CAPÍTULO XXII

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Le Rowell's petitio

Clifford praticamente voou corredor afora, sem nem olhar para trás. Estava ansioso demais para voltar aos seus pesadelos; Queria encontrar alguém que pudesse ajudá-lo a solucionar o seu mistério. Seria ruim demais se tudo aquilo ficasse num ciclo vicioso de sua mente, girando e girando, e a cada vez que esse pensamento dava uma volta tornava-se cada vez mais intenso e mais real.

Iria encontrar Rowell e dizer a ele tudo o que vira e ouvira. Não iria suportar ficar com aquilo na mente para sempre. Tudo isso tinha que acabar. Clifford, no fundo de seu coração, sabia que aquilo não iria durar por muito tempo.

E começou pelo local onde o vira pela última vez: no local de onde saíra e agora queria voltar. A Sala Secreta, como Rowell dissera uma vez. Ninguém jamais conhecera a Sala, e somente eles foram os privilegiados a pisarem no local. Conta Rowell que aquele lugar já foi de grande renome, porém ocultado depois de uma tragédia demasiada grande.

Vai dar certo. Disse para si mesmo, apesar de o seu coração afirmar o contrário. A cada passo que dava o mesmo ficava uma batida mais forte, bombeando uma maior quantidade de sangue para os cortes em suas pernas; as quais latejavam e doíam com uma intensidade tremenda. Só não podia se comparar a agonia que seu coração sentia nesse exato momento, transmitindo-lhe uma sensação de náusea e enjoo.

Clifford corria pelos passadiços da escola sem nem se importar se o achavam louco ou não, isso não era o que estava em pauta no momento. O sentimento de culpa por deixar o velho abandonado naquele lugar o tomava por inteiro, fazendo-o trincar os dentes só de pensar em na dor que é se sentir abandonado. Então ele lembrou-se do dia em que fora expulso de casa...

— Não pode ser. — Disse ele, parando de repente no meio do caminho. — ROWELL SEU DESGRAÇADO. — Xingou ele, deixando toda a sua raiva e sua dor se esvaírem em lágrimas. Tudo aquilo, todo aquele seu sofrimento fora somente por conta do infeliz do diretor. — Eu vou te achar. — Disse para si mesmo quando atravessou a grande muralha de pedras que dava acesso à Sala Secreta, onde Andrew e ele treinavam todos os dias.

A sala dele. A mente de Clifford falou para si, fazendo seus pés se virarem instantaneamente para a sala onde geralmente o diretor ficava. Logo saiu daquele corredor escuro onde se encontrava e foi encontrar a luz do dia e das tochas que iluminavam todo o resto do grande monumento.

Clifford então voltou a correr, já podia sentir as pernas encharcadas de sangue quente e a dor latejante crescia ainda mais.

— ARRE! — Gritou, enquanto sentia a sua perna esquerda dar câimbras e então travar de repente.

Eu não posso parar, tenho que ajudá-lo. Tenho que tirar satisfações com aquele animal...

— CLIFFORD! — Gritou uma voz atrás dele, no exato momento em que acabara de cair no chão, urrando de dor. — SEU TEIMOSO! EU DISSE PRA VOCÊ FICAR NA ALA HOSPITALAR, SEU JUMENTO!

— Andrew, agora não é hora de me chamar de burro, quando... AAI, QUE DROGA! — Gritou para a perna, que não parava de doer. — Me ajuda, caramba! — Gritou para o amigo, enquanto tentava, a todo custo, sentar-se para massagear a perna ferida.

— Ah-Eh-O O que eu faço? — Questionou Andrew, de olhar apreensivo e andando de um lado para o outro como uma barata tonta.

— TALVEZ TENTASSE ME AJUDAR?! — Gritou Fleenor, escondendo atrás da frase dita uma espécie de “não é óbvio?”.

Andrew foi então ao encontro do amigo, agarrando-o pelo sovaco e o ajudando a levantar.

— AAARGHH! — Clifford berrava de dor. Mesmo com o maxilar cerrado não iria conseguir reprimir o tanto de dor que estava sentindo.

O Outro Lado Da Moeda [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora