IX. Right now, I'm shameless

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DRACO LUCIUS MALFOY - P.O.V

Ter Harry Potter correndo atrás de mim, foi, no mínimo, uma experiência chocante.

O Grande Eleito estava correndo atrás da grande burrada que fez e, de todas as formas que isso poderia soar uma constatação alegre, me fez odiá-lo ainda mais.

Porque não era justo. Ele não tinha o direito de estar fazendo tal coisa simplesmente por eu ser assim.

Ele tentou me defender da verdade e algo mais profundo se apegou no meu peito, porque aquilo foi quase como uma afirmação que eu não merecia Harry. Nem como amigo.

As flores eram as mais simbólicas que ele poderia ter escolhido: Narcisos. E eu realmente achei aquilo um golpe baixo, assim como o poema e as cartinhas com bombons belgas.

Porque ele fez questão de lembrar do meu doce favorito e o que significava a única pessoa que eu achei que merecia ser levada comigo quando eu apaguei o Draco Malfoy de Hogwarts.

Aquele menino arrogante, mimado, rico e que se achava o dono do mundo. Que achava que apenas por ser um Malfoy merecia alguma exclusividade.

E eu sempre fui assim. Um pouco triste e um pouco só, então a perspectiva de ter alguém que talvez vá acrescentar algo na minha vida me assustava mais do que eu deixava transparecer.

Pois se eu aceitar essa realidade, eu teria que aceitar que talvez eu esteja vivo. E ser vivo englobava um conjunto de coisas que eu não me encontrava preparado para lidar.

Ser vivo é ter que lidar com o que eu me tornei.

É ter que lidar com o menino que eu apaguei no passado, talvez esteja ainda em mim, que eu teria que lidar com o fato de ser um Malfoy.

E eu sinceramente gostava de ser um covarde. Lidar com as coisas da forma mais fácil possível. Ignorando-as.

— Oi, carinha — sussurrei ao ver Teddy abraçando o ursinho com força e abrindo os olhos cansados.

— Oi, tio bonito — respondeu devagar.

Teddy estava com os cabelos em um azul mais escuro, quase como se o cabelo estivesse com o sono por ele também.

Eu achava adorável.

— Tio, você tem leite?

— Hm... Deixa eu ver.

E foi vergonhoso constatar que na minha geladeira eu tinha apenas dois ovos e uma garrafa de água. Eu era um homem solteiro que passava a maioria dos dias enfurnado na academia ou dormindo, então, sim, era totalmente justificável eu não ter nada comestível.

Peguei Teddy pelas mãos e fui com ele até a padaria que fica ao lado do prédio, em uma esquina bem movimentada. Flori, a recepcionista, já veio animada para nos atender com seus cabelos verdes.

Era engraçado perceber que os trouxas conseguiam pintar o cabelo sem usar magia e ficava quase tão bom quanto nós. Logicamente o medo de Teddy não saber controlar a metamorfose me bateu assim que eu realizei que ele poderia trocar os cabelos de cor.

Mas o pequeno se encontrava perdido em sono ainda.

— No que posso ajudar?

— Eu quero uma caixa de leite e... o que você quer, carinha? — perguntei ao garotinho que coçava os olhos e se embrulhava na barra das minhas calças.

— Deixa eu adivinhar — disse Flori com um sorriso. — Pão de mel?

Teddy assentiu furiosamente e eu sorri, concordando com a ideia.

Born to D.I.E | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora