CAPÍTULO VIII

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Wangs

Surpreendentemente, incrivelmente, pela primeira vez na sua brilhante mente, Rowell viu a srta. Maple deixar de falar sobre a personalidade de alguém.

Sim, só havia chamado-a para trabalhar ali naquele ano, mas eram amigos há tempos.

Logo após ter sua personalidade dita pela mulher, ela mesma calou-se, seus dons não mentiam e geralmente eram precisos. Geralmente.

Talvez ela tivesse visto alguma coisa que a perturbara imensamente por dentro, porém preferiu esconder suas palavras, o que no caso era raro.

Ver o íntimo das pessoas era quase como que um impulso para a mesma, então reprimí-los podia ser até mesmo doloroso para ela.

— Bem, alunos... vamos andando. Vocês ainda vão conhecer o professor responsável pelas casas de você; me sigam.

Atônitos, todos os alunos o seguiam. Ele estava indo direto para o Salão Comunal outra vez, onde professores — já apresentados — aguardavam os alunos.

— Caros alunos de Serpente Chifruda, quero lhes apresentar (novamente) o professor responsável por sua respectiva casa: Batta Vedzizhev. — Então a mulher caminhou até eles, com seu olhar fitando os alunos com seriedade.

— Olá, alunos! Vocês já devem saber, sou a profª Batta Vedzizhev. Por favor me sigam. — Disse ela, virando-se com veemência sem nem olhar para trás.

Andrew sentiu os pés pesarem no chão como se concreto seco os estivesse mantendo lá.

— Vamos, sr. Stanford. — Disse a profª, desta vez virando-se. Ele segurou a varinha com força e a seguiu, nem percebendo que o pequeno cristal azul começava a brilhar na culatra da varinha.

— Sim, senhora. — Falou em voz baixa.

Observava os pedregulhos nas paredes e tudo mais que podia ver sobre o grande castelo.

— Ai! — Exclamou ao sentir a varinha arder na mão e olhou-a: a pequena pedrinha azul brilhava com a mesma intensidade do cristal que ficava na testa do animal mágico de sua casa.

Segurou a varinha com mais força, sentindo as mãos queimarem e arderem enquanto a palma de sua mão tentava cubrir o brilho.

Sentiu os sentidos começando a se aguçar repentinamente. Sua visão se ampliou cerca de três vezes mais e sua audição tornou-se tão aguda que dava para ouvir até o bater de asas de uma mosca no matagal lá fora. Seu olfato começou a sentir cheiro de pelos. Pôde ouvir patas correndo em sua direção.

Seus sentidos afloraram, tudo em seu corpo queimava intensamente, sentindo a magia correr livremente pelo seu sangue. Não via as costas, mas tinha conhecimento de que algo corria em sua direção, um bicho (talvez).

Olhou para trás na esperança de ver algo.

Um animal de médio porte corria em alta velocidade com direção à ele. Tinha orelhas grandes e pontudas. O peito cabeludo e as costas com ainda mais cabelos grandes e pontudos; Pernas finas transportando unhas afiadas. Uma besta completa.

Não sabia como, mas o bicho desapareceu de vista, em um único piscar de olhos.

Virou-se novamente em busca de algo. O pequeno ser havia acabado de aparatar atrás dele. Por um instante não pensou em nada, não fez nada. Seria esse o seu fim?

O Outro Lado Da Moeda [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora