O Livro da Conquista

23. - Repair.

ALERTA DE CONTEÚDO SENSÍVEL

A partir do ponto de vista do Justin, terá conteúdo com um teor sensível, então por favor, se não se sentir confortável não leia. Depois do ponto de vista dele, continua o da Ash e você conseguirá entender. Mas caso aja alguma dúvida, pode perguntar que estarei à disposição!

ASH GREMORY

26 de novembro de 2021, terça-feira.

Eu fiquei estática, fitando a cena, tentando digeri-la. Mas não necessitava, tudo rolava freneticamente através do meu cérebro. Minha mão ainda descansava na maçaneta, enquanto o meu olhar passava de um para o outro. A senhora Bieber não parecia incomodada, embora não expressasse nada em seu rosto. Justin, por outro lado...

Eu o fito, ele me fita, eu não digo nada. O que eu poderia dizer?

Poderia perguntar: "Que porra é essa?", e então a senhora Bieber me diria algo que eu não quero escutar, ainda que eu saiba que eu preciso.

Eu me forço a falar, porque vejamos bem, Justin não falará, é claro. Ele nunca falou. Nunca sequer... Seu rosto está branco, até seus lábios perderam a cor, como se todo o ar do ambiente tivesse sido sugado. Talvez tenha, porque sinto minhas roupas parecem pegajosas sobre o meu corpo.

— O que está acontecendo aqui? — Faço uma pergunta estúpida, mas que me daria uma resposta coerente. Eu sei que ela está nua, eu sei que ele está seminu. Quero saber o porquê, e porquê com ela. Justin não diz nada, a senhora Bieber solta uma risada sarcástica, tão carregada de dó que me arrepia até os ossos. — Você vai me explicar ou vai deixar eu pensar o que quiser?

Porque só tem duas respostas aqui, e não gosto de nenhuma delas.

— Não é o que parece — ele disse, a voz arrastada e falha, como se um nó tivesse se formado em sua garganta.

Isso automaticamente anula a opção que é uma traição? Eu espero que sim, eu penso, porque eu não sou do tipo de pessoa que é traída e leva numa boa. Traição é só uma vez.

— Eu posso explicar

É claro que ele pode.

E ele vai. Poderia começar a falar agora.

Mas então ele diz:

— Mas não agora, eu preciso que vá embora.

Eu sinto que fico mais parada do que estou. Não sou capaz de expressar muita coisa além de confusão. Ele está me mandando embora, ao invés de mandar que sua madrasta se vista e caía fora? A segunda opção me parece de fato uma opção agora.

— Eu não estou te entendendo — Justin gira roboticamente seus pés contra o assoalho, me encarando totalmente agora. Vejo seus ombros enrijecidos, como se o peso do mundo estivesse caindo sobre suas costas.

— Quero que você vá embora, agora.

Por um momento, por um momento muito estranho, tive medo que ele fosse chorar, por isso, consenti para o seu pedido.

Me sinto anestesiada.

Acho que quero sair daqui.

E então digo: