'pra você.— ele disse, logo depois piscou e sorriu.— Pode ir.

Dei de ombros e segui meu caminho até o banheiro.

Estava tudo bem enquanto eu tomava meu banho quente, até me lembrar que passei mal de madrugada.

Eu não devia ter comido tanto, me fez mal. Eu me enchi de coisas nada nutritivas e que não fazem nada bem. Eu devia parar de comer coisas tão gordurosas, mas eu não gosto de verduras. Não há solução.

Eu não tenho muita vontade de comer e por mais que tenha, não posso. Comer me faz mal, eu não tenho tempo para isso e eu evito engordar também.

Mal percebi quando já haviam se passado uns quinze minutos. Sai do box me deparando com duas toalhas em cima da pia, Taehyung havia entrado e eu nem vi.

Depois de me enxugar e vestir minhas roupas sai para fora do banheiro, arrumei minha mochila e guardei os materiais que usaria hoje.

Depois disso passei pelo corredor reparando o silêncio nos quartos, diferente dos barulhos que percebi enquanto descia as escadas.

— Taehyung Oppa, eu não quero mudar de escola!— a voz de Lin-na disse quase gritando.

— Você sabe que a escola de vocês é bem longe, eu sempre me atraso por causa disso.— A voz de Taehyung rebateu em tom mais serio.

— Você sabe, Lin-na não gosta nada da sua escola. — Sun-na disse parecendo calma.— Se você se atrasa por nossa culpa, não nos leve mais.

— Eu levo vocês para a escola, por que aquele bairro é muito perigoso.— Taehyung respondeu bufando.— É melhor vocês mudarem de escola e a mais próxima é a minha. Ela é no nosso bairro, vou levar vocês sem preocupação e eu vou ver vocês sempre que quiser.

Eu já havia descido as escadas, coloquei minha mochila no sofá da sala de estar e estava indo em direção a sala de jantar, mas eles não perceberam.

Oppa...— Lin-na suspirou.— Você sabe que eu não quero ver ele...

Ele quem?

— Eu sei que não Lin-na.— Taehyung respondeu calmo.— Mas é preciso.

Só quando Sun-na virou o rosto com uma expressão triste, percebeu que eu estava ali.

— Jimin, bom dia!— ela disse, atraindo olhar de todos a mim e interrompendo a discussão.— Você já está pronto. — ela me puxou até uma das cadeiras.— Senta com a gente.

Me sentei em uma cadeira no meio de Lin-na e Sun-na, Taehyung saiu da sala de jantar e foi até a cozinha.

— Bom dia.— acenei e ela deu um sorriso.

— Bom dia Jimin!— Lin-na disse sorrindo, tirando a cara de tristeza que estava segundos atrás.— Como foi sua noite?

— Ah, foi ótima e a de vocês?— perguntei fechando minha blusa de frio.

— Dormi feito um anjo.— Lin-na sorriu bebendo algum liquido em sua caneca.

— Hana não me deu sossego, mas eu consegui dar um jeito nela.— Sun-na sorriu vitoriosa.— Ela é uma vaca.— ela fez cara feia em seguida.

— Quem é uma vaca?— Taehyung perguntou saindo da cozinha com uma cesta em mãos.

— Ninguém.— Sun-na sorriu sem graça.— O que tem aí?— ela perguntou mudando de assunto.

— Só alguns pães e salgados.— Taehyung disse colocando o objeto em cima da mesa.— Vou pegar alguma coisa pra beber.— ele disse entrando na cozinha novamente, mas voltando até a sala de jantar.— Jimin, o que você quer beber.

Eu não queria comer ou digerir algo e nem podia, mas como dizer isso sem ser um sem educação?

— Não estou com muita fome hoje.— falei sorrindo sem graça e ele me olhou com reprovação.— Não se preocupe, não quero comer.

— Tudo bem.— ele suspirou e entrou na cozinha novamente.

— Jimin come.— Lin-na incetivou colocando a mão em meu ombro.

— Comida é vida.— Sun-na concluiu pegando um salgado.

— Eu sei disso.— menti.— Só não quero comer hoje.

Taehyung voltou com café e suco em mãos, se sentando em seguida.

Meu celular começou a tocar e assim o alcancei.

Bom dia Jimin.— era Jungkook.— Como você está?

— Ah, estou bem.— respondi.— E você Jungkook, como está?

Quando eu falei o nome Jungkook, todos envolta me olharam. Era como se eu houvesse feito algo errado e atraído o olhar de todos por isso. Sentia que não devia ter dito isso, mas não sabia o por quê.

Estou bem também.— ele disse e todos a minha volta não olhavam mas 'pra mim, o que foi um alívio.— Yoongi falou que sua mãe te expulsou de casa. Tomara que você fique bem.— ele suspirou.— Aonde você está? Yoogi não me contou essa parte, fiquei preocupado.

— Não se preocupe. Estou por enquanto, na casa de Taehyung.— Falei e me arrependi por isso.

Atrai os olhares deles novamente, como se eu tivesse cometido um crime.

— A-ah eu vou...vou checar se peguei tudo.— Lin-na disse se levantando as pressas da mesa e saindo dali.

Foi a pior desculpa que eu já ouvi.

— Lin-na, espera.— Sun-na disse indo atrás da irmã, me deixando confuso por isso.

Na casa de Taehyung?— Jungkook também parecia surpreso.— Ah...— Havia alguma coisa que eu não sabia.

Olhei pra Taehyung em busca de alguma resposta, mas a única coisa que ele disse antes de sair da mesa foi: — Eu vou pegar minha mochila lá em cima.

Yoongi disse para você se encontrar com ele na praça, perto da escola.— Jungkook disse, em um tom nada bom.— Tenho que ir agora.

E desligou.

O que eu havia feito de tão ruim? Não importa, me senti um monstro mesmo sem saber o motivo. Não devia ter falado, eu só causo problemas, até sem querer.

Sempre dou um jeito de magoar as pessoas, sempre as levo pra longe. A culpa é sempre minha.

Não devia estar aqui... E foi pensando nisso que me levantei da mesa, peguei minha mochila e sai da casa.

Talvez deixar Taehyung e as meninas irem sem mim fosse melhor, além de que eu precisava encontrar com a minha luz, se chamada Min Yoongi.

Forever Alone | PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora