Nove semanas de amor

Reciprocidade I

Liah

Acabei despertando de um sono profundo, a luz do sol invadia as janelas semi-abertas, o vento gélido tocava minha pele nua, acordei com um feixe do mesmo encontrando meus olhos que ainda estavam fechados, fui abrindo-os devagar, a minha frente havia um ser que ressonava como uma pluma. Dormia tranquilamente.

Sorri de canto, falando para eu mesma, o quão sortuda eu era em tê-lo perto de mim, sabendo que ele me pertencia, e eu pertencia a ele. Foram tantos anos perdidos, tanto tempo longe um do outro, hoje, eu não me vejo sem ele em minha vida.

Davi se tornou o homem mais importante e especial que já conheci, o homem mais lindo, romântico, aquele que fazia de tudo para me ver feliz, eu não podia querer mais do que eu queria, do que eu tinha.

Cheguei mais perto dele, céus, como ele é perfeito, eu poderia virá-lo do avesso, que não acharia nenhum defeito que fosse nesse homem. Olhei cada detalhe de suas feições, até as linhas de expressões que tinha eram lindas.

Eu poderia ficar o dia todo admirando-o, contemplando-o, que eu não me cansaria nenhum segundo, nenhum minuto.
Coloquei minhas mãos devagar em seu rosto, a barba por fazer espetava a mesma, mesmo estando desse jeito um tanto quanto largado, não tirava a beleza que ele tinha.

Não falo só por beleza física, mas sim em uma totalidade, eu amava ficar horas olhando para ele é mesmo assim eu não me cansava.

Comecei passando a mão em seu rosto, depois passei em suas enormes sobrancelhas, em seus olhos, fui subindo para os seus cabelos cacheados e bagunçados, nunca em todos esses anos, tinha visto ele assim: Sem "escamas".

Ele sempre aparecia pra mim totalmente alinhado, de terno, bem passado, os sapatos refletiam um brilho incrível, o cabelo sempre cortado com gel, a barba sempre feita, e o perfume na medida certa. David era um cara elegante, tudo nele ficava divino, e eu babava por ele, sem ele perceber, lógico.

Essa semana eu fiquei um pouco incomodada, acordei muitas noites, sem sono, com um pouco de tontura, fome, sede e uma vontade enorme de comer muitas coisas que não tinha por aqui. Sentia um pouco de enjoo também, mas era pelo fato de não aguentar mais sentir o cheiro de peixe. Embora Davi sempre fizesse receitas de diversas maneiras, eu não queria mais comer esse tipo de comida.

Me pus sentada na cama e antes de levantar, passei meu polegar suavemente em seus lábios, doces lábios que eu não conseguia parar de beijar. Eram os mais doces que eu já havia experimentado.

Peguei minha camisola branca de seda, meu robe, caminhei até a porta e sai. Olhei para o mar que estava a minha frente, senti a areia em meus pés, o sol estava quase se pondo, pude sentir a maresia invadir minhas narinas.

Sorri, fui em direção a parte alta da ilha, onde fizemos uma fogueira para caso avistássemos algum tipo de embarcação ou aeronave, acendêssemos.

Cheguei no topo, olhei toda a praia que estava em meu campo de visão, fechei meus olhos respirei fundo e agradeci a Deus por estar vivendo esse momento de pura felicidade em minha vida, eu não poderia exigir mais do que eu já tinha. Meu medo era que tudo isso acabasse, que nós dois fôssemos encontrados é que David não quisesse mais nada comigo.

- Obrigada Deus, por tudo! - Falei olhando o céu que se fechava, formando nuvens, senti umas gotas de água caírem em meu rosto.

Senti uma presença humana atrás de mim, sorri, sorrateiramente e fui me virando devagar, avistei alguém me olhando tão profundamente, sorrindo também, parecia feliz. Estendi minhas mãos em sua direção, o mesmo caminhou até mim, me puxando para mais perto, coloquei minha cabeça em seu peito, senti seu coração bater forte e sua respiração pesar. Me virei pra ele e olhei dentro de seus olhos, ele sorriu e eu também.