A Maldição do Boto - Parte 5

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Nenhum de nós conseguiu dormir direito, Lenita e Raquel ainda cochilaram por umas horas, mas Bruno e eu passamos a noite acordados, mais uma vez.

A necessidade de uma boa noite de sono começava a aparecer alterando os meus sentidos e a vontade de beber só aumentava.

– Ele tá cada vez mais perto de mim, cada vez mais perto. — Eu falei assustado, era tarde da noite.

Bruno ficou pensativo por alguns minutos.

– Vamos resolver isso, de uma forma ou de outra. — Respondeu.

Passamos a noite em claro, consegui dormir por alguns minutos assim que o sol nasceu.

Quando acordei, os três dormiam. Levantei-me e saí de fininho da forma que estava até a porta de entrada (e saída) da casa, por sorte minha carteira estava no braço do sofá onde eu havia deitado, ainda tinham alguns trocados.
Saí fechando a porta o mais silenciosamente que pude.

Caminhei até o boteco de Rose, onde comprei um prato de cabeça de galo e algumas cervejas.

Os poucos pescadores que estavam ali me olhavam de forma torta, ignorei-os (puto da vida) e após ter comido tudo, paguei minha conta e fui em caminho ao próximo destino, casa de Gorete, dessa vez ela tinha que estar em casa, ou eu ficaria plantado ali na frente até que ela voltasse.
Foi só dobrar a rua que a vi encostada no muro da frente de sua casa, fumando um cigarro de palha.

– Estava esperando por você. — Ela disse ao me ver, já caminhando em minha direção.

– Vamos, vamos, entre. Temos muito o que conversar. — Ela dizia já me empurrando para dentro.

Tirando a sala, — Que era onde estavam a maior parte de seus equipamentos de bruxaria e onde provavelmente ela atendia seus clientes — era uma casa normal.

Acomodei-me, a pedidos de Gorete, numa mesa que ficava no centro do cômodo, coberta por um pano de seda vermelho, havia um incenso em um porta-incensos em cima da mesa, mas estava apagado.

Nas paredes haviam desenhos, símbolos que eu desconheço, além de haver inúmeras prateleiras com livros sobre diversos assuntos, nunca havia tomado Gorete como uma pessoa culta, mas as aparências enganam.

– Quer beber algo? — Perguntou.

– Água seria bom, e qualquer coisa com álcool. — Respondi.

– Cachaça? — Ela perguntou.

– Seria perfeito. — Falei.

Ela foi até a cozinha e dei mais uma olhada ao redor, haviam coisas ali que eu nem sabia pra que eram usadas, e no topo de uma prateleira acima de vários livros, havia um crânio humano, não sei se de verdade ou não, mas aquilo me deu calafrios.

– Aqui está, filho. — Ela voltou entregando-me um copo com água, que bebi rapidamente.

Depois ela me entregou uma dose de cachaça, que virei rapidamente também.

– Mais água? Mais  cachaça? — Perguntou.

– Não, muito obrigado... — Respondi.

Ela colocou os copos numa mesinha de suporte à sua direita e sentou-se do outro lado da mesa, de frente para mim.

– Você sabe por que está aqui, não sabe? — Ela perguntou.

– Acredito que sim... — Respondi

– Que bom que acredita. Eu quero que me diga exatamente o que aconteceu, mas antes, eu preciso lhe contar algo. — Disse Gorete.

– Você lembra de Brenda, a jovem que desapareceu no São João passado?

Curtas Histórias Macabras Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora