Quando a realidade desmoronar, você estará comigo?

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— Você não acha que estou bonita demais para um simples baile? — perguntei rindo, virando-me para o espelho e colocando minhas luvas.

— Essa é a ideia, my lady. — Marye respondeu rindo, em seguida pegando a escova e começando a me pentear. — Muitas pessoas importantes estarão lá. E é seu dever como dama e como noiva do conde Tokudaiji ser a pessoa mais bela e encantadora do baile...

— Não exagere Marye. Você sabe muito bem como sou conhecida pelos outros nobres — resmunguei

— Vai dar tudo certo, my lady. Não precisa se preocupar. É só ser você mesma... — Marye sorriu.

— Irei. — Virei-me para Marye, rodopiando e sorrindo — Como estou?

— Muito mais que bonita que a senhorita Jonesy, com toda a certeza.

— Eu não perguntei isso... — falei baixinho, fazendo um biquinho. — Mas obrigada mesmo assim.

Eu sorri, enquanto saia do quarto e ia para as escadas. Assim que cheguei ao hall, vi Sebastian segurando uma pequena caixinha cor de rosa. Ele estava vestido com um terno preto e uma máscara da mesma cor com alguns detalhes vermelhos. Ele sorriu e, assim que me aproximei, abriu a caixa, revelando uma belíssima máscara com rendas pretas e brilhantes.

— My lady me permite? — Ele perguntou, retirando a máscara da caixa e se aproximando mais.

–H-hai... –eu permiti, sem graça. Toda vez que ficava muito perto dele isso acontecia...

Senti seus dedos frios tocarem meu rosto enquanto ele colocava a máscara em mim. Um arrepio percorreu minha espinha e senti meu rosto corar. Sebastian raramente me tocava, principalmente pelo fato de não precisar e não ser “certo”, então sempre que acontecia era como se eu estivesse lidando com outro Sebastian. Um que era capaz de fazer eu me render com um simples toque e fazia meu coração palpitar estranhamente.

Tão logo terminou de prender a máscara ele se afastou, levando todas aquelas sensações estranhas embora.

— err... — eu pigarreei, me recompondo — Vamos?

— A carruagem já está lá fora aguardando por você, my lady. — ele disse, estendendo a mão para mim.

Eu segurei a mão dele, ainda que contra a minha vontade, e o acompanhei até a carruagem, onde entrei e me sentei na ponta. Me encolhi, tentando evitar os olhares nada discretos de Sebastian, que se sentou à minha frente. Ainda sentia meu rosto corado, o que não facilitava em nada para manter minha máscara de indiferença.

Normalmente, eu não me importo com a presença do meu mordomo muito menos em ser acompanhada por ele em eventos. Mas me sentia meio estranha desde que ele me tocou minutos atrás. Não era normal meu coração se agitar tanto assim...

Olhei pela pequena janela ao meu lado, não que as árvores ou o céu estrelado me importassem, se eu mantivesse minha mente distraída conseguiria me recompor até chegarmos... Cerca de meia hora depois a carruagem se tornou mais lenta e parou em frente a uma mansão que deveria ser, no mínimo, duas vezes maior que a minha. Surpreendentemente meu plano funcionou.

Sebastian saiu da carruagem e me ajudou a sair também. Eu olhei para ele e respirei fundo, logo nós dois entramos.

Fiquei surpresa com o grande número de nobres que haviam ali. Já fazia tanto tempo que eu não vinha a um baile... Do nada senti dois braços apertarem-me pela cintura, automaticamente um arrepio percorreu minha espinha e eu me virei bruscamente para trás.

— Calma meu amor... Sou só eu. — Kyro riu, ele vestia um terno branco e uma máscara da mesma cor com detalhes vermelhos. — Pensei que você não vinha mais...

Devorar-te-ei: memórias póstumas de um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora