CAPÍTULO VII

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De Clifford Praeterita

— Mamãe, eu quero esse ursinho aqui! — Dizia Clifford, apontando para o ursinho de pelúcia marrom que vira no supermercado

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— Mamãe, eu quero esse ursinho aqui! — Dizia Clifford, apontando para o ursinho de pelúcia marrom que vira no supermercado. Não era comum o menino pedir as coisas, se pedisse, certamente o queria.

Mas o que o menino não entendia era que até mesmo um dólar era caro à vista dos pais. E, por um certo ponto de vista, eles estavam certos, visto que havia vezes em que nem mesmo o que comer eles tinham.

— Não posso comprar, meu filho. — Tentava explicar a mãe, consolando o filho. Até mesmo ela sabia que o ursinho era barato: 6 dólares.

— Mas eu achei ele barato... — disse Clifford, com tristeza no olhar. O menno apenas queria o brinquedo, pelo menos para saber como era a sensação de possuir algo somente seu.

Sua mãe olhou-o, sentindo pena do menino. O dinheiro não dá nem para sequer o leite, quanto mais para um brinquedo... Seu coração se apertou na mesma hora: Queria comprar o pequeno bichinho.

— Clifford, entenda que o meu dinheiro é contado. Quase nem dá para comprar comida! — Tentou explicar ela, sentindo o coração se comprimir ainda mais dentro do peito. Só seis dólares...

Mas eu queria... — insistiu ele em voz baixa.

— Querido, não chore. Vai passar. É só um desejo. Vai passar... — passou a mão entre os cabelos negros do menino. Sentia o coração espremer dentro do peito, chorando gotas de sangue escarlate, passando para todos os órgãos dentro o seu choro interno e sofrido.

— Tudo bem... — tentou compreender, mas era impossível. Ele não apenas queria o bichinho.  Ele desejava a pelúcia. Sentir um toque suave e gostoso em seu corpo.

— Vamos... — Disse sua mãe em voz baixa, se apressando para sair da vista de olhares curiosos e, principalmente, de pena.

— Senhora? — Uma voz masculina disse à sua esquerda. Ela olhou-o. Era um senhor já de idade. — Se me permite... — O homem foi até a prateleira onde Clifford ainda encarava curiosamente.

Estendendo a mão já enrugada ele pegou um ursinho, o mesmo ursinho e foi rapidamente até um caixa, a mulher olhando-o embasbacada. Logo após ele pagar, veio com o bichinho em mãos, entregando-a.

— Tome, agora pode dá-lo ao seu filho o velhote deu um sorriso, tentando ao máximo parecer apresentável. A mãe de Clifford olhou-o de cima a baixo: não parecia ser alguém anormal, apenas um senhor de idade.

— Não, eu... não posso aceitar — disse ela, olhando para o filho que ainda estava sem entender nada.

— Ora, vamos, aceite. — O homem gesticulou com a sua cabeça miúda, aproximando mais o ursinho.

O Outro Lado Da Moeda [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora