29. - Loose ends.

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SEXTA-FEIRA, LAS VEGAS,

3 ANOS DEPOIS

ASH GREMORY

— Meu Deus! Eu nem acredito nisso — Reagan sussurrou bêbada ao meu lado. Bebi meu copinho de tequila, fazendo uma careta.

— Qual parte?

— Que a Dawn se casou antes de mim.

Eu faço uma careta.

— A irmã é minha e você que está chateada?

— Eu sinto que estou ficando para trás. Estou ficando velha.

Temos a mesma idade, e eu não me sinto velha.

— Além disso, Mildred e Andie já eram — eu dou tapas reconfortantes em suas costas, observando as ditas há alguns metros de nós, dançando.

Mildred está grávida e se casou há um ano e meio, Andie está noiva de Kelsi. Elas não estão perdidas, mas entendi o significado.

— E você fugiu para Perth para ver cangurus e me deixou sozinha!

— Sinto muito — sussurro. — Mas estou aqui agora.

Reagan desata a chorar, então não digo mais nada. Não adianta discutir com pessoas embriagadas.

Após algum tempo, ela decide que vai tentar sua sorte em uma máquina do cassino, o que eu concordo, embora eu não tente fazer a mesma coisa.

Olhei ao redor do lugar, contemplando os caça-níquéis e as luzes néon que estão me dando dor de cabeça. De todos os lugares do mundo do qual pensei que Dawn poderia se casar, Las Vegas não seria uma delas. Mas fico feliz que ela pelo menos tenha mandado um convite online uma semana antes para dar tempo de eu sair de Perth. Para ser sincera, todo esse casamento está sendo tudo muito rápido e eu tenho quase certeza que ela está grávida, porque afinal, quem casa com vinte e dois anos?

Eu dou uma risada, é triste que agora que eu tenha que fazer suposições da minha irmã mais nova quando antigamente eu só precisava questioná-la. Crescemos, evoluímos eu acho. Mas vídeos pelo Skype não foram tão reconfortantes quanto pensei que fosse ser. Senti mais saudade de Los Angeles do que poderia me imaginar, mas morar na Austrália com uma estranha foi um castigo autoimposto. Eu precisava fazer isso, e por mais difícil que foi, eu sobrevivi. Terminei a faculdade há alguns meses, e posso dizer que minha vida profissional está exatamente do jeito que queria. Eu tenho um contrato assinado, e vou morar em Nova York, eu esperava contar tudo isso em uma grande reunião em família, mas já que Dawn disse que se casaria em alguns dias e era para todo mundo se preparar para ir para Las Vegas, eu deixei a notícia por baixo. Mas tudo bem, eu sabia que ainda teria uma longa conversa sobre nisso, pois não é como se meus pais tivessem aceitado que eu mudasse de país e faculdade no meio do ano numa boa. Ainda que tivéssemos conversado naquela época, foi tudo tão complicado. Minha vida estava uma bagunça na época, mas não sei porque estou pensando nisso agora, é um momento feliz, minha irmã mais nova está casada, porém, a verdade é que voltar aos Estados Unidos traz uma série de sentimentos e eu estava mais ansiosa para estar aqui que em qualquer outro lugar, contudo foi em vão. E penso que foi melhor assim.

Peguei um papel que Dawn disponibilizou para o que poderíamos fazer no hotel/cassino, contudo, por mais excitante que a piscina aquecida seja, eu tenho um pouco de ressalvas por estarmos em um hotel, por isso procuro por outra opção. A sala de pôquer não é uma opção — não sei jogar —, tem spa, mas não quero agora. Por fim, decido que quero comer.

Assim que encontro a sala onde o buffet está liberado, ataco a mesma, enchendo um pratinho com guloseimas. Enfio alguns canapês na boca e procuro um lugar para me esconder, pois, também não estou a fim de responder nenhuma pergunta de parentes depois de não aparecer para a festa de Natal dos últimos três anos. Sento em uma mesa com uma toalha rosa com babados, contemplando o silêncio e o vazio, todo mundo está ocupado perdendo dinheiro ou bebendo, afinal, viva la vida.

O Livro da ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora