Olhei para o teto do meu quarto, fitando a galáxia que minha mãe pintou no teto para mim. Conto as estrelas, grudadas a parede, ainda ponderativa. Respirei fundo, endireitando-me sobre a cadeira giratória, e olhando para o papel ainda em branco a minha frente:
...O que você quer ser no futuro?...
E o problema é justamente esse. Eu posso dizer nos mínimos detalhes do porque não quero seguir tal profissão, mas quando chega no assunto do que eu quero ser, eu simplesmente travo. Eu honestamente não tenho a menor ideia. Meu pai é dentista e minha mãe design de interiores, e pessoalmente, eu não me vejo fazendo nenhuma das duas profissões, mas o meu tio é cinegrafista, e eu acho bem legal o seu local de trabalho, embora eu não saiba atuar, ou dançar, ou modelar, de forma geral, eu não sou especial, não tenho nenhum dote artístico como minha mãe, não sou muito inteligente, não sou boa em esportes, não sou boa em falar em público, e espere... só estou me focando nos pontos negativos, eu também tenho pontos positivos, embora sejam poucos.
Levantei-me preguiçosamente da minha cadeira, e andei até a porta do closet, olhando a placa pendurada nela; os pontos negativos e positivos da Ash. Olhei através da extensa ficha sobre os meus pontos negativos, e em seguida, olhei para os positivos. Eu sou boa em fazer amigos, eu leio muito, sou rápida em aprender, e pessoalmente, sou bem criativa.
Bem demais.
A voz de Clay ecoa em minha cabeça, seguida da minha risada, e eu fito minhas meias; cada uma é de uma cor, meus pais me deixam se vestir do jeito que eu quiser, o que foi um problema desde o princípio, porque as outras crianças gozam de mim, porém não me importo, acho meu estilo único, e realmente não posso fazer nada se estão incomodados. Ah, aí está um ponto negativo meu; indiferença. Eu pessoalmente acho que isso me torna inteligente, mas deixa para discutir com meus pais sobre isso em outro momento.
Desviei o meu olhar a janela, observando as árvores balançarem com o vento, à medida que vejo Dawn e Laken brincando na casa da árvore em frente à minha janela. As folhas caem com o impacto do vento, e eu suspiro, a vida é apenas um sopro.
E eu ainda não sei o que quero ser. Astronauta? Eu queria, há dois atrás até descobrir como o espaço comprimi o corpo humano e o quão exaustivo deve ser ficar dias trancafiada em uma nave. É melhor eu manter os meus pés no chão. Então, continuei a pensar, e a pensar, e a pensar, até decidir ir jogar Smallword, porque não cheguei a uma grande conclusão. O trabalho é para amanhã, mas não estou muito preocupada, talvez eu minta? Não, mentir não é uma boa ideia, eu não gosto de mentir nem para os meus pais, quem dirá para o professor que me verá todo santo dia. Eu preciso de ideias. Será que vou morrer sem fazer algo de útil a sociedade? Sou uma pessoa normal, sem nenhum grande sonho, sem nenhum grande talento. Estou vivendo errado. Que tipo de pré-adolescente eu sou? Bati minha cabeça contra a mesa, e suspirei, olhando o notebook, observando um anúncio: "Querido futuro".
Ponderei por um momento, e me endireitei, abrindo uma página em branco.
Eu não sei o que quero ser, mas sei que quero deixar algo para trás, algo que perpetue eternamente, porque vai que um dia eu me esqueça de tudo.
Meu querido diário,
É 12 de janeiro de 2013, caso queira saber. Você ainda tem doze anos, e há pôsteres do One Direction por todo o seu quarto, e a música Hello Kitty de Avril Lavigne toca através do ambiente como se fosse um hino, tentando abafar, sem muito sucesso o choro histérico da sua irmã mais velha. Não entendo muito bem, ela diz que um dia eu vou, embora não queira me explicar. Ela e o seu namorado terminaram, e ela parece bem triste com isso, e a mamãe tenta consolá-la, mas todo mundo sabe que a mamãe é péssima nisso. Ela é uma otimista sem fronteiras, nunca tem tempo ruim para ela, contudo, o problema é que as vezes só queremos que ela concorde "sim, isso é uma merda, de fato, todavia não chore, vai passar", mas fico feliz por termos o papai com os pés no chão, ele pelo menos disse a ela "não se preocupe, você vai arranjar outro", embora não seja exatamente o que ela precisa agora. Mas tudo isso é muito para minha cabeça subdesenvolvida, não é?
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O Livro da Conquista
FanfictionAsh e Dawn são duas irmãs que obtém apenas um objetivo: saírem da faculdade Liberty de Los Angeles como lendas. Como? Existe um livro intitulado como "O Livro da Conquista", aonde o único objetivo é conquistar o maior número de rapazes e fazê-los...