A Maldição do Boto - Parte 2

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Acordei pela manhã, a cabeça doía.
Mais uma vez, vi o rosto de Lenita ao meu lado.

– Você tá bem?! O que aconteceu?! — Ela perguntou desesperada.

– Do que você está falando? — Indaguei.

– Do que eu estou falando?!

Nesse momento, Bruno entrou no quarto.

– Finalmente você acordou, cara. Que porra que tu tava tentando fazer? Se matar?

– Me matar? Que bobagem é essa?! — Comecei a ficar irritado.

– Vai se fazer de desentendido? — Perguntou Lenita.

– Mas... Eu não consigo me lembrar de nada...

– Deve ter sido a pancada que deram na tua cabeça, foram necessários alguns homens para te impedir de se jogar no rio, o que tava acontecendo contigo?

– Como assim? — Perguntei assustado — Do que vocês estão falando? A última coisa que me lembro é do homem no rio...

A expressão de Lenita mudou.

– Homem? Que homem?

– Tinha um homem lá... Nas pedras... E...Ele caiu no rio...

– Cara, não tinha ninguém ali, alguém teria visto. Quando me chamaram você já estava desacordado, mas não ouvi falar de homem nenhum.

– Vocês não deviam ter matado aquele boto...
— Disse Lenita.

– Ah, começou... — Disse Bruno.

– Vocês podem deixar de drama?! Que história é essa? O que eu fiz? — Eu estava mais que irritado, queria entender o que tinha acontecido, mas só estavam me deixando mais confuso.

Lenita e Bruno se entreolharam.

– Preciso ficar sozinho, por favor. — Pedi.

Com certa relutância, saíram do quarto.

Me matar? Pensei.
Boto?... Não, claro que não.
No fundo eu sentia medo.

Levantei-me da cama após um bom tempo e fui até a sala, Lenita e Bruno conversavam sobre algo mas mudaram de assunto quando perceberam minha presença.

– Que horas são? — Perguntei.

– Sete e quarenta da manhã. — disse Bruno.

– Minha cabeça dói... — Falei.

Bruno riu.

– Você tá bem? — Perguntou Lenita.

– Tirando a dor de cabeça, sinto fome.
— Respondi.

– Vou preparar a mesa, não tive tempo de fazer nada... — Disse Lenita.

– Tudo bem, eu vou...

– Não vai a lugar nenhum, já preparei café e alguns sanduíches pra gente. Lenita não desgrudou de você a noite inteira. — Disse Bruno — Acho melhor tirarmos o dia pra descanso.

Queria ir pescar, era difícil algo me abalar, mas a expressão no rosto de Lenita fez com que eu concordasse.
Apalpei meus bolsos e percebi que estavam vazios...

– Meu colar!

– Ah, sobre isso... — Disse Bruno tirando algo de seu bolso.

– Quando cheguei lá encontrei-o no chão, partido. — Ele jogou-o para mim, que apanhei com as duas mãos.

– Droga... — Resmunguei.

Não havia nem como ajeitar, tanto a pedra quanto a corrente haviam partido, e Raquel voltaria no dia seguinte.

Curtas Histórias Macabras Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora