30. - EXTRA: Lets start all over again.

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TRÊS MESES DEPOIS

TÍTULO: SAUDADE

14 DE JANEIRO DE 2025

Quinta-feira

Olá, querido diário!

De repente eu acordei e percebi que tenho vinte e quatro anos.

Embora não me sinta velha, ainda que Reagan me mande um meme de 2014 me perguntando: você se lembra disso? E eu percebo que não, não lembro porque foi há dez anos!

O tempo passa, passa tão rápido. Em um dia você está na escola, rindo de besteiras com suas amigas, enquanto o professor de história enche o quadro de texto em uma manhã de verão e no outro já terminou a faculdade e tem que fazer suas próprias compras.

Estou me sentindo nostálgica, ou velha, pode escolher.

Mas a verdade é que estou me sentindo nostálgica hoje. Minha irmã mais nova se casou há três meses e eu ainda tenho dificuldade de processar o fato. Eu troquei as fraudas dela!! E uso isso até hoje contra ela — cá entre nós, minha irmã mais velha faz o mesmo comigo. HAHA. Quando as irmãs mais velhas mudam? A resposta para essa pergunta é nunca. É como os pais, você sempre, inexoravelmente e incondicionalmente será o bebê deles.

Agora estou em uma nova cidade, vivendo o meu maior sonho. Em definitivo, estou vivendo o melhor momento da minha vida, mas ainda assim...

Sinto saudades dos dias de verão em Los Angeles, onde passava a tarde inteira brincando no parque com os meus amigos, o cheiro do almoço da mamãe a tarde, o cheiro da grama recém-cortada do quintal e da água da mangueira derramando-se pelo chão quente. Sinto falta das histórias de dormir que o papai contava, sinto falta da minha Abba e da sua maneira incrível de ver a vida, do meu tio Lleyton por conseguir me fazer ter um carinho incondicional por roupas e sapatos estranhos. Sinto falta dos meus primos correndo pela casa, das minhas tias cozinhando na cozinha, das tardes que passava no quarto das minhas amigas imaginando uma vida perfeita enquanto escutávamos One Direction.

Sinto falta do passado, de como as coisas eram, porque sinto saudade do descomplicado, do que era simples, reconfortante e comum. Queria ter dez anos de novo e viver tudo que vivi, nas limitações de uma vida simples.

Porque as crianças querem crescer?

É tão bom ser criança, estar mergulhado em um mundo do qual só os seus sonhos importam. Sinto falta disso. Ser adulto é um saco.

Enquanto estava em Perth, sozinha — ainda que acompanhada —, sem família e amigos, apenas comigo mesma e uma senhora ranzinza que me vivia me chamando de Ashley, eu prometi a mim que enquanto eu vivesse, seria a melhor versão de mim mesma, uma versão que eu criança teria orgulho, porque ao decorrer do tempo, eu me tornei uma fraude. Não era o que eu queria ser, mas foi o que aconteceu e por um tempo eu achei divertido. Confesso que foi uma promessa fácil de fazer, o difícil foi conseguir manter.

Mas quer saber? Você é melhor que ontem e antes de ontem e assim sucessivamente. É com os erros que nós aprendemos, e é com o esforço que damos de fato valor aquilo que temos. Agradeço aos meus pais por isso. Antes eu não entendia, o imediatismo tinha que acontecer, o esforço só me cansava, contudo, no fim, tudo valia a pena.

Sinto saudades.

De tudo.

De todo mundo.

Das pessoas que perdi, das que ainda estão comigo, daquelas que foram embora para nunca mais voltar, daquelas que por motivos que ainda não entendo deixaram de me amar, das pessoas que se mudaram e nunca telefonaram, daquelas que me mandam cartões de Natais todo o ano.

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