A Sala Cirúrgica

921 75 310
                                    

1963:

Carlos Inácio, um dos maiores assassinos da cidade acaba de fugir da prisão.
Rádios e televisões alertam sobre sua fuga, recomendando aos cidadãos que permaneçam em casa devido a alta periculosidade do indivíduo.
Pouco se sabe sobre sua história, muito se sabe sobre seus crimes hediondos e homicídios que ultrapassam a marca de cento e cinquenta, dentre eles vários tipos homicídio, sodomia, agressão, perversão, tortura...
Não acredito que precisemos saber mais.

Em sua fuga, enquanto atravessa à uma estrada, Inácio "carnificina", como é conhecido, é surpreendido e atingido por um carro.
Após ser arremessado alguns metros e cair no chão com um baque surdo, ele desmaia.

Carlos desperta.

Vê-se algemado em uma maca de hospital e após alguns segundos, reconhece aquele lugar como uma sala cirúrgica.
Já estivera algumas vezes em salas como essa, tanto como paciente quanto como "médico".

Parte dele sente-se decepcionada por ter sido pego após anos tentando orquestrar uma fuga. Inácio chama por ajuda, mas ao fazê-lo, seu corpo é tomado por dor, percebe que falar é quase impossível.
Alguns de seus dentes estão quebrados assim como muitos de seus ossos, costelas, braços, sua perna direita fora quase arrancada de seu corpo, a única coisa que a mantinha em seu tronco era uma mistura de músculo, pele, sangue, coágulos e ossos.

A dor volta e dessa vez ele urra, não sabe ao certo se é por estar se vendo nessa situação, ou pela dor que tanto o consome.
Pela primeira vez em sua vida, está numa situação semelhante à de suas vítimas.

A porta da sala é aberta e por ela entra um médico cirurgião acompanhado de três enfermeiras, todos com suas devidas vestimentas para a ocasião.

– Se não operarmos agora ele pode morrer, perdeu muito sangue — Diz o médico para as enfermeiras como se Inácio não estivesse ali.

Ele não consegue falar, seu corpo agora é dor. Medo e dor.

O médico aponta para uma mesa de instrumentos, uma das enfermeiras vai até ela e volta com um serrote metálico que entrega-o ao cirurgião.

O médico começa a serrar a perna de seu paciente.

As três enfermeiras estão paradas uma ao lado da outra, poucos passos atrás do médico. Observam aquilo vidradas, paralisadas, como se assistissem algo extraordinário.

Inácio urra de dor.

– Você ficou louco?! Eu preciso de anestesia!

O médico para por um momento, olha dentro de seus olhos por alguns segundos e volta a serrar o que restara daquela perna, que cai no chão com um som abafado.
Sangue jorra para todos os lados.

– Pare! Pelo amor de Deus! — "Carnificina" grita em desespero.

O médico retira a máscara e ele percebe que há algo de muito errado naquele lugar.

– O que foi, Inácio? Não quer sentir a dor de suas vítimas? — Indaga o médico.

Percebe que aquele médico não é humano e o medo domina o seu corpo.
As enfermeiras começam a gargalhar enquanto assumem formas demoníacas.

O médico, agora monstruoso, aproxima seu rosto ao de seu paciente.

– Deus? Deus Está morto! Bem-vindo ao inferno!

Fim.

509 palavras.

Curtas Histórias Macabras Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora