7 anos atrás.
Eu me olho em frente ao espelho e odeio o que vejo.
Odeio o que eu quero ser, odeio o que eu deveria ser.
Há dois anos atrás isso não importava, mas agora importa. Eu não queria me sentir assim, mas eu realmente consigo ignorar todos os comentários? Todas as risadas? Pelo visto não sou tão forte quanto pareço. Eu não consigo lidar com isso.
Eu sinto as lágrimas caindo, e seguro a franja entre os dedos, passando a tesoura sobre ela. Eu só quero que eles parem de rir de mim, por favor, por favor.
Eu me fito novamente no espelho, olhando a franja mal cortada, mas pelo menos minha testa está coberta. Ela é grande, eles dizem, então eu a cubro. Eles falam que eu tenho sardas demais em meu rosto, então tento cobri-las com maquiagem. Eles acham zombam das minhas roupas, então eu troco o meu estilo —, pois não quero que eles tenham algum motivo para rir de mim.
E isso me deixa com raiva. Como fiquei tão insegura comigo mesma em um espaço tão pequeno de tempo? Eu ainda consigo me lembrar de como eu era, despreocupada, indiferente, mas então a adolescência veio e todo o estrago que ela faz também, mas, particularmente, eu tenho um inferno pessoal: Justin. Cada insegurança criada, cada defeito reparado, foi ele, ele que disse, ele que incitou, ele que provocou. Ele me odeia.
Pensei que alguém fosse incapaz de sentir isso por mim, mas ele o faz, e eu nem sei o porquê, o porquê dele assim... do porquê fazer isso comigo. Por que? Qual o motivo para me causar tanta dor de forma gratuita?
— Ash... — A voz baixa do meu pai ecoou, e eu virei o rosto, focando os meus olhos no batente da porta. — Qual é o problema?
Ele realmente está me perguntando isso? Depois de implorar para mudar o meu guarda-roupa e ele dizer não, ele nem deveria estar aqui. Em alguns momentos eu queria ter pais normais, pois eles sim respeitaram minha crise adolescente idiota.
— Você não entende? — Esbravejei, ressentida.
— O que? — Indagou, sem entender. — Por que está destruindo seu cabelo? Por que quer mudar seu estilo? Você adora suas roupas, adora as roupas que sua avó faz para você.
Sim, eu adoro, mas devia saber que o que eu quero ser, e o que a sociedade quer, é bem diferente. Mordi minha boca com raiva, sentindo mais lágrimas caírem.
— Você não entende — é uma afirmação. — Eu olho no espelho e odeio o que vejo. Eu quero ser como elas — apontei para a foto no celular, de uma modelo, do qual peguei para cortar minha franja. — Eu quero ser bonita como ela, estilosas como ela, quero ser linda. Quero ser normal.
— Você é linda.
— Diz isso porque é o meu pai.
— E esse elogio não deveria valer mais do que qualquer coisa? — Eu neguei com a cabeça.
— Eu quero ser como elas. — Preciso ser. — Eu não posso ser essa Ash!
— E por que não?
— Porquê dessa Ash, todo mundo dá risada. E eu não quero ser uma piada, eu quero ser aceita, como todo mundo.
— E vale a pena mudar o que você é só por causa disso?
Eu me olho no espelho.
— Eu acho que você nunca teve alguém rindo de você por causa da cor do seu cabelo, pelo tanto de sardas que tem em seu rosto, ou porque sua testa é grande, ou ao menos pela maneira que você se veste. Eu sou diferente! Por isso eles riem de mim. E eu não quero ser diferente, eu quero ser igual a todo mundo!
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O Livro da Conquista
FanfictionAsh e Dawn são duas irmãs que obtém apenas um objetivo: saírem da faculdade Liberty de Los Angeles como lendas. Como? Existe um livro intitulado como "O Livro da Conquista", aonde o único objetivo é conquistar o maior número de rapazes e fazê-los...