XII. I need you more than I want to

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DRACO LUCIUS MALFOY - P.O.V

Dor.

Tudo doía. Desde meu dedinho do pé até as pontas mínimas dos dedos.

Eu me sentia afogado em um mar de dor e escuridão, sendo engolido lentamente. Cada partícula do meu corpo protestava contra a dor.

Tudo era... vazio. Solitário.

Aquilo eu conhecia. Era zona de conforto.

Então de certa forma, eu só me entreguei à escuridão. Diversas vezes. Cada vez pior. Sem ouvir nada além do grande silêncio ecoando de volta.

Era assim que era morrer? Finalmente eu tinha descansado na morte? Eu seria permitido?

Até que depois de dias, horas, semanas?, meses? Eu finalmente escutei uma voz. Distante, quase indistinguível. Algo desconexo e solto.

Mas eu lembrava de ter escutado. A voz dele. De Harry. Me chamando, tentando se comunicar comigo e eu lembro do choro estrangulado, mas os sons eram tão baixos.

Eu só queria dormir. Eu queria me entregar.

Era o justo, afinal de contas. Tudo tinha acabado do jeito que sempre foi predestinado a acontecer.

Eu, sozinho, morte e ninguém. Tirando o fato de que agora eu tinha alguém para chorar por mim, mas nem de longe esse fato tinha me reconfortado.

Eu, Draco Malfoy, queria verdadeiramente morrer.

E eu não lutei. Deixei fazerem o que quiserem com meu corpo, com minha herança, com minha vida e meus frutos no mundo. Eu sabia que não merecia metade das coisas que consegui possuir.

Eu não tinha porquês. Razões. Justificativas.

Motivos para ficar.

— Ele perdeu a consciência de novo — anunciou uma voz que eu não conhecia, distante, bem séria. — Ele não acorda.

E seguiu-se o mesmo diálogo, com as mesmas palavras, em um tempo em que eu não conseguia definir quanto.

Seriam meses? Dias? Anos? Será que eu estava em um looping infinito no inferno?

Eu queria ver a minha mãe. Será que eu, sendo apenas um objeto, um ser insignificante, estava a altura de encontrar a minha mãe? Eu sentia saudades dela.

Do sorriso.

Morrer era assim? Sentir-se meio vivo e meio morto? No limbo?

Será que nem mesmo a morte me acolheu? Deveria imaginar que algo assim aconteceria.

Eu machuquei pessoas. Feri os sentimentos de inocentes. Escolhi o lado errado. Eu mereci tudo o que aconteceu comigo.

Desejei um pouco de luz. Me via apenas como uma consciência vagando pelo mundo, distante, com um eco cansado e minha mente se esgotando aos poucos.

A sensação de frio me tomou. A única coisa quente que eu tinha antes, era aquela voz, mas até mesmo ela tinha parado de se comunicar comigo.

Eu sou pó de uma estrela solitária.

E só sei sentir isso. O vazio. O frio. O abismo.

— Ele não responde aos estímulos — diz uma voz cansada, irreconhecível, bem mais séria dessa vez. — Eu sugiro desligar as máquinas.

E eu soube. Eu estava sobrevivendo.

E eu quis rir. Céus, como eu quis rir.

Rir demais até a barriga doer e de certa forma, o único som que ecoou foi o do meu choro estrangulado.

Born to D.I.E | DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora