Em Casa.

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Liah

Foram muitas horas de viagem até chegar em nossa casa, confesso que apesar de ter dito que não estava com nenhuma vontade de voltar, por todas as vezes em que Davi tocava nesse assunto, eu digo com todas as letras que me arrependi. A forma como vi meu pai falando de longe com ele, me fez querer continuar a habitar a ilha e não de voltar.

Meu pai fez com que fossemos em aviões diferentes, eu já estava aos prantos nessa hora, David me olhava de longe, eu sentia que se ele pudesse, viria correndo de encontro a mim e eu queria tanto isso, queria sentir seu abraço e seu carinho, seu corpo de encontro ao meu.

Saímos dali com a certeza de que quando o avião pousasse, daríamos um jeito de encaixar as nossas vidas, de ficarmos juntos, pois era isso que eu e ele mais queríamos.

O nosso avião em fim chegou ao destino final, desci e dei de cara com Davi me encarando de longe, sorrindo pra mim, aquele sorriso que vive em meus sonhos todos os dias desde que o vi pela primeira vez, que me queima por dentro, faz o tempo parar so pra viver mais um pouco desse momento.

Eu retribui aquele gesto, e quando fui caminhar de encontro a ele, meu pai me impediu, me guiando até a porta de casa, eu o olhei por uma ultima vez, e ele fez um sinal com as mãos dizendo que me ligaria depois, sorri e segui para dentro com a ajuda da minha mãe.

A primeira pessoa que dei de cara quando abri a porta foi Danielle, que não se conteve e saiu em disparada ao meu encontro me abraçando forte e me deixando sem folego. Ela ria e chorava ao mesmo tempo, beijando meu rosto, pegando em minhas mãos e me olhando por completo. Eu ria com toda aquela situação, mas confesso que também fiquei emocionada com sua euforia e surpresa em me ver novamente.

- Meu Deus, eu não acredito! Senhorita williams olha só como você esta?! você esta mais linda do que quando saiu daqui naquele dia! Olha só o seu cabelo, ta mais claro, mais bonito, sua pele esta mais bronzeada e parece que você também engordou um pouquinho! - Danielle fala gargalhando e chorando ao mesmo tempo em que volta a me abraçar.

- Calma Dani! eu tô bem, meu Deus, você vai me matar sufocada! Meus ossos! Você vai me quebrar toda! - Digo enquanto Danielle se desvencilhava de mim enxugando suas lágrimas.

- Eu não via a hora de te ver novamente! Céus, você está tão diferente. - Ela me olha, e eu fico vermelha, lembrado de todas as coisas que fiz nesses dias em que estive perdida.

- Bom, eu já não sou mais aquela menina que saiu daqui indo palestrar, realmente muita coisa mudou. - Eu falo enquanto minha mãe acaba interrompendo a nossa conversa.

- Sei que vocês duas estavam com saudades uma da outra mas, tenho que informar que Liah precisa tomar um banho e descansar! - Minha mãe pega em minha mão enquanto caminha comigo ja subindo as escadas.

- Claro Senhora, Li precisa mesmo descansar. - Dani se vira pra mim e pisca, eu retribuo com um sorriso.

- Mais tarde conversamos, pode deixar Danielle, tenho muita coisa pra contar a você!

subo as escadas com ajuda da minha mãe, paro em frente a porta branca do meu quarto, olho, respiro fundo e devagar vou abrindo, passo meus olhos por todas as partes do mesmo e vejo que está tudo do mesmo jeito que eu deixei, tudo da mesma forma, porém um pouco mais arrumado, acho que Danielle deixou tudo mais confortável para a minha volta. Todos os detalhes, a colcha branca da minha cama, impecável, branquinha e cheirosa, minha penteadeira com meus perfumes, meu closet com minhas roupas a minha disposição. Caminho até a janela, olhando o jardim do quintal bem cuidado, a grama verdinha e aparada, a fonte com água límpida, mesmo estando um pouco frio, o sol estava tentando aparecer para nos aquecer.

Vou em direção ao meu banheiro, grande, com a banheira ali a minha disposição, minha mãe fica parada, me acompanhando com os seus olhos e com um quase sorriso no rosto, que é retribuído por mim no mesmo momento. Abro o chuveiro, a água quente sai instantaneamente, e eu abro e fecho por várias vezes o registro do mesmo, olhando a fumaça subir e embaçar o espelho. Avisto meu roupão em cima da pia de granito, sorrio, imaginando como é fácil ter todas essas coisas a nossa disposição, todos os dias, e como coisas simples do dia a dia não sabemos dar o devido valor.

Minha mãe acaba entrando no banheiro e como num impulso a olho e sorrio novamente, ela me abraça por trás e beija meu rosto, eu fecho meus olhos e penso como tenho sorte em ter essa mulher em minha vida. Ela é extraordinária e eu a amo tanto.

- Quer que eu peça a Danielle para encher a banheira pra você?. - Minha mãe me pergunta, enquanto repousa sua mão em meu ombro.

- Não mãe, não precisa, hoje eu vou tomar banho de chuveiro! quero sentir a água correr pelo meu corpo, acredita que até me acostumei? Na ilha tomávamos banho gelado, mas não dava nem pra sentir porque era tão quente, sem contar o mar né? era bem morninha e não dava pra sentir tanto frio não!. Falo enquanto minha mãe me olha com cara de espantada.

- Oque foi? - Pergunto a ela.

- Olha, eu estou admirada com você, detesta tomar banho frio.

- As coisas mudam mãe, eu fiquei quase um mês perdida, tive que me adaptar a minha nova realidade. - Pisco pra ela, que se despede de mim com um beijo na testa.

- Vou pedir a Danielle para preparar algo para você comer, quer algo especial?

- Olha eu acho que vou querer sim, to com muita vontade de comer um sopa quentinha, senti esse desejo desde que estava lá na ilha.

- Vou pedir pra ela fazer pra você.

- Mãe? - Chamo antes que ela saia.

- Sim filha?.

- Leva para o David também, ele deve estar morrendo de vontade de comer algo que não seja peixe.- Nós duas rimos juntas e ela balança a cabeça em sinal de positivo.

- Mãe?

- Oi Liah.

- Obrigada por tudo viu? Senti muito sua falta, eu te amo! - Falo enquanto as lágrimas brotam em meus olhos.

- Ah filha, eu também senti sua falta e eu também te amo!. - minha mãe volta e me abraça forte, e sai me deixando sozinha no quarto.


Entro em baixo do chuveiro e deixo a água quente cair em meu corpo, enquanto sou tomada por um calor que me invade, meus pensamentos vão de encontro a ele que esta ali do outro lado da minha casa, fico arrepiada, abro um grande sorriso, com toda certeza, farei questão de ir levar pessoalmente essa sopa para o meu menino.

Nove semanas de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora