A Escolhida, Parte 1 - Olhos Amarelos

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Augusta e João, um casal de cariocas, resolveram um dia passar um fim de semana no Nordeste como celebração, afinal, estavam completando 3 anos de casados.

Escolheram a cidade de Recife, devido a suas praias magníficas, o fato de Augusta ser nativa de lá também influenciou. Tinha sido trazida para o Rio de Janeiro aos 10 anos de idade, quando um incidente abalou a todos da família:

Era seis de junho de 86, seu aniversário.
Um presente foi deixado na porta de sua casa. Os pais, achando se tratar de algum parente ou amigo brincalhão, guardaram-o junto aos outros presentes que pretendiam entregar após a comemoração.

A caixa era grande e estava embrulhada em um papel vermelho brilhoso, amarrado por uma fita verde com um grande laço no topo, era um tanto pesado. Perguntaram-se curiosos o que seria, mas não queriam estragar a surpresa... Afinal, o que de mais poderia ser?

O dia foi passando, os convidados chegavam e após muitas brincadeiras, é hora de cantar o "parabéns pra você". Como moravam numa cidade pequena, todos se conheciam e quase todos estavam presentes na festa da menina Augusta.

Velas são assopradas, presentes são abertos...
Brinquedos, roupas, acessórios, uma casa de bonecas feita à mão pelo seu pai que ela tanto queria e então, o último presente.
A pequena Augusta desamarra as fitas ansiosa... Era tão pesado e grande!

Grita, e devido ao susto Augusta derruba a caixa no chão de onde caem duas cabeças, a de um bode e a de uma cabra, que rolam até o centro do salão, onde o coro de "parabéns" se tornou em gritos e choro de criança.

Chegaram de viagem numa sexta à tarde num dia de dezembro após longas horas de viagem em seu Honda Civic 2006, carro do ano.
Augusta trabalhava como corretora de imóveis e João era gerente num hotel 5 estrelas de Copacabana. Não queriam ter filhos, ainda. Esperavam o momento certo.

Cansados demais para qualquer coisa, foram para uma casa que haviam alugado meses antes de viajarem, próxima à praia de Boa Viagem. João gostava de "se programar para não ter dor de cabeça", como falava.
Augusta lembrou-se de seus falecidos pais e de sua antiga casa, não sentia desejo algum de visitar o lugar, eram tantas lembranças ruins...

Após um longo banho e com muito pouco esforço, adormeceram, mas no início da madrugada, Augusta acorda-se em desespero, havia tido um pesadelo terrível.

Em seu sonho, ela e o marido caminhavam por uma rua deserta à noite quando foram surpreendidos por um grupo de 12 homens mascarados.
João tentou reagir e acabou fazendo com que os dois fossem esfaqueados. O sonho mudou.

Foram transportados a um lugar que ela reconheceu como o inferno. Ambos ficaram horrorizados, era tão horrível quanto diziam: Pessoas acorrentadas, paredes humanas, pessoas sendo mutiladas, cortadas... E havia partes de corpos e sangue por todos os lados.

Augusta começou a rezar e uma risada maligna tomou conta daquele lugar quando tudo escureceu.
João dá um grito e a luz retorna, mas ele já não está mais a seu lado.

O sonho havia mudado novamente, Augusta estava agora em um quarto.

Percebeu que continuava no inferno, ainda ouvia os gritos de horror vindo do lado de fora, as paredes do quarto pareciam pele rasgada, que pulsava e jorrava sangue. A cama era luxuosa, o único objeto que remetia ao "mundo real" que ela conhecia, era de madeira e estava coberta por lençóis brancos de seda.

Curtas Histórias Macabras Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora