11. - I don't need your pity.

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Antigamente,

31 de outubro de 2012.

— Me deixa jogar! — Dawn chiou ao meu lado, e eu neguei com a boca, olhando a mensagem do meu pai; nada de carona para nós hoje. — Ash!

— Eu já disse que não!

— A mamãe disse que é para você nos deixar jogar! — Laken puxou o meu outro braço, e meu celular voou contra o chão, alguns metros de distância. Olhei feio para duas, desvencilhando-me e correndo para pegá-lo. Me abaixei, vendo-o intacto; ainda bem que é um Nokia.

Observei Loren andando, a mesma está com um celular novo; um iPhone 5S, um celular com touchscreen, touchscreen! Eu quero um desse, eu quero muito um desse.

— ASH, ME DEIXA JOGAR! — Dawn grita atrás de mim, e eu suspiro fundo, meu celular só tem três jogos e nem são tão legais assim.

Eu vou até ela e coloco o celular em suas mãos, puxando ambas pelos braços em direção ao ônibus escolar. Eu odeio o transporte escolar, ele fede a salgadinho de queijo, e geralmente os garotos que fazem bullying vão sempre nele. Tento não ligar muito para isso, mas à medida que passo no corredor escuto umas gracinhas. Idiotas. Rolo os meus olhos, e encontro dois lugares vazios, bem, dois e meio. Coloco Laken e Dawn sobre um, e suspiro irritada, olhando de um lado para outro; de um lado tem um Justin emburrado olhando para a janela, do outro o Stevie Meleca, com grandes óculos de garrafa. Acho os dois péssimos, penso em ir em pé, mas o motorista me dá um olhar atravessado assim que a porta se fecha e eu ainda estou de pé, o que consequentemente me obriga a escolher, me sento ao lado do Stevie Meleca, mantendo um espaço seguro dele.

— Oi, Stevie. — Cumprimentei, ouvindo o mesmo puxar o catarro para dentro, em seguida girei a cabeça para o lado, contemplando o Justin, será que vale a pena encarar a fera? — Oi, Justin.

O mesmo não responde, apenas semicerra os olhos, crispando o lábio e me olhando raivosamente, o que me faz ter certeza que não. Antes que ele pergunte porque estou o encarando, sinto Stevie Meleca tocar o meu braço, e me encolho, semicerrando os meus olhos em sua direção.

— Ei, Ash, quer ver minha coleção de formigas? — Pisquei sem entender, observando seu sorriso de orelha a orelha.

Dei de ombros. Por que não?

O mesmo virou-se em direção a sua bolsa, e logo em seguida retirou o que pareceu um pote de vidro esguio, amostrando suas formigas, enquanto eu franzia o nariz, ele cheira a perfume de vovô.

— Nossa e são muitas — digo, impressionada. — Como você as coloca aí?

— A gente compra saquinhos com ela no petshop. — Fiz um bico, curiosa.

— Legal, e como elas vivem aí dentro?

— Não vivem. — Ele pisca seus grandes olhos castanhos, ficando sérios de repente.

— Bom, então como...

— Elas morrem, aí compramos outras. É um looping infinito.

Assustador, concluir logo, sorrindo simpática em sua direção.

Eu olhei para Justin de relance, olhando seus pulsos que se destacaram quando ele subiu a mão, e eu vi grandes manchas roxas nele, muito, muito aparentes na sua pele pálida. Me inclinei mais a fim de ver, está tão calor; eu mesma estou de vestido, mas o Justin está de moletom, de touca e tudo. Eu queimei, e sei que ele sabe que estou o encarando, subo o olhar, e ele me encara com ódio. Engoli o seco, negando com a cabeça.

O Livro da ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora