Nove semanas de amor

Lost/Perdidos III

Liah

Senti o medo invadir minha alma, quando vi que iríamos cair, não havia como voltar, não tínhamos para onde correr, eu já estava esperando que a morte viesse me buscar, eu merecia isso tudo, David não.
Mesmo sendo ranzinza com ele nesses últimos 4 anos, ele aguentava calado todas as vezes que eu de alguma forma maltratei ele, gritei com ele, fiz ele de escravo de meus caprichos, mas em nenhum momento ele revidou, ou se quer fez o mesmo comigo.

Com o impacto da aeronave, acabei me assustando tanto que desmaiei, senti algo batendo em meu rosto e uma coisa meio quente molhando meus pés.
Abri os olhos dando um pulo da poltrona, me batendo, vejo um vulto a minha frente, minha audição está comprometida, aos poucos vou recuperando os sentidos.

- Ei, ei, calma, tá tudo bem, eu tô aqui, quantos dedos tem nessa mão?. - Ele pega em meu rosto e segura firme me mostrando sua palma em minha face aberta.

- Ci.. ci.. cinco. - Respondo um tanto atordoada tentando abrir meus olhos.

- Boa garota! Tá sentindo alguma dor, na cabeça, pescoço, coluna? - David me enche de perguntas e eu só sei balançar a cabeça em sinal de negativo.

- Tudo bem! Que bom que não está sentindo nada, vou ver aonde estamos.

O sol está bem quente, olhamos pela janela e nos deparamos com o mar, muito verde e cristalino.
Trocamos olhares, enquanto devagar, vou tirando meu cinto e levantando em seguida.
David tenta abrir a porta que estava um pouco emperrada, depois de muito tentar, ele consegue abri-la.

Eu não posso acreditar em que os meus olhos estão vendo, eu fico maravilhada com tanta beleza daquele lugar que mais parecia um paraíso. Ao olhar para fora vejo que o bico da aeronave está enterrado na areia, nessa hora, não consigo enxergar ninguém a não ser a água.

David me ajuda a descer e e nadamos até a areia, a água batia mais ou menos no meu pescoço e nele na cintura. Sim, ele era bem alto.
Quando em fim conseguimos chegar, David me olha com uma feição de poucos amigos. E eu fico sem entender.

- Oque foi?? - Pergunto a ele com ar de preocupação.

- Oque foi?? Já olhou a sua volta? Já viu onde estamos? - David me pergunta aproximando-se mais de mim, enquanto sou passos para trás.

- Não, eu não sei, me diz você, você é o piloto esqueceu? - Falo dando de ombros, ele vira de costas para mim, enquanto grita, tirando seu terno e jogando no chão, eu cruzo os braços assistindo o show que vejo bem a minha frente.

- Sabe oque é isso? Isso é uma ilha! Tá vendo alguém aqui? NÃO! Isso significa que estamos sozinhos, vou soletrar para que você possa entender: S-O-Z-I-N-H-O-S!! ARRGG!! QUE INFERNO! DROGA! DROGA! - Ele continua dando chilique e eu continuo o olhando calada. Juro que eu queria rir, mas isso não era o momento.

- E você quer dizer oque com isso? Que a culpa foi minha? - Pergunto me fazendo de inocente, não iria dar o braço a torcer sabendo que ele tinha total razão.

- OLHA! - David se aproxima de mim com as mãos fechadas, eu pensei que ele iria me estrangular naquele momento mas continuei parada tentando manter a calma. - EU JURO QUE SE VOCÊ FOSSE HOMEM EU TE DAVA UNS SOPAPOS! - Ele fecha os olhos e respira fundo, eu ainda continuo achando graça de tudo aquilo, comprimo meus lábios para não rir na sua frente.

- Tudo isso é culpa sua, você me obrigou a estar aqui! Você sabia que eu tinha compromisso com meus pais, você sabia de tudo isso e mesmo assim, você Liah, me fez estar aqui CONTRA A MINHA VONTADE! - Ele fica cara a cara comigo, nesse momento a vontade de sorrir passa, dando passagem a lágrimas. - E tem mais, eu NÃO TRABALHO MAIS PRA VOCÊ, NÃO TRABALHO MAIS PARA A SUA FAMÍLIA, EU ME DEMITO, ME DEMITO!!! - Enquanto ele continua gritando comigo eu olho para ele e fico sem entender absolutamente nada.