Andamos em direção a caminhonete vermelha e velha do meu pai, porém conservada, entramos, logo em seguida meu pai da partida, e pela primeira vez meu coração aperta, minha boca fica seca, sim, eu estava indo embora da cidade em que eu vivi por 25 anos, nunca tinha saído de lá a não ser para visitar meus tios, Sam e Sara que moram em uma cidade vizinha a nossa. Não que eu estava indo embora para sempre, mas eu sabia que ficaria mais tempo em Londres do que minha cidade natal, Jersey.Enquanto meu pai dirigia pela longa estrada de barro, eu estava ali, olhando pela janela, vendo como aquela cidade tão pacata era importante pra mim. Quanta coisa boa eu vivi aqui, passa um filme em minha cabeça, das vezes que eu corria por aqui, nesses pastos tão verdes e bem cuidados por todos os fazendeiros da região. Pelas vezes em que eu tomei banho de chuva, rolei na grama, subia nas arvores para pegar frutas, muitas vezes escondido de meus pais. Quantas vezes minha mãe vinha me buscar altas horas da noite porque eu definitivamente sumia do mapa sem dar paradeiros da onde eu estava, mas ela sempre sabia, ela realmente sabia onde eu estava, elas sempre sabem.
Aos poucos a cidade vai ficando pequena a minha vista, tudo vai ficando mais distante e a cada quilometro que a caminhonete anda, mais meu coração vai ficando apertado e a vontade de chorar começa a tomar conta de mim, mas, tenho que ser forte, não posso ficar aqui me fazendo de fraco ao lado deles, e com certeza já perceberam o meu semblante de tristeza.
Depois de andar uns 30 minutos, em fim, chegamos ao meu destino, o aeroporto, meu pai me ajuda com a mala e minha mãe caminha ao meu lado pegando a minha mão. Ela me olha com carinho e isso faz com que eu me sinta mais tranquilo.
Meu voo ia sair em instantes então não deu muito tempo para despedidas, minha mãe para em frente a porta de embarque, olha para mim e pega as minhas duas mãos, então, seus olhos começam a ficar cheios de água, não me contenho e a abraço, um abraço forte, caloroso, abraço de mãe, de saudades e cheio de sentimentos. A gente se afasta e ela continua me olhando em silencio por alguns segundos. Resolvo falar para quebrar toda aquela situação.
- Mãe, eu vou ligar todos os dias, eu prometo a senhora! - Ela me olha, com pesar.
- Eu sei, mas sabe como são as mães não é mesmo? Somos bobas e sempre vamos querer que nossos filhos fiquem em baixo de nossas asas! - Ela fala com lagrimas nos olhos.
- Eu entendo, mas esterei perto e se quiserem me visitar, podem ir, serão bem vindos. - Falo empolgado.
- Eu fiz um sanduíche para você comer na viagem, o de carne com tomates que você tanto gosta, e esse suco de laranja. - Ela coloca tudo em minhas mãos e me abraça novamente, e eu sorrio, sem saber oque dizer a ela.
- Mãe, não precisava, sério, mas obrigado por lembrar, o seu sanduíche é o melhor de todos. - Sorrio para ela.
Última chamada para o voo com destino a Londres, senhores passageiros dirijam-se a plataforma 2
Suspiro fundo, bem fundo.
Meu pai então me olha, abrindo os braços para mim e eu vou ao seu encontro, apertando ele contra o meu peito sem pensar muitos nos olhares curiosos que estavam em cima de nos. Ele pega em meu rosto com as duas mãos,da um longo beijo na bochecha, me fazendo rir de sua atitude.
- Se cuida! e qualquer coisa, pode me ligar que eu te busco na mesma hora. - Eu caio na gargalhada, sério, meu pai quando queria ser engraçado ele era, de verdade.
Pego minha mala e minha bolsa , olho para os dois e antes de entrar pela porta dou um beijo na no dorso da mão da minha mãe que já chora um pouco, dou um tapa nas costas do meu pai e me despeço seguindo até o meu destino.
Mostro minha passagem ao atendente que me deixa passar em seguida, olho a ultima vez para os dois, dando um até logo e mandando um beijo que é retribuído na mesma forma por eles. Meu coração aperta novamente, caminho até o avião, sou recebido com um sorriso pela aeromoça, a mesma me leva até a minha respectiva poltrona, o restante dos passageiros tomam seus lugares. Então, antes de levantar o voo, a voz suave da menina que me guiou até o meu assento sai no alto falante.
Atenção senhores passageiros com destino a Londres, nós já iremos decolar, coloquem seus cintos e permaneçam sentados, por favor, desliguem seus aparelhos eletrônicos e preparem-se para a decolagem. Desejo a todos uma boa viagem!
Então o avião parte, em encontro a minha nova vida e aos poucos Jersey vai ficando pequena diante de meus olhos.
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Nove semanas de amor
RomansaQuando o amor acontece, quando o amor verdadeiro surge, nada, nem ninguém pode fazer esse sentimento ser destruído. Duas pessoas, com vidas totalmente diferentes se encontram, se apaixonam. O que mais eles querem é ficar juntos. O destino fará sua p...