CAPÍTULO XXXI

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Abyssum irent


— Não podemos ficar apenas aqui, parados — Disse Clifford, mais tarde daquela mesma noite. Eles haviam se dirigido à sala pessoal de Melvin. O ambiente tinha um cheiro muito semelhante a glicínias, contudo o aroma de velhas fazia o ambiente ainda mais perfurmado. A sala de Melvin não era tão grande, mas cabia uma estante coberta de livros de todos os tipos de história. Uma mesa redonda com quatro cadeiras no centro, onde ele, Andrew e Clifford se sentaram.

— Não vamos poder contar com ninguém. — Assumiu Melvin, pensando no melhor jeito de pegar o inimigo pelas costas. O vento na sala do professor era quente e reconfortante, mas eles não ficariam ali por muito tempo.

— Mas... — Andrew ia questionar, mas não o fez. Ao invés disso, remexeu-se na poltrona ao relembrar que todos os alunos de Ilvermorny estavam revoltados com eles três. Mesmo que todos houvessem ouvido cada palavra do que Melvin tinha a dizer, ainda era perceptível a desconfiança deles quanto ao trio.

— Isso é um prato cheio para Merlin — continuou o professor —, ele muito facilmente poderá mudar a mente dos alunos por conta da raiva e ódio, é assim que ele age. — Melvin olhou para os dois alunos a sua frente. Aquilo estava ficando complicado.

Já não bastava a morte de um diretor, agora o outro grande bruxo estava solto novamente e, como se já não fosse o bastante, não receberiam a ajuda dos outros estudantes.

— Eu... acho que vou dormir — uma lágrima escorreu do rosto de Andrew, era evidente que ele ainda não havia superado a morte de Rowell. A dor da perca ainda estava presente em seu peito. O garoto iria sentirn muita falta de seu mestre. 


— Acho melhor você não ir para o dormitório hoje — ponderou Melvin, sentindo um nó na garganta ao sugerir aquilo; nem ele mesmo sabia se ia poder dormir na escola naquela noite.

— Mais que merda, agora eu não posso mais nem dormir em paz?! — Questionou Andrew, a voz embargada por sentimentos que ele ainda não sabia controlar. Estava sendo muito para ele.

Mas todos temos que nos esforçar para continuarmos com a consciência sã. Disse a voz de Mingmei em sua cabeça, tentando acalmá-lo.

— Eles estão com raiva até mesmo de você agora. Stephen já deve ter feito uma confusão no dormitório dos meninos. — Disse Melvin, encarando o fogo à sua frente e relembrando a si mesmo de que não era somente a morte do diretor que pesava em seu coração naquele momento. Ele estava fazendo isso não apenas pelos alunos, mas por todos que já haviam morrido naquela batalha maluca por dominação e poder.

— Ollie também já deve ter feito um alvoroço no dormitório das meninas — foi a vez de Clifford falar — todos nós sabemos que ela nunca foi muito achegada com a gente…

— Aquilo é uma vaca sem coração — Andrew deu três passos para fora da sala do professor, sentindo o ódio imergir em seu coração, que já estava mais fragmentado que um espelho depois de uma pedrada.

— Digo isso para o seu bem, Andrew. — Falou Clifford, atencioso como sempre, pondo-se de pé para impedir que o amigo fugisse. O jovem sabia o que era se sentir odiado por onde fosse, e não queria que a pessoa defronte dele sofresse o mesmo.

Por anos ele teve que aguentar racismos por conta da sua cor negra, e ele não queria que isso se repetisse. Só ele sabia o que era se sentir excluído de tudo e de todos por uma coisa que ele jamais poderia mudar.

O Outro Lado Da Moeda [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora